Os ensinamentos de Jesus Cristo quanto à fé e ao modo cristão de viver são a diretriz correta para a solução dos problemas familiares e sociais deste tempo. Uma educação com princípios e valores cristãos pode fazer a diferença na sociedade
Nos primeiros anos de vida, com os pais, a pessoa tem acesso à educação inicial, familiar. Aprende a interagir com o meio em que vive, e essa educação vai contribuir com parte dos seus valores por toda a vida. Em seguida, o indivíduo passa a receber a educação formal numa escola regular para aprender a “ler e escrever”. Ali é transmitido um ensino sequencial que vai contribuir para a composição dos seus valores profissionais, indispensáveis para o sustento e o futuro.
O conhecimento nessas duas escolas, a familiar e a regular, tem uma importância imensurável para a vida de uma civilização. O que uma pessoa é ou faz é reflexo do que aprendeu, seja em qual fase da vida for. No Brasil uma camada generosa da população não tem acesso a uma educação regular de qualidade e, infelizmente, familiar também não.
O país amarga o 58º lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) numa classificação de 65 nações, divulgado no início de dezembro.
Os indicadores sociais são cada vez mais surpreendentes e mostram o quanto temos que avançar para ter esperança de corrigir problemas como o que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou em recente pesquisa. Um total de 147 mil jovens, entre 15 e 29 anos, no Espírito Santo não trabalha nem estuda. Cerca de 70% deles são mulheres e mais da metade delas tem, pelo menos, um filho. Numa população de 874 mil jovens, 16,9% não possuem nenhuma atividade – isso representa um em cada seis jovens.
Dados alarmantes numa época em que o poder público tem ampliado a oferta de vagas em escolas e a economia brasileira registra o pleno emprego. O que fazer, então, com a geração “nem nem”?
Mas será ela nosso maior problema? Nem de longe. A instituição família está desmoronando. A união de dois seres com projetos de vida em comum, tendo filhos, criando-os num ambiente sadio e de amor, está cada vez mais difícil de ser encontrada. Altos índices de separação – metade dos casamentos no Estado terminam em divórcio; filhos divididos, abandonados; elevado consumo de drogas lícitas e ilícitas; depressão, suicídio. O retrato familiar da nossa sociedade é triste.
“Cada pesquisa que surge nos desanima mais. Nossa nação clama por mais eficiência na educação e também na propagação de valores como solidariedade, responsabilidade e amor ao próximo. As escolas também podem ajudar na mudança desse cenário. Além de oferecer o ensino regular, ela pode ser mais próxima da realidade do aluno, e as famílias devem se envolver mais na formação dos seus filhos”, disse a educadora Aline Trugilho, que trabalha na rede de ensino da Prefeitura de Vila Velha.
A professora pontua que o poder público precisa destinar mais recursos para melhoria da educação. “A escola tem sofrido com falta de dinheiro para ajudar o educador a incrementar as aulas e atrair mais os alunos. Vivemos a era da novidade, as crianças, os adolescentes e jovens querem tecnologia multimídia e socializar – esse é o mundo deles fora da escola. Se os professores tiverem mais recursos pedagógicos, usando a criatividade no ensino, a sociedade sai ganhando porque terá jovens mais interessados e educados para a profissão e para a vida”, falou.
A sociedade atual busca uma saída. Nessa hora, os ensinamentos de Jesus Cristo quanto à fé e ao modo cristão de viver são a diretriz correta para a solução dos problemas familiares e sociais desse tempo. Uma educação com princípios e valores cristãos pode fazer a diferença na sociedade, seja no dia a dia com os filhos, na igreja participando da Escola Bíblica ou na escola regular, aprendendo sobre valores e ética em disciplina de Filosofia ou Ensino Religioso.
Educação cristã para a vida
Criar os filhos sob a Palavra de Deus é uma lição que a pedagoga Danielly Cristinne Guerra da Silva aprendeu há mais de 20 anos. Mãe de Levi, de 4 anos, e Asafe, de 2, ela não abre mão de investir em literatura cristã para os pequenos e contar histórias bíblicas a eles diariamente.“A leitura é muito importante para o desenvolvimento da imaginação e da criatividade de uma criança e já que separo meus momentos com eles, aproveito para ensinar sobre a Palavra de Deus.
Eles estudam em livros didáticos, como qualquer criança, mas gosto de buscar literaturas que falem sobre a nossa relação com Deus, obediência, amor”, disse.Danielly, que é membro da Igreja Assembleia de Deus Bethel, em Santa Lúcia, Vitória, conta que os filhos pedem as histórias. “Nem preciso chamar, eles já vêm antes me pedindo a historinha. É maravilhoso ver como a Palavra de Deus pode ajudar na formação de um cidadão. Apenas cumpro o que a Bíblia orienta, quando diz ‘ensina o menino no caminho em que deve andar’. Acho que isso fará toda a diferença no caráter deles”.
Segundo o pastor Alberto Batista, líder da Assembleia de Deus Nova Unção, em Cristóvão Colombo, Vila Velha, nos tempos de hoje, “as famílias perderam os hábitos cristãos que nossos pais praticaram no passado, onde faziam a oração, o culto da família, conduziam os seus filhos no temor e aprendizado da Palavra de Deus. Precisamos resgatar isso. A nova geração tem vivido a era da tecnologia, da informatização. A internet tem ocupado o lugar espiritual, passa-se mais tempo na frente do computador do que diante da Bíblia orando e falando com Deus”.
O pastor lembra que muitos pais têm perdido o controle sobre seus filhos e deixando de ser orientadores e disciplinadores. “Um adolescente conta na rede social seu drama para uma multidão de ‘amigos’, mas não se abre para conversar com os pais. E os pais precisam se abrir para os filhos, serem amigos deles. Isso ajuda na construção do caráter das crianças, isso também é educar! Eles têm o desafio de aprender a linguagem jovial para se colocar à disposição dos filhos e ao mesmo, tempo ter pulso firme para ensiná-lo o que é correto”.
A educação cristã é fundamental para o crente adquirir conhecimento e se fortalecer na fé. Entretanto, muitas igrejas têm sofrido com a baixa frequência dos membros na Escola Bíblica. Estima-se que, em média, 30% dos membros participem.
Na Igreja Presbiteriana de Vila Velha, o líder Osmar Ponaht revela que sempre busca inovar nos temas de ensino para atrair os alunos. “Os estudos precisam ser voltados para a atualidade que despertem mais a curiosidade das pessoas. A participação na Escola Bíblica é fundamental para o cristão. É um espaço dinâmico, aberto com muita interação. Na escola o crente pode esclarecer dúvidas, diferentemente de um sermão, que ele ouve e vai pra casa”.
Aprender sobre Jesus e Seus ensinamentos tem feito a diferença na família de Alessandro da Cruz Viana e Flávia. Pais de Tiago, 10 anos, Vitor e Pedro, 7 e 6 anos, respectivamente, o casal não abre mão de levar os filhos para participar da Escola Bíblica na Primeira Igreja Batista de Vila Velha. “Repito o exemplo dos meus pais, que me ensinaram a importância de aprender sobre a Palavra de Deus. O cristão deve ter alegria em crescer na fé e no conhecimento. A Escola Bíblica é o ambiente ideal”, disse o pai.
Alessandro lembra que a educação dos filhos, em primeiro lugar, é responsabilidade dos pais e o que eles aprendem hoje fará a diferença no futuro deles. “Quando eles forem adultos, tiverem que tomar as decisões da vida em qualquer área, o ensinamento de Cristo será marcante e os ajudará a serem pessoas de bem, produtivas e tementes a Deus”.
Valores na escola
Dados mais recentes do IBGE relaram que os cristãos são 86,8% do Brasil – católicos 64,6% e evangélicos 22,2% (Censo 2010). Com essa marca, não é complicado para a maioria das pessoas conviverem com um ensino baseado em diretrizes religiosas. Entretanto, o país é laico, ou seja, tem como princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião (Constituição, artigo 5º).
Respeitando esse fundamento, algumas escolas regulares não confessionais trabalham os valores morais e éticos em atividades pedagógicas regularmente. É o caso do Colégio Castro Alves, em Itapoã, Vila Velha. De acordo com Wagna Campos Teixeira, coordenadora pedagógica, todos os dias, antes de as turmas entrarem em sala de aula, os alunos ouvem um ensinamento baseado em fatos da atualidade. “Reforçamos a importância de exercitar o bom comportamento a partir de experiências do dia a dia. As temáticas variam, como trânsito, violência, maus-tratos, meio ambiente etc. É assim há 21 anos”.
No Colégio Americano Doctum, na Praia da Costa, Vila Velha, a diretora Juliana Mattar informou que é adotado o ensino da Filosofia e da Escola da Inteligência de Augusto Cury – baseadas nos princípios da inteligência emocional. “O método é muito funcional. Ajuda a melhorar a aprendizagem, apoia no desenvolvimento da autoestima e do caráter dos alunos e diminui o bullying e a violência. Aqui trabalhamos com a família e com isso conseguimos ajudar muitas delas. Quando falamos sobre hábitos dos pais brilhantes despertamos a importância do exemplo, de estimular os filhos a aprender”.
O conhecido Ensino Religioso sofreu grandes transformações ao longo do tempo. Hoje discute-se até mesmo o nome da disciplina, que se baseia no ensino das religiões que existem na humanidade. A disciplina é mais praticada no ensino público estadual e municipal.
A subsecretária estadual de Educação, Vanessa Zavarezze Secchin, informou que o Ensino Religioso é obrigatório para o ensino fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
uma vez por semana. A rede conta com 292 professores especialistas nesse ensino. Segundo a subsecretária, o conteúdo é baseado na compreensão religiosa nos eixos de cultura e tradições, teologia e textos sagrados e foi construído pelo Conselho de Ensino Religioso do Espírito Santo (Coneres).
“Vale lembrar que nessa aula o aluno aprende sobre a diversidade religiosa, baseando-se no princípio de Estado laico, focando no bem-estar da vida humana e o respeito mútuo, levando-o a refletir sobre ética e valores fundamentais para uma vida harmoniosa”.
A Rede Adventista de Ensino declarou entender que o estudante é um ser integral, dotado das capacidades físicas, cognitivas, emocionais, sociais, espirituais e que, como tal, deve ser atendido em todas essas dimensões no seu processo educacional. Com essa compreensão, a rede busca proporcionar em seu programa de educação todas as informações necessárias para que o estudante se desenvolva plenamente. O aluno é estimulado a restabelecer e desenvolver amizade com Deus, por meio das aulas de Ensino Bíblico. Essa é uma prática em todas as séries, desde a educação infantil até o superior.
O pastor Alberto Batista considera importante o Ensino Religioso nas escolas. “Em tempos de violência e degradação familiar, a escola deve ser um espaço para a construção do indivíduo. É a chance de ensinar princípios esquecidos em nossa sociedade e ajudar na formação de caráter de jovens e adolescentes. Como conhecemos a Palavra, sabemos que a saída para nossa sociedade é Deus. Praticar o principal mandamento ‘amar a Deus e ao próximo como a si mesmo’ é o que nossa sociedade precisa urgentemente. E como Igreja temos que trabalhar diariamente para ajudar nossas comunidades a enfrentar os desafios sociais que vivemos. É nosso dever como imitadores de Cristo”, conclui.
A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita