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sábado, 20 abril 2024

Jesus, o profeta da gentileza

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Lidice Meyer. Foto: Divulgação

Pequenos gestos mas que podem trazer grandes mudanças na vida de alguém e que, se praticados por todos, podem transformar o mundo

Lidice Meyer Pinto Ribeiro

Gentileza é uma dessas palavras que têm caído em desuso tanto no discurso como nas atitudes. Segundo o dicionário Aurélio, significa “ato de ser gentil, ação nobre ou distinta, amabilidade, favores”. São pequenas atitudes como um sorriso, um cumprimento, um favor, disposição para ouvir mais e criticar menos, jogar o lixo no lugar certo, dentre outras. Pequenos gestos mas que podem trazer grandes mudanças na vida de alguém e que, se praticados por todos, podem transformar o mundo. No Rio de Janeiro, entre os anos 60 e 80, viveu um personagem que se tornou folclórico. Seu nome era José Daltrino, mas ficou conhecido como o “Profeta Gentileza”. Vestido de uma bata branca com vários adereços coloridos era visto distribuindo flores e pregando sua famosa frase: “Gentileza gera gentileza”. Eternizou muitos de seus pensamentos escrevendo-os em murais decorados em verde e amarelo nas pilastras do viaduto que liga o Caju à Rodoviária. Após sua morte, as pilastras foram pintadas de cinza o que causou um protesto da população que exigiu a reconstituição das pinturas e gerou o movimento “Rio com Gentileza”. Apesar de sua confusão mental, José Daltrino tinha uma certeza que escrevia sempre: Deus é a fonte da gentileza.

Em toda a sua vida Jesus foi exemplo de gentileza. Desde o primeiro milagre ao se dispor a ajudar um casal com problemas (Jo 2.7). Sorria com ternura para as crianças (Mc 10.16) e para os desvalorizados sociais (Lc 5.12; Lc 7.27; Lc 10.12; 17.14; Jo 8.10). Dispunha-se a ouvir as tristezas dos enlutados (Jo 11.21), dos pais aflitos (Lc 8.41; Lc 9.38), das mulheres desprezadas (Jo 4.9). Foi capaz de se desviar de seu caminho para consolar a viúva de Naim (Lc 7.13) e curar o cego de Jericó (Lc 18.40). Interrompeu uma pregação no meio para alimentar a multidão faminta (Lc 9.11-17) e para curar um paralítico trazido por amigos (Lc 5.19). Sentou-se à mesa com os publicanos Levi (Lc 5.29) e Zaqueu (Lc 19.5), com o leproso Simão (Mt 26.6) e com mulheres como Marta e Maria (Jo 12.2-3). Atendia gentilmente tanto pobres como ricos como um centurião (Lc 7.6), ou idosos como o judeu Nicodemos (Jo 3.1-2) e o jovem rico (Mc 10.21). Entre seus doze amigos mais próximos estavam homens de todas as classes sociais e posicionamentos políticos. Mesmo na triste noite de sua prisão, traído por um amigo e defendido pela espada por outro, Jesus teve compaixão de um servo ferido, curando-o gentilmente (Lc 22.47-51). Um de seus últimos ensinos foi: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos; se tiverdes gentileza (amor) uns aos outros” (Jo 13.35). Jesus tinha sempre uma palavra de ânimo e de carinho para seus seguidores como para aqueles que só o encontraram uma única vez. Com sua gentileza, Jesus impactou a vida de todos os que o conheceram mudando suas vidas (Mt 27.54).

Nos dias de hoje, de tanta correria e preocupações temos muito a aprender com Jesus, o verdadeiro profeta da gentileza de Deus. A vida de Jesus nos convida a um olhar mais atento às multidões ao nosso redor, onde pessoas carecem de um sorriso, um gesto, uma palavra de consolo ou de ânimo. Simples gentilezas que podem mudar o dia ou a vida de alguém. Se os escritos de José Daltrino mobilizaram uma cidade para um projeto social de gentileza, o que nós cristãos causaremos se simplesmente agirmos para com nosso próximo como Jesus faria em nosso lugar?

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Lidice Meyer Pinto Ribeiro é doutora em Antropologia, Docente na Universidade Lusófona em Lisboa.

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