29.9 C
Vitória
quinta-feira, 18 abril 2024

Jaime Kemp destaca o poder do perdão

Jaime Kemp

Formado pelo Western Seminary, em Portland, Oregon, e pela Universidade Biola, na Califórnia, seu estado natal e onde recebeu o doutorado em Ministério da Família por essa instituição, Jaime Kemp veio para o Brasil em 1967, já casado com Judith, como missionário. Aqui, iniciou um grande trabalho de orientação à juventude brasileira, fundando a Missão Vencedores por Cristo, na qual formava diferentes grupos de jovens, de diversas igrejas evangélicas. Eles recebiam treinamento musical, estudos bíblicos e testemunhavam sua fé. Em 1998, o norte-americano fundou, oficialmente, a Associação Lar Cristão.

Escreve artigos em jornais e revistas e é autor de mais de 50 títulos. Como conselheiro familiar e conjugal, tem, pessoalmente e também por meio de seus livros, orientado a muitos. Nesta entrevista à Comunhão, Jaime Kemp falou sobre as diversas questões que envolvem a família.

A família sempre ocupa um lugar central nos planos de Deus. Existe uma fórmula para constituir um lar “saudável”? Como?
Há algumas coisas, como a Palavra de Deus dentro do lar, que é tremendamente importante. O pai deve ser um sacerdote espiritual, instruindo a sua família nos princípios da Palavra de Deus. E não somente instruindo, mas vivendo aquilo que ele está pregando. Deve, num certo sentido, discipular seus próprios filhos. O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que ele precisa compartilhar a Palavra de Deus, abrir um diálogo sobre Deus. É necessário que a Palavra de Deus não seja somente ensinada, mas também vivida. Estamos vivendo dias terríveis, em que a mídia está bombardeando a família, em que internet e as redes sociais estão impactando os jovens. Então, é preciso ficar atento às coisas que estão atacando as famílias, pois isso atrapalha.

Como preparar um filho para amar e servir a Deus?
Nós temos de ser modelos! Se o pai é corrupto, o filho provavelmente também será corrupto. Se ele é desonesto, o filho provavelmente será desonesto. Com isso, o filho vai perceber se o pai dá valor à Palavra de Deus. Se o pai ama a sua esposa, certamente o filho vai também saber lidar futuramente com a sua esposa. Então, isso tudo tem muito a ver com o modelo dentro do lar. E, às vezes, infelizmente nos lares brasileiros não há modelo, não há exemplos. A gente vai para a igreja, a gente ouvi a Palavra de Deus, a gente vai para a Escola Dominical. Nós sabemos muitas coisas, mas não vivemos essas coisas. Também creio no poder da oração, por isso é importante ensinar um filho a orar, além de orar por ele todos os dias. A presença do pai e da mãe na vida de um filho é importante.

- Continua após a publicidade -

O senhor disse num artigo que fica angustiado por se deparar com tantos casais em crise. A que o senhor atribui essa situação?
Há uma porção de filosofias sobre o que está bombardeando a família. Por exemplo, o humanismo tira Deus do trono e coloca o homem no trono dEle. Agora, é o próprio homem quem manda em sua vida e não mais Deus. Na prática, se eu não gosto mais da minha esposa, então eu vou trocá-la por outra. Isso porque o homem está no trono… Deus fala na Sua Palavra sobre a questão do divórcio, sobre a questão de rejeitar o cônjuge e não cuidar dele. Mas, agora que o homem está no centro do mundo, sentado no trono, se a esposa não supriras suas necessidades, ele a troca por outra.

Além disso, tem o hedonismo, em que o prazer é o ponto final. As famílias, em vez de estarem na igreja, estão na praia. Há muitas coisas que trazem prazer, mas que são desvios para a disciplina da fé cristã, que envolve a Palavra de Deus, a oração, a comunhão, a confissão. Nós estamos substituindo tudo isso por um momento de prazer. Não sou contra os momentos de prazer em família, mas isso está muito exagerado.

Há também o materialismo, em que o dinheiro é tudo. A obsessão pelo dinheiro faz com que os casais trabalhem mais, o que acaba sacrificando os filhos. Os pais precisam trabalhar, ok, mas Jesus fala sobre isso, que a vida não consiste na  abundância e nos bens materiais que  homem pode possuir.

Depois, aparece o relativismo, que é quando não há nada certo, tudo é relativo, depende do ponto de vista do outro. A Palavra de Deus é a nossa rocha! Há outras, mas essas filosofias estão bombardeando o homem como sacerdote espiritual do lar. Estão impactando também a Igreja. Então, é importante voltar com a Palavra de Deus, pois ela é nossa rocha para estudar, meditar e seguir seriamente. É preciso levar Deus a sério.

Como distribuir a graça de Deus nos lares cristãos?
Em Pedro1:4-10, o apóstolo diz que somos os dispenseiros da graça de Deus. E dispenseiro é aquele que sai distribuindo. Então, como é que eu posso distribuir a graça para minha esposa? Se ela vacilar, pecar contra mim, eu devo perdoá-la. Essa é a maneira de distribuir a graça. Penso que a graça vem à família em forma de perdão. Às vezes, nós, pais, comunicamos a falta de graça, pois temos a tendência de dizer: “Papai não vai te amar se você fizer isso…” Não devemos falar assim. Devemos falar: “Papai vai sempre te amar, independentemente do que você faz porque você é meu filho”. A maior forma de distribuir a graça em nossos lares é pedir perdão ao outro. Se eu erro, eu peço perdão, e mesmo não merecendo, eu recebo o perdão. A Palavra diz que somos salvos pela graça mediante a fé. Isso é um dom de Deus.

Atualmente, há um novo modelo de família, com casais homoafetivos criando filhos. O que o senhor acha disso?
Paulo, em Romanos, capítulo 1, é muito claro sobre a questão do homossexualismo, de que nós somos criaturas heterossexuais e que as relações devem ser entre homens e mulheres, dentro do matrimônio. Deus nos criou heterossexuais e não homossexuais. Essa questão de homossexualismo é muito antiga. No Velho Testamento, Deus deu ordens para Israel sobre a questão do homem não ter relação com outro homem, Deus foi muito claro sobre isso. E a família, conforme os princípios de Deus, é formada por marido, mulher e filhos, isso desde o início. Nos últimos 50 anos, o homem, na sua perversão, no seu pensamento, deixou para trás a lei de Deus e inventou essa questão de relação homossexual. Então, o que eu acho está na Palavra, que tem resistido por séculos e séculos… Por outro lado, os evangélicos precisam aprender a amar essas pessoas. Atualmente, a Rede Globo está mostrando novelas com esse assunto, com homens beijando homens. Isso é terrível para os nossos filhos. Na minha casa, essa novela foi proibida. Por quê? Porque tudo o que passa nessa novela os pais não querem ensinar para o seu filho. E se você me pergunta: “Por que isso cresce no Brasil?”.

Eu respondo, porque há a ausência do homem. O menino cresce – às vezes, no meio de irmãs, da mãe e da tia, pois o pai está ausente, às vezes trabalhando ou até mesmo já com outra família – com carência de ter um homem amoroso e carinhoso em sua vida, um homem que abrace, que leve o filho para pescar ou para um jogo de futebol, um homem que converse com o filho e que procure responder às suas indagações. Então, uma das principais razões sociológicas do crescimento do homossexualismo é a falta da presença do homem. Muitas vezes, em seminários, meninos me pedem um abraço. E por que eles pedem isso? Porque eles estão carentes, pois o pai está em casa, mas está tão ocupado com outras coisas que não dá atenção aos seus filhos. A figura paterna é extremamente importante para instruir, para amar, para ensinar.

O senhor escreveu: “Liderar uma família atualmente, em meio ao caos reinante no que se refere a conceitos, valores, caráter e comportamento, é como dirigir uma pequena patrulha em território inimigo, ocupado por soldados bem treinados e armados, com a agravante de ser um campo infestado de minas mortais”. Diante disso, como liderar uma família?
Quando eu escrevi essa situação dos pais com seus filhos, enfrentando um campo de guerra, com a possibilidade de saírem machucados, feridos, eu volto a dizer que o homem tem que ser um sacerdote em sua casa. Ele precisa discipular seu filho, instruir e dialogar sobre os perigos da vida sexual, da prostituição, das drogas, da desobediência, sobre a maneira de como tratar sua professora, seu chefe. Quer dizer, o pai precisa estar orientando. E o que falta nos nossos lares é um homem que tenha tempo para orientar seus filhos para que eles saibam qual é o caminho certo e enfrentar as dificuldades.

A família tem sofrido muito atualmente. O compromisso de uns para com os outros termina quando o interesse de cada um acaba? Como mudar esse cenário?
Atualmente, cada um tem sua vida, não se preocupa com a intimidade, com a mutualidade no Corpo de Cristo. Pensar e agir em favor dos outros é o mutualismo, que deve acontecer com a família. Outro dia, cheguei a um lugar onde iria dar um seminário e vi um rapaz cuidando de uma moça. Pensei que fossem namorados. Quando perguntei e ele disse que ela era sua irmã, quase chorei de felicidade. Na família tem que ser assim, o marido precisa cuidar da esposa, e a esposa, do marido, e os pais, dos filhos. Somos uma família! E o que está acontecendo hoje é que as pessoas estão egoístas. A família deve ser dedicada e consagrada. Nós precisamos criar isso desde pequenos, mas os pais não têm feito isso. Nós somos responsáveis por todos aqueles que estão morando conosco.

Os pais estão fisicamente, psicologicamente e moralmente ausentes, por vários motivos. Por quê?
Os primeiros seis anos de uma criança são os anos de desenvolvimento da personalidade e do temperamento dela. É extremamente importante ter a mãe dentro de casa durante esses anos. Às vezes, a mulher precisa trabalhar porque o dinheiro do homem não é suficiente. Especialmente entre as famílias de baixa renda, os dois precisam trabalhar para sobreviver… Porém, há muitos que veem que o vizinho tem um carro novo, uma televisão nova, e pensam: “Se minha esposa trabalhar, também terei condições de ter um carro e uma televisão novos”. Assim, sacrificam os filhos para ter uma condição econômica maior. O desejo de ganhar mais não é errado, mas eles estão sacrificando sua família, seus filhos.

A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

 

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -