Pesquisa divulgada esta semana revela que pastores, pregadores e cantores gospel têm investido mais em assuntos motivacionais.
Por Cristiano Stefenoni
Com milhares de seguidores nas redes sociais, alguns pastores, pregadores e cantores gospel têm atraído cada vez mais seguidores por meio de mensagens com conteúdos motivacionais. Também conhecidos como “coaches evangélicos”, eles não apenas falam sobre Jesus, mas focam seus temas em superação e autoconhecimento, e ainda há os que vendem seus conteúdos.
Uma pesquisa divulgada esta semana, denominada Radar Evangélico e realizada pela consultoria Nosotros, mapeou os 44 maiores influenciadores evangélicos do Brasil. Entre os assuntos mais postados por eles estão: devocionais (45%), conteúdo motivacional (30%) e análise política (25%).
Os pesquisadores usaram um método chamado Análise de Redes Sociais (ARS), que combina Matemática, Sociologia e Ciência de Dados. A partir dos resultados, eles analisaram o que existe em comum entre os religiosos de cada grupo, ou seja, os temas que prevalecem entre eles.
“Os dados dos principais influenciadores evangélicos alimentam um programa que mapeia as conexões entre eles e os grupos nos quais as pessoas estão interligadas. O que se percebe é uma especialização no assunto motivacional, ou seja, deixar de lado a questão teológica para adotar temas sobre metas e melhora financeira”, explica o antropólogo Juliano Spyer, coordenador do estudo e fundador da Nosotros.
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Entre os nomes dos influenciadores evangélicos mais comentados pelo estudo está o de Deive Leonardo, autor do livro Colocando a Vida em Ordem (Editora Vida). Com mais de 14 milhões de seguidores em suas redes sociais, ele propõe um caminho para o leitor organizar a sua vida em apenas 31 dias.
Seu conteúdo é baseado, principalmente, em temas como ansiedade, controle de emoções e processos de tomada de decisões.
Além dele, a pesquisa da Nosotros identificou outros evangélicos que fazem sucesso nas redes sociais como as cantoras Gabriela Rocha e Priscilla Alcântara, Silas Malafaia, Edir Macedo, Marco Feliciano e a pastora Eyshila, que tem 4,4 milhões de seguidores.
Cuidados com a intenção e a teologia
De acordo com o pastor Paulo Eduardo, da Primeira Igreja Batista de São Paulo, o problema não está no fato de o pastor ser coach, mas sim nas intenções que ele tem por trás dessa atividade.
“Ser um pastor coach, por si só, não é problema. A Bíblia apresenta vários princípios e valores que, se os seguirmos, tornaremos a vida melhor. O problema está na intenção, se é de virar celebridade, ficar rico e famoso, daí a intenção não é mais legítima”, justifica Eduardo.
O pastor ressalta que ele conhece vários pastores que também são coaches, mas que são consagrados e dedicados a Deus. “São verdadeiros coaches seguidores fiéis de Jesus e que têm ajudado muita gente a se posicionar melhor na vida por meio da Bíblia”, afirma o pastor.
Segundo ele, o risco para a vida espiritual acontece quando os ensinamentos oferecidos pelo coach evangélico reduzem a teologia bíblica, deixando de fora questões fundamentais como a necessidade do arrependimento e a mudança de vida.
“Pregações motivacionais podem sim usar questões relacionadas às emoções, mas não podem ficar só nisso. É preciso que haja um conteúdo consistente de confrontação, de vida, de fé, ou seja, jamais abandonar o núcleo do Evangelho que é seguir a Jesus, se arrepender, confessar os pecados e crer no Espírito Santo”, finaliza.
Com informações da BBC News Brasil