No país, em áreas sob controle da Junta Militar, a liberdade religiosa dos cristãos está cada vez mais ameaçada
Por Patricia Scott
Em Mianmar, a repressão ao cristianismo continua intensificando-se, especialmente em meio à guerra civil entre o exército e as milícias rebeldes. O país ocupa o 17º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024, divulgada pela Missão Portas Abertas, que aponta as nações mais perigosas para os cristãos.
A organização missionária informa que Mianmar lidera a lista de países com o maior número de igrejas fechadas. Um cristão, que preferiu não ser identificado por questões de segurança, contou que, no mês passado, sua comunidade instalou uma cruz – um símbolo de sua fé – para identificar sua igreja. No entanto, a polícia chegou exigindo a remoção do símbolo. “Nós oramos antes de colocá-la, então nos recusamos a retirá-la. Pedimos que a polícia a removesse”, afirmou.
Embora a igreja tenha uma licença das autoridades para funcionar, agora será obrigada a enviar relatórios periódicos com os horários dos cultos e os nomes dos membros às autoridades locais. Em áreas sob controle da Junta Militar, a liberdade religiosa dos cristãos está cada vez mais ameaçada.
Desde a tomada de poder pelos militares em fevereiro de 2021, Mianmar tem sido governado sob um regime budista-nacionalista, o que tem resultando na prisão de pastores, destruição de igrejas e vigilância constante sobre os cristãos. Recentemente, a Junta impôs novas restrições às igrejas em Sittwe, capital do estado de Rakhine. A polícia proibiu os templos de exibirem cruzes e agora as igrejas precisam solicitar permissão prévia das autoridades locais para realizar cultos, além de enviar uma lista de participantes.
A situação tem gerado crescente preocupação entre as comunidades cristãs locais. Um morador de Sittwe relatou que, em junho, cinco pastores foram detidos pelo Exército Arakan em Kyauktaw. “As comunidades cristãs estão cada vez mais preocupadas com sua capacidade de adorar livremente”, afirmou.
A repressão se intensificou também após um ataque aéreo em janeiro deste ano, que destruiu uma igreja em Kanan, um vilarejo próximo à cidade de Sagaing. Segundo a Portas Abertas, pelo menos 17 pessoas morreram no ataque, incluindo nove crianças. Destas, 11 eram cristãs. Com informações International Christian Concern