Locais de culto estão aderindo a seguranças, inclusive armados, e treinando membros para que consigam responder a situações emergenciais
Por Patricia Scott
Em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, igrejas, sinagogas e outros locais de culto vêm adotando medidas rigorosas de segurança diante de um cenário alarmante: o aumento de ataques violentos contra templos religiosos. De acordo com a agência AP News, a escalada de incidentes tem levado líderes religiosos e comunidades inteiras a reavaliar o que significa cultuar com segurança.
Embora milhões de pessoas ao redor do mundo ainda se reúnam semanalmente em paz para expressar sua fé, esse senso de tranquilidade não é mais garantido para todos.
Casos recentes como o tiroteio ocorrido em 29 de setembro na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em Grand Blanc Township, nos EUA — onde quatro pessoas foram mortas —, e o atentado contra a sinagoga da Congregação Hebraica de Heaton, na Inglaterra, em 2 de outubro — que vitimou dois fiéis por um homem ligado ao Estado Islâmico —, geraram ondas de insegurança entre os frequentadores de templos religiosos.
“Existe um medo real”, afirmou o bispo anglicano Toby Howarth ao falar sobre o sentimento predominante entre fiéis britânicos. “As pessoas precisam sentir-se seguras ao entrar em um local de culto.”
Templos transformados
Na Alemanha, o temor por novos ataques levou à instalação de barreiras e presença constante de policiais armados em sinagogas. Nos Estados Unidos, comunidades judaicas e cristãs estão adotando estratégias variadas de proteção, como o uso de câmeras de vigilância, controle de entrada com credenciais e treinamentos de resposta a emergências.
Na região de Pittsburgh, sinagogas agora orientam os membros a manterem celulares por perto aos sábados — dia em que, tradicionalmente, os judeus ortodoxos evitam o uso de eletrônicos — como medida preventiva.
“Falar sobre segurança pode gerar medo. Mas ensinar como agir em caso de emergência empodera as pessoas a viverem com mais confiança”, declarou Eric Kroll, da Federação Judaica da Grande Pittsburgh.
A Bispa Bonnie Perry, da Diocese Episcopal de Michigan, também adotou treinamentos em suas congregações, focados em vigilância ativa e protocolos de resposta rápida, sem deixar de lado os valores do acolhimento cristão.
“Nossas igrejas são casas de oração para todos, não fortalezas. Mas amar o próximo também inclui estar preparado para protegê-lo”, disse Perry em carta pastoral.
Acolhimento e proteção
Para igrejas como a Metropolitan African Methodist Episcopal Church (AME), histórica congregação negra de Washington (EUA), o aumento da segurança também trouxe dilemas. Guardas armados e a presença ostensiva de policiais durante os cultos alteram a atmosfera espiritual, segundo membros da comunidade.
“É difícil adorar quando há policiais no templo porque alguém entrou e causou suspeita. Isso muda tudo”, contou Harris, membro da AME.
Ele ressalta o desafio que muitas igrejas enfrentam: equilibrar uma postura acolhedora com a necessidade de manter protocolos de segurança rigorosos.
Armas na igreja?
Enquanto algumas igrejas nos Estados Unidos passaram a encorajar que fiéis frequentem os cultos armados, outras, como a própria Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, proibiram expressamente o porte de armas em seus templos.
Líderes religiosos e representantes de organizações civis vêm pressionando o Congresso americano a ampliar o acesso ao Programa de Subsídios de Segurança para Organizações Sem Fins Lucrativos, que fornece recursos para reforço de segurança e treinamento em locais religiosos.
Ataques a igrejas
Dados recentes do Family Research Council apontam que o número de ataques a igrejas nos Estados Unidos quadruplicou nos últimos quatro anos. Apenas em 2024, foram registrados 415 incidentes, incluindo vandalismo, ameaças, atentados com armas e incêndios criminosos.
Esse cenário tem transformado as igrejas — que antes eram refúgios de paz — em espaços onde a vigilância e a cautela se tornam parte da rotina. E levanta uma questão cada vez mais urgente: é possível proteger sem perder a essência do acolhimento?
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