“As pessoas prosseguirão na fé e, não importa se são novas ou velhas, a igreja permanecerá. Ela crescerá e continuará vivendo suas convicções cristãs”
Por Patricia Scott
A invasão russa no território ucraniano parece unir mais as duas vertentes ortodoxas com toda a igreja de Cristo na Ucrânia. As Declarações das Igrejas Ortodoxas Russa e Ucraniana condenaram a invasão. A Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Católica Romana disseram a mesma coisa. Os batistas pediram oração. Nenhuma comunidades cristã apoia a ação do presidente Vladimir Putin.
No entanto, ainda não há um acordo oficial das igrejas com relação a como os cristãos ucranianos devem reagir à invasão. Os cidadãos comuns estão pegando armas e coquetéis Molotov. No entanto, como deve ser a postura dos cristãos? Segundo o pastor Victor Punin, que atua na capital ucraniana, Kiev, a maioria dos cristãos que conhece está evitando qualquer confronto violento. “Eu diria que a maioria deles não gostaria de pegar uma arma ou matar outros. Eles prefeririam deixar a Ucrânia”.
Já Alan Hall, que foi presidente de desenvolvimento internacional da Portas Abertas na época da Cortina de Ferro, ressalta a necessidade urgente de oração para que os cristãos da Ucrânia ouçam a voz do Senhor. “Que eles recebam direção e sabedoria nessa situação e permaneçam firmes, espalhando o evangelho apesar de tudo que está acontecendo ao redor deles”.
Alan ressalta também que, apesar de a igreja ter se livrado da perseguição soviética em 1990, o compromisso apaixonado com o Evangelho não foi apagado pela relativa facilidade das décadas seguintes. “As pessoas prosseguirão na fé e, não importa se são novas ou velhas, a igreja permanecerá. Ela crescerá e continuará vivendo suas convicções cristãs”.
A Igreja Ortodoxa
A Igreja Ortodoxa tem uma forte presença na Ucrânia e na Rússia. No entanto, é importante entender que a grande diferença entre a situação atual na Ucrânia e nos dias da ocupação soviética, é que a Rússia não é um estado ateísta. Na realidade, o presidente russo, Vladimir Putin, com o objetivo de afirmar seu nacionalismo, tem se aproximado da Igreja Ortodoxa Russa nos últimos anos.
Com frequência, os líderes da Igreja Ortodoxa desaprovam a presença de outras denominações, incluindo batistas e católicos romanos, em algumas localidades. Isto porque eles consideram a região como deles por direito. Na Ucrânia, há ainda sentimento de desconforto, tendo em vista que a Igreja Ortodoxa Russa está presente no país há mais de mil anos.
A Igreja Ortodoxa Ucraniana está presente há aproximadamente 500 anos no país. Em 2018, ela foi oficialmente reconhecida pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla como uma igreja ortodoxa legítima em seu próprio direito, finalmente cortando laços com o patriarcado de Moscou. A relação entre as duas vertentes do cristianismo ortodoxo não é cordial. Alan Hall, que foi presidente de desenvolvimento internacional da Portas Abertas na época da Cortina de Ferro, ressalta: “Posso dizer que na minha experiência durante aqueles anos, não havia amor entre as Igrejas Ortodoxas Russa e Ucraniana”.
Essa rivalidade, de acordo com um analista da perseguição da Portas Abertas, pode causar problemas. Ele diz que se a Ucrânia entrar no domínio russo novamente, a Igreja Ortodoxa Ucraniana estará sob pressão para se unir a Moscou. No entanto, o especialista não acredita que a Igreja Ortodoxa Russa mantenha a mesma influência atualmente na Rússia como nos dias czaristas. Os 70 anos de comunismo ateísta eliminaram muito da antiga influência que a Igreja Ortodoxa Russa mantinha sobre órgãos estatais. Além disso, Putin nunca a reconheceu como igreja oficial do Estado.
