Templo, que é considerado um dos mais antigos do país, se tornou Patrimônio da Humanidade.
Nagasaki (Japão) – A Igreja Oura, em Nagasaki, se tornou Patrimônio da Humanidade em 2018 e é o símbolo do renascimento do cristianismo no Japão. O local é parada obrigatória para quem quer conhecer a história dos “cristãos ocultos”.
Considerada uma das mais antigas do Japão, a Oura faz parte dos 12 locais dos cristãos escondidos reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Nagasaki e na região de Amakusa.
A igreja foi construída em 1864 pelo missionário francês Bernard-Thadée Petitjean, pouco depois de o porto de Nagasaki ser reaberto junto com as fronteiras do Japão mais de dois séculos de isolamento depois.
Com o veto que tinha sido imposto ao cristianismo no país em 1614 e a presunção de que a comunidade cristã japonesa tinha desaparecido após a brutal perseguição sofrida no século 17, o templo se voltou aos fiéis estrangeiros que moravam na cidade.
Menos de um mês depois da inauguração, algo surpreendente aconteceu. Em 17 de março de 1865, um grupo de camponeses de Urakami foi à igreja e disse que sempre fingiu professar a fé local. Esse acontecimento, batizado de “A descoberta dos cristãos escondidos”, foi imortalizada em um mural que hoje decora o jardim da igreja.
A revelação, liderada por Isabelina Yuri Sugimoto, fez com que as autoridades japonesas retomassem a repressão contra os cristãos até que críticas internacionais conseguiram a suspensão da proibição em 1873.
Com a reintrodução do cristianismo no Japão, alguns Kakure Kirishitan – descendentes dos católicos que se esconderam durante a Rebelião de Shimabara, em 1637 e 1638 – voltaram a se reunir na igreja, apesar de ainda hoje os cristãos serem menos de 1% da população.
Séculos de ocultação e isolamento, no entanto, transformaram a religião em um culto totalmente diferente. Prova disso são algumas das relíquias expostas no Museu e Monumento dos Vinte e Seis Mártires, que fica ao lado da igreja.
“As pessoas que mantiveram a fé comemoraram quando a proibição ao cristianismo foi retirada e agora estão novamente felizes com a designação desses espaços como patrimônio. Isso significa dar valor ao que elas guardaram”, disse Minako Uchijima, pesquisadora do museu à Agência EFE.
*Com informações da Agência EFE