Após dois dias de votação, a Igreja Cristã Reformada aprova uma lista a ser inclusa no “Credo da Igreja” sobre o que a denominação chama de imoralidade sexual
Por Victor Rodrigues
A Igreja Reformada Cristã, uma pequena denominação evangélica de igrejas dos EUA e do Canadá, votou nessa quarta-feira (15) em seu sínodo anual para elevar ao status de ‘Confissão de Fé’ da organização religiosa à oposição a homossexualidade.
Por 123 votos à 53 o pleito aconteceu na Universidade Calvino em Grand Rapids, Michigan, EUA e encerra um processo iniciado em 2016. Na ocasião, o sínodo votou para formar um comitê de estudos para trazer um relatório sobre a “teologia bíblica” da sexualidade.
Após dois dias de debate, a votação aprova uma lista do que a denominação chama de imoralidade sexual e que não tolerará: “adultério, sexo pré-matrimonial, sexo extraconjugal, poliamor, pornografia e sexo homossexual”.
“A igreja deve alertar seus membros de que aqueles que se recusam a se arrepender desses pecados — bem como de idolatria, ganância e outros pecados desse tipo — não herdarão o reino de Deus”, diz o relatório.
“Deve disciplinar aqueles que se recusam a se arrepender de tais pecados pelo bem de suas almas”, completa.
Ponto de tensão
Por outro lado, algumas lideranças presentes no sínodo, alertaram que a aprovação do “Relatório de Sexualidade” alienaria as pessoas LGBTQ, bem como as gerações mais jovens de membros da igreja que têm uma compreensão diferente da sexualidade.
“Esta moção prejudica as pessoas LGBTQ, prejudica o testemunho da igreja e nomeando isso como confissão terá consequências desastrosas para as pessoas e instituições”, disse um delegado ao sínodo que votou contra a moção.
A votação também terá profundas consequências para a universidade principal da igreja, Calvino. Em dezembro de 2021, um terço da faculdade assinou uma carta expressando preocupações sobre o “Relatório de Sexualidade” e alguns agora devem sair.
Universidade Calvino
Após a votação, os professores da Universidade Calvino, devem assinar um documento dizendo que se alinham com os credos históricos e confissões da Igreja Reformada Cristã.
De acordo com a professora de história da universidade, Kristin Kobes Du Mez, “muitas pessoas estão se preparando para sair”.
A universidade é conhecida no maior mundo do ensino superior cristão por sua abordagem solidária e pastoral aos estudantes LGBTQ. A princípio, a instituição de ensino permite que um grupo de estudantes, a Aliança de Sexualidade e Gênero, funcione no campus e no ano letivo de 2020-21 a universidade não desafiou um presidente do corpo estudantil que é abertamente gay.
A denominação de 204.664 membros com raízes na Igreja Reformada Holandesa dos Países Baixos sempre ensinou que o sexo é reservado para um homem e uma mulher em casamento.
Projetos de Lei
O movimento do sínodo este ano vem em meio a uma reação crescente aos ganhos LGBTQ em todo o país. Dezenas de projetos de lei foram introduzidos por legisladores estaduais republicanos para restringir discussões em sala de aula e acesso a livros sobre a comunidade LGBTQ e bloquear a assistência médica à estudantes transgêneros.
Embora as denominações cristãs liberais têm ordenado pessoas LGBTQ nos últimos 20 anos, denominações conservadoras têm resistido a essa acomodação.
*Com informações de The Christianity Today