O jejum de smartphones em uma igreja americana trouxe frutos inesperados e um novo ritmo de vida
Por Patrícia Esteves
Já pensou em propor para seus amigos da igreja ou membros da sua família um jejum de smartphones? O uso excessivo de celulares e redes sociais tem sido apontado como uma das principais causas de diversos problemas sociais, como distúrbios de saúde mental em jovens, aumento da polarização política e da solidão. As consequências do consumo desenfreado de tecnologia não podem mais ser ignoradas. Pensando nisso, uma igreja nos Estados Unidos decidiu fazer um jejum digital, afastando-se dos smartphones e reconectando-se entre si e com Deus. O resultado, segundo o pastor responsável, foi surpreendente, levando a uma reflexão sobre o impacto da tecnologia em nossas vidas.
O pastor Darren Whitehead, da Igreja City de Nashville, no Tennessee, liderou a iniciativa em suas congregações após perceber que o uso excessivo de dispositivos estava prejudicando a capacidade de seus membros se conectarem com Deus, com os outros e até consigo mesmos. “As pessoas estavam tendo dificuldades para se conectar profundamente com Deus, com os outros e até consigo mesmas, à medida que a tecnologia monopolizava cada vez mais sua atenção”, afirmou Whitehead.
O ponto de partida para o jejum foi um comentário simples de suas filhas, que desejavam que ele usasse menos o celular. Para Whitehead, isso foi um alerta. “Foi meio que um alerta para mim, e como pastor, eu estava sentindo que esses dispositivos se infiltraram em nossas vidas”, contou. A reflexão gerou um movimento que, ao invés de ser apenas uma prática de autodisciplina, se transformou em uma jornada espiritual coletiva, onde todos puderam vivenciar um processo de renovação e liberdade.

Ao longo do jejum, os participantes se comprometeram a remover todos os aplicativos de seus celulares, mantendo apenas as funcionalidades essenciais, como chamadas e mensagens. “Muitos redescobriram hobbies, reacenderam relacionamentos e se engajaram em orações e meditações mais profundas”, afirmou Whitehead. As famílias começaram a ter refeições mais significativas juntas, e pequenos grupos se sentiram mais unidos durante os encontros. O jejum proporcionou, segundo o pastor, uma maior capacidade de discernir sobre o que era essencial em suas vidas, incluindo o uso de tecnologia.
Esse movimento gerou um impacto que foi além da Igreja de Nashville. Whitehead revelou que “centenas” de igrejas nos Estados Unidos, com mais de “100.000” membros, já se inscreveram para participar do Jejum Digital em 2025. Outras igrejas também estão convidadas a aderir durante janeiro ou na época da Quaresma. O programa tem uma versão paga que oferece materiais de apoio, como sermões e aplicativos para monitoramento do uso digital.
Whitehead também compartilhou algumas dicas para um jejum digital bem-sucedido. Uma delas foi comprar um despertador, para evitar que o celular seja a primeira coisa que olhamos ao acordar. Além disso, o pastor sugere evitar a TV e aproveitar o tempo livre para se conectar com amigos e se dedicar à leitura espiritual. Para ele, o Jejum Digital foi “sobre recuperar a sacralidade da presença e da atenção“, e não apenas sobre a tecnologia. “Foi uma peregrinação espiritual moderna pela selva da era digital. E para a Igreja da Cidade, foi uma jornada que valeu a pena — uma jornada que nos levou não para longe da vida, mas para sua expressão mais plena”, concluiu. Com informações de Christian Today