Igrejas investem no envolvimento dos mais velhos, fortalecendo a fé, promovendo inclusão intergeracional e abrindo caminho para novos convertidos
Por Patrícia Esteves
As igrejas estão descobrindo novas formas de envolver e valorizar os mais velhos, fortalecendo o convívio intergeracional e ampliando o alcance do evangelho. Muitas vezes subestimado, esse grupo pode ser essencial para o crescimento da igreja. Pesquisas recentes indicam que o envolvimento ativo dos idosos não apenas fortalece a comunidade cristã, mas também pode atrair novos convertidos.
No Reino Unido e na Irlanda, igrejas que participaram de uma pesquisa da Faith in Later Life têm visto um impacto significativo ao investir no ministério com idosos. Atividades como almoços comunitários, encontros para estudo bíblico, sessões de canto, cafés e até mesmo atendimento especializado, como visitas de podólogos, têm criado um ambiente de acolhimento e fortalecimento da fé pelo convívio.
Esse impacto vai além das igrejas. Muitos grupos levam o evangelho para casas de repouso, proporcionando momentos de comunhão e despertando memórias de fé em idosos, mesmo aqueles que enfrentam desafios como a demência.
Fé que inspira todas as gerações
Mas os idosos não são apenas beneficiários dessas ações. Eles também são protagonistas na construção de uma igreja forte e acolhedora. Uma idosa mencionada na pesquisa foi fundamental para a criação de um culto mensal em um abrigo, além de sediar um grupo de estudo bíblico e organizar encontros de artesanato que atraíram novos participantes para as atividades da igreja.
De acordo com a instituição Faith in Later Life, que realizou a pesquisa, igrejas que investem nesse ministério relatam um aumento na inclusão etária, maior reconhecimento das necessidades espirituais dos mais velhos e um fortalecimento das conexões entre gerações.
“Há algo muito poderoso em ministrar àqueles que são muito idosos e na experiência de acompanhar alguém até o fim da vida”, explicou Alexandra Drew, diretora executiva da Faith in Later Life.
O crescimento da igreja pode começar pelos mais velhos
Os números apontam que mais de 60 grupos de estudo bíblico e cultos semanais foram registrados entre as igrejas participantes da pesquisa, além de visitas domiciliares e comunitárias que alcançam até 3.000 idosos por mês. No último ano, cerca de 150 pessoas foram conduzidas à fé por meio desses ministérios.
Enquanto muitas igrejas buscam estratégias para atrair jovens, líderes cristãos ressaltam que o ministério com idosos não pode ser negligenciado. “Uma igreja mais velha não é uma igreja decadente”, destacou um oficial do Exército da Salvação, reforçando a importância desse público para a vitalidade da comunidade cristã.
O convívio e a troca de experiências é mesmo o segredo para uma igreja mais unida, conforme explica o pastor Gílson Bifano, líder do Oikos, Ministério Cristão de Apoio à Família. “Os mais jovens farão bem se dedicarem tempo para ouvir histórias dos mais idosos. Sobre como era a sociedade deles, os meios de transporte, como os crentes se reuniam para adorar a Deus… Por outro lado, os mais idosos também ganham se tentarem compreender e descobrir a beleza da fé cristã vivida pelos jovens. A maneira como os jovens demonstram o amor para com Jesus talvez não seja entoando hinos do Cantor Cristão, mas com um rap”, reflete.
Ao integrar melhor os mais velhos na vida da igreja, tanto como participantes quanto como agentes ativos, a comunidade cristã se fortalece. Essa conexão intergeracional não apenas preserva a tradição e os valores cristãos, mas também abre caminho para novas conversões e um futuro sustentável para a fé.
Mais velhos podem ajudar igreja a crescer
Ao longo da história, a Igreja sempre enfrentou desafios ao comunicar o Evangelho de forma eficaz para cada geração. Enquanto a fidelidade às Escrituras é inegociável, a maneira como essa mensagem é expressa pode precisar de ajustes para alcançar corações e mentes em diferentes épocas. Muitas igrejas que resistiram a essa adaptação viram suas comunidades diminuírem, enquanto outras souberam equilibrar tradição e inovação, preservando a essência da fé sem perder a conexão com os jovens.
“A igreja deve ser um espaço em que todas as gerações sejam valorizadas. Cada geração tem sua forma de adorar a Deus, e nenhuma delas é errada. O desafio da igreja é alcançar a geração seguinte com a mesma mensagem pregada aos mais velhos, sem negociar ou alterar a essência da fé”, esclarece o pastor Gilson Bifano.
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