back to top
22.9 C
Vitória
domingo, 20 DE abril DE 2025

Geração Z escreve menos e pior: estudo revela impacto das telas

Resgatar o hábito da escrita manual pode ajudar a desenvolver a reflexão e a organização do pensamento - Foto: Freepik

A tendência de se comunicar com frases curtas nas redes sociais afetou a capacidade da Geração Z de estruturar parágrafos e desenvolver argumentos mais complexos

Por Patrícia Esteves

O avanço da tecnologia e o uso constante das mídias sociais estão impactando a habilidade de escrita da Geração Z, apontam professores. Nascidos na era digital, muitos jovens enfrentam dificuldades para escrever à mão, manter uma caligrafia legível e construir textos mais elaborados. Especialistas apontam que essa mudança está ligada ao uso crescente de teclados e telas desde a infância, o que reduz a prática da escrita tradicional.

Um estudo da Universidade de Stavanger, na Noruega, revelou que apenas um ano sem escrever à mão pode prejudicar significativamente a fluência caligráfica. Cerca de 40% dos estudantes pesquisados apresentaram dificuldades para escrever de forma legível e relataram fadiga ao usar papel e caneta.

- Publicidade -

A pesquisadora e professora de linguagens da Turquia, Nedret Kiliceri afirma que a caligrafia dos alunos está piorando porque falta treinamento e prática. “A escrita dos estudantes inclina-se para baixo ou para cima na página, e muitas vezes fica ilegível. Antes, os alunos usavam papel e caneta com mais frequência, mas agora interagem com telas desde cedo, o que prejudica sua caligrafia no ensino médio e na universidade”, explica.

Influência das redes sociais

Além da dificuldade com a caligrafia, muitos jovens também enfrentam problemas na construção de textos. A tendência de se comunicar com frases curtas nas redes sociais afetou sua capacidade de estruturar parágrafos e desenvolver argumentos mais complexos.

“A influência das redes sociais e a predominância de testes de múltipla escolha levaram os alunos a evitar frases longas. Muitos acreditam que juntar frases soltas já constitui um parágrafo, sem perceber a necessidade de conexão entre as ideias”, acrescenta Kiliceri.

Cadernos foram substituídos

Outro fator preocupante é que muitos estudantes simplesmente deixaram de usar canetas e cadernos. “Eles chegam às aulas sem canetas e fazem tudo pelo teclado. Isso faz parte de um fenômeno maior sobre como a tecnologia está remodelando a linguagem escrita”, afirma a professora.

Além da caligrafia comprometida, letras como “o” e “b” são frequentemente escritas de forma incorreta, demonstrando que o problema vai além da estética e afeta a alfabetização de forma mais ampla.

No Brasil, o filósofo e professor Robson Ribeiro aponta que desde o primeiro sistema de escrita, o cuneiforme – criado há cerca de 5.500 anos -, o processo evoluiu como um instrumento de preservação do conhecimento e expressão criativa. Para o especialista, a realidade atual apresenta, portanto, um paradoxo: enquanto a tecnologia amplia as possibilidades de comunicação, ela também molda um ambiente de relações efêmeras e imediatistas.

“Reservar tempo para a prática da escrita manual é essencial. Uma abordagem híbrida, que combine o uso de ferramentas digitais e práticas tradicionais, pode ajudar a manter o equilíbrio entre eficiência e profundidade na comunicação”, destaca.

O valor da escrita na vida cristã

A comunicação sempre teve papel importante na fé cristã. As Escrituras, preservadas ao longo dos séculos por meio da escrita manual, são um testemunho do valor desse recurso. O hábito de anotar reflexões bíblicas ou registrar orações pode ser uma forma prática de desenvolver tanto a espiritualidade quanto a habilidade de escrita. Procurar momentos para escrever cartas, diários ou simplesmente fazer anotações à mão é uma maneira de cultivar a reflexão e a organização do pensamento.

“Escrever ajuda a fixar ideias, traz clareza e permite que nos conectemos de forma mais profunda com nossos sentimentos e pensamentos”, afirma Ribeiro.

Para pais e educadores cristãos, o desafio é encontrar maneiras criativas de resgatar essas práticas e incentivá-las em casa e na igreja. Jogos que envolvam escrita, desafios de caligrafia e até o uso de devocionais que proponham registros escritos podem ajudar a desenvolver essa habilidade.

A tecnologia é uma ótima aliada, mas equilibrar seu uso com práticas tradicionais pode garantir que as próximas gerações não percam habilidades essenciais para a comunicação, o aprendizado e até mesmo a vida espiritual.

LEIA MAIS
Vereadores analisam PL que proíbe símbolos cristãos em eventos LGBTQIA+ Vereadores analisam PL que proíbe símbolos cristãos em eventos LGBTQIA+ - A proposta é de autoria do vereador Eder Borges (PL), que sugere que a restrição seja aplicada tanto em espaços públicos quanto privados.
Mais de 31 mil pessoas participam de cruzada evangelística na Bolívia Mais de 31 mil pessoas participam de cruzada evangelística na Bolívia - O evento contou com a participação do evangelista Will Graham, neto do renomado pregador Billy Graham, que pregou com base na história de Caim e…

Receba notícias no seu WhatsApp

Receba as novidades no seu e-mail

Acompanhe nosso canal no Google news

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -