Pastor ouvido pela Comunhão afirma que os fenômenos climáticos extremos têm relação com as profecias bíblicas, mas destaca que o momento exige reflexão e oração, não alarde
Por Cristiano Stefenoni
As imagens de um cone de trânsito derretendo por conta do calor no meio da rua em Santa Maria (RS), na última segunda-feira (10), é apenas um reflexo das altas temperaturas por que passa o Brasil desde o início do ano. As sensações térmicas que podem chegar a 70º em Porto Alegre (Climatempo) e a 62º no Rio de Janeiro (Alerta Rio) nos próximos dias têm levantado um questionamento entre o povo de Deus: seria esse algum indício do fim dos tempos?
Entre os textos bíblicos mais citados nas redes sociais para tentar justificar esse temor são Lucas 21:25-26: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações se verão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar. Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados”; e Apocalipse 16:8, 9: “O quarto anjo derramou a sua taça no sol, e foi dado poder ao sol para queimar os homens com fogo. Estes foram queimados pelo forte calor e amaldiçoaram o nome de Deus, que tem domínio sobre estas pragas; contudo se recusaram a se arrepender e a glorificá-lo”.

Outra alusão a essa forte onda de calor é atribuída a Isaías 30:26, onde o sol, supostamente no fim dos tempos, esquentaria “sete vezes mais”: “A lua será tão brilhante quanto o sol, e o sol será sete vezes mais claro, como a luz de sete dias completos! Isso vai acontecer quando o Senhor começar a curar as feridas que lhe causou”. Mas todo esse debate e comparações têm sentido? Ou são apenas especulações?
De acordo com o pastor-presidente da Primeira Igreja Batista (PIB) de São Paulo, Paulo Eduardo Gomes Vieira, os fenômenos climáticos desordenados e excessivos como temos visto atualmente têm, sim, relações com as profecias bíblicas. Ele explica que, apesar de haver necessidade de prudência para não se criar um “clima apocalíptico”, não se pode ignorar tantos fatos que têm acontecido em todo o mundo.
“É preciso que se tenha prudência em qualquer tentativa de se correlacionar eventos geopolíticos, catástrofes naturais, alterações climáticas com profecias bíblicas. Mas, sim, existem fatos indiscutivelmente correlacionados. Em Mateus 24, Jesus falou que se ouviria falar em guerras e que haveria terremotos. Nas últimas décadas, o número de terremotos aumentou significativamente, são dados científicos”, justifica.
Especificamente sobre as altas temperaturas, o pastor ressalta que, independentemente de profecias, as ações do ser humano têm contribuído para um clima desordenado. “O ser humano participa da vida, da história da humanidade. Nós não somos apenas plateia, mas participantes ativos. E o homem sempre causa estragos”, lamenta.
O pastor enfatiza ainda que os cristãos têm o dever de zelar do meio ambiente para evitar que o pior aconteça. “O cristão, sem dúvida alguma, tem responsabilidade. Deus criou todas as coisas, então, temos sim que preservar, participar disso”, justifica Vieria.
Além disso, assim como o povo de Deus no passado pedia a Deus para intervir no tempo – como Elias fez ao clamar por chuva após três anos de seca no reinado de Acabe (1Reis 18) e ela veio – da mesma forma hoje é necessário orar ao Senhor para que Ele intervenha no clima.
“Tenho experiências no centro de São Paulo. No ano passado, após 15 dias de chuvas ininterruptos, precisei que não chovesse por conta de um evento que nós faríamos ao ar livre, chamado ‘Natal das Luzes na Rua’. E naquele final de semana especificamente não choveu. Tenho absoluta convicção que Deus ouve as nossas orações nesse sentido”, conclui.

