A parlamentar é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. Na carta, Flordelis sustenta inocência
Por Patricia Scott
Está prevista para esta quarta-feira, 10, a votação, em plenário, na Câmara dos Deputados, do pedido de cassação do mandato da deputada federal Flordelis (PSD-RJ). No entanto, a parlamentar enviou uma carta aos colegas pedindo “uma chance”.
Flordelis é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. Ela acredita que os deputados “não irão ceder a esses apelos sensacionalistas da mídia”.
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Há meses, a cassação é dada como certa por muitos analistas políticos. Isto porque os parlamentares – muitos deles com problemas na Justiça – não querem ser associados a uma suspeita assassinato.
O relatório pedindo a cassação de Flordelis foi aprovado, há pouco mais de dois meses, por 16 votos a 1 no colegiado. Foram ouvidas testemunhas, além dos acusados de envolvimento no crime. “A depender do resultado do Conselho de Ética, este tende a ser o último dia da Flordelis na Câmara”, pontuou o jornalista Gustavo Maia, no Radar da revista Veja.
Pedido de ajuda
A deputada sustenta a inocência. A carta foi enviada, aos 512 deputados, na noite da última terça-feira, 10 de agosto. Flordelis pede “uma chance” para continuar se defendendo no processo da Justiça.
“Uma chance para que eu possa me defender de um processo injusto de homicídio do meu próprio marido. Uma chance para que eu possa cumprir o mandato que eu fui legitimamente eleita. Uma chance para que minha dignidade seja, um dia, restabelecida”, argumenta.
Na carta está o resumo da história de vida de Flordelis. Em uma tentativa de sensibilizar os parlamentares, ela pontua suas ações como evangelista e acolhedora de crianças e adolescentes que viviam nas ruas.
Flordelis ressalta ainda que se considera vítima de um tratamento parcial, pois teria sido “escrachada pela juíza, pelos promotores e pelos policiais”. “Tenho sofrido muito desde que perdi meu marido. Desde que o fato aconteceu, aos poucos, tenho recebido informações muito dolorosas sobre ele, sobre o que acontecia na minha casa, sobre minhas filhas e filhos”.
“Experiência terrível”
A deputada assegura que “tem sido terrível a experiência. Não posso julgar ninguém pelos fatos que aconteceram. Mas, a única certeza que tenho é que não matei, não mandei matar, não conspirei para a morte do meu marido”.
As “informações muito dolorosas sobre ele [Anderson]”, que Flordelis cita na carta, é uma alusão à revelação feita Simone. A filha biológica da deputada afirma que sofria assédio e estupros do padrasto, que supostamente ameaçava cortar a assistência financeira para seu tratamento contra o câncer se ela não cedesse às suas investidas sexuais.
Simone fez o relato quando esteve prestando esclarecimentos ao Conselho de Ética, na Câmara dos Deputados. Na ocasião, ela admitiu orquestrar e pagar para que Anderson do Carmo fosse assassinado.
Flordelis finaliza a carta informando os telefones de seus três advogados, para que os deputados interessados em esclarecer a situação sobre o processo possam entrar em contato: “Por favor, me ajudem a lutar contra uma grande injustiça. Deus abençoe cada uma e cada um de Vossas Excelências”.