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quinta-feira, 25 abril 2024

Filhos: entendendo os sinais da desobediência e da mentira

A criança desobedece porque não reconhece quais são os seus limites

Por Marisa Lobo

A relação entre pais e filhos é uma das coisas que mais demandam atenção na clínica psicológica, e os motivos não são poucos. Crianças não nascem com manual de instruções e para saber lidar com elas muitas vezes precisamos de ajuda, especialmente quando nos deparamos com a desobediência e a mentira.

Quando escrevi o livro “Limites: o caminho para o equilíbrio emocional dos seus filhos”, uma das minhas grandes motivações foi mostrar aos pais que a desobediência não surge do acaso. Ela é, também, fruto de uma sequência de eventos. Alguns deles não dependem de nós, mas a maioria sim.

Dito isso, quero fazer alguns apontamentos sobre este assunto, começando pela desobediência. Em primeiro lugar, devemos distinguir a diferença entre comportamento desobediente resultante da falta de autoridade dos pais/cuidadores, e a desobediência como um sinal pontual de autoafirmação e conhecimento.

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No primeiro caso, temos um comportamento que é construído a partir da ausência de limites impostos pelos pais. A criança desobedece porque não reconhece quais são os seus limites. Nesta situação, não podemos falar de uma fase, mas de um modelo comportamental que se instala desde os primeiros meses de vida da criança.

Ou seja, não é algo que “vai passar”, mas sim que vai permanecer e se agravar com o passar dos anos, caso nada seja feito para reverter esse processo de construção comportamental prejudicial.

Como a criança está em processo de amadurecimento e não compreende os “porquês” de cada coisa, esses limites são impostos basicamente pela rotina. Isto é, a hora de dormir e acordar, brincar, comer, passear, ouvir historinhas, etc. Essas coisas funcionam como modelos educativos básicos, os quais vão criando na mente dos pequenos uma série de referências comportamentais.

Conforme vai crescendo, a criança traz consigo o modelo comportamental que adquiriu anteriormente. Ou seja, ela sabe a hora de dormir, estudar, comer, brincar e etc. Consequentemente, o ensino dos valores morais também se torna mais fácil, porque os filhos educados dessa maneira se sentem mais seguros em relação aos pais.

E a mentira?

Muitos pais também se perguntam se é normal uma criança mentir. Em primeiro lugar, devemos deixar claro que toda criança aprende principalmente por imitação. Então, antes de qualquer coisa, a pergunta que devemos fazer é: estamos falando a verdade para os nossos filhos nas inúmeras situações do dia-a-dia?

Mentira é mentira, mesmo que considerada “inocente”. Se você é o tipo de pai ou mãe que pede a seu filho para dizer ao vizinho que não está em casa, mesmo estando, saiba que você é o responsável por ensinar a criança a mentir, e de forma maliciosa.

Por outro lado, quando a mentira não é praticada por imitação, ela pode se enquadrar em duas situações específicas: a primeira, por questões de ordem emocional. Neste caso, a criança pode mentir para os coleguinhas por se achar “inferior” a eles, querendo parecer mais forte, esperta e capaz. Os pais devem ficar atentos.

 Marisa Lobo é escritoria, psicóloga, teóloga, especialista em direitos humanos, pós graduada em saúde mental. Com 12 livros publicados, sobre família, infância, sexualidade e saúde mental.

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