Jesus é um presente que Deus nos deu. Eis o verdadeiro significado do Natal. Não podemos nos esquecer disso
Por Clovis Rosa Nery
“[…] vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lucas 2: 11)”.
As principais informações constantes deste artigo, especialmente aquelas atinentes aos contextos históricos e culturais foram, ora baseadas, ora condensadas da Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, de Russel Normam Champlin e João Marques Bentes (4. ed. São Paulo, Candeias, 1977).
A Bíblia não fala a respeito da data do aniversário de Jesus Cristo, ou até mesmo sobre eventuais comemorações entre os seus familiares. Ela enfatiza, sim, o ministério, a morte e a ressurreição de Cristo. A questão é óbvia: com a Sua vida, o nosso Mestre impactou o mundo, dividindo-o em antes e depois d’Ele. Com a morte e a ressurreição, consumou a redenção do homem, reconciliando consigo o mundo.
Teologicamente, penso que celebrar a morte e a ressurreição de Cristo seria mais coerente. Contudo, culturalmente é nosso costume celebrar nascimentos, não mortes. Os cristãos primitivos comemoravam a morte de Cristo na páscoa, e a ressurreição, no primeiro dia da semana ─ domingo.
Cristo foi crucificado numa sexta feira, e ressurgiu dos mortos no terceiro dia. Esse é o motivo pelo qual nós consagramos o domingo, integralmente, para servi-Lo.
Quanto à época de seu nascimento é bom lembrar que entre novembro e fevereiro, período do inverno naquela região, por causa do frio intenso, os pastores não mantêm seus rebanhos nos campos à noite. Acredita-se que o dia 25 de dezembro foi escolhido em Roma, no ano 336 d. C., especificamente pelo imperador Constantino, e imposta por Decreto Oficial, sob o argumento de que na data em que os romanos comemoravam o deus-sol, passariam a adorar a Luz do mundo, Jesus Cristo. Os cristãos orientais, a princípio, não aceitaram essa determinação, vindo a fazê-lo muitos anos depois. A Igreja Apostólica Armênia até nos dias de hoje, comemora o Natal em seis de janeiro.
A troca de presentes é uma prática oriunda da tradição, sob o argumento equivocado de que os magos deram presentes, e nós procedemos de igual forma. Não é bem assim. Eles adotaram a prática oriental da época, presenteando um rei, ao visitá-lo. Os magos não trocaram presentes entre si, como nós fazemos.
A Bíblia, também, nada diz sobre árvore de Natal. Essa ideia de árvore sagrada é tradição antiga. Para os babilônicos, um pinheiro; no Egito, uma palmeira; em Roma, o abeto, e entre os druidas, o carvalho. O Papai Noel surgiu de uma lenda, no século V, associada a São Nicolau, um religioso que dava presentes às crianças pobres no Natal.
Hoje em dia, na verdade, para a maioria das pessoas, o Natal é tempo de festas e de trocas de presentes, enquanto que o aniversariante fica esquecido. Seu nome raramente é lembrado, ou citado, em lojas, centros comerciais e shoppings. Com algumas exceções, quase sempre, é uma bela celebração sem homenagem a quem de direito.
Jesus é um presente que Deus nos deu. Eis o verdadeiro significado do Natal. Não podemos nos esquecer disso. Deveríamos viver em espírito de gratidão. A melhor maneira de fazê-lo seria entregando nossas vidas, sem restrição alguma, a Ele. Do mesmo modo que Ele dividiu a História, em antes e depois, Ele tem dividido a história de muitas pessoas que assim procedem, crendo n’Ele, ao aliviar o cansaço, a opressão e concedendo-lhes nova vida, e Vida Eterna.
Jesus nascendo na vida daqueles que n’Ele creem. Isso é Natal, um motivo de alegria na terra, e de festa no Céu.
Feliz Natal!
Clovis Rosa Nery. Psicólogo e escritor