Com milhares de casos registrados, Brasil enfrenta novo desafio de saúde pública
Por Patrícia Esteves
O Brasil vive um surto de febre Oropouche, uma doença transmitida pelo inseto conhecido como mosquito-pólvora ou maruim, que tem se espalhado rapidamente em várias regiões do país. Com sintomas semelhantes aos da dengue e outras arboviroses, a febre Oropouche já afetou milhares de pessoas este ano, despertando a atenção de autoridades de saúde e da população.
O Espírito Santo confirmou sua primeira morte pela doença, uma mulher de 61 anos, moradora de Fundão, que faleceu em 28 de agosto. Esse óbito soma-se a outros três registrados no país em 2024: dois na Bahia e um caso fetal em Pernambuco. O número total de casos confirmados já se aproxima de 11 mil, com maior concentração no Amazonas e no próprio Espírito Santo, ambos registrando pouco mais de 3 mil casos cada, seguidos de Rondônia, com 1.700 infectados.
A febre Oropouche é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificado pela primeira vez no Brasil na década de 1960. Após a picada do maruim, os sintomas surgem entre três e oito dias, incluindo febre alta, dores de cabeça, musculares e articulares, além de mal-estar generalizado. Esses sinais são frequentemente confundidos com os da dengue e de outras doenças tropicais.
No Brasil, a febre do Oropouche afetou cerca de 579 pessoas em 2023, segundo o Ministério da Saúde. Os casos foram registrados principalmente na Região Norte, com surtos em estados como Amazonas, Acre e Pará.
Para minimizar a propagação, o governo reforçou ações de vigilância e controle vetorial, além de orientar sobre medidas preventivas, como evitar acúmulo de água parada e usar repelentes. Como a febre do Oropouche é uma doença emergente, a notificação de casos suspeitos é obrigatória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
De acordo com especialistas, a melhor forma de combate à doença é a prevenção. Evitar a proliferação do mosquito-pólvora e adotar medidas como o uso de repelentes e roupas de proteção são essenciais. Nos primeiros sintomas, é fundamental buscar atendimento médico, pois o diagnóstico depende de avaliação clínica, laboratorial e epidemiológica. Atualmente, não há tratamento específico nem vacina disponível; o manejo da doença se concentra no alívio dos sintomas por meio de analgésicos e antitérmicos.
Com a intensificação dos casos, as autoridades de saúde reforçam a necessidade de vigilância constante e da participação ativa da população na prevenção. A disseminação rápida do vírus demonstra que o desafio é urgente e requer esforços conjuntos para evitar novas mortes e conter o avanço dessa ameaça à saúde pública. Com informações da Agência Brasil
Entenda a diferença entre surto, endemia e pandemia
Surto:
Definição: Aumento repentino e localizado de casos de uma doença em uma área específica, acima do esperado.
Exemplo: Um município registra dezenas de casos de febre Oropouche em poucas semanas.
Duração: Temporária e limitada.
Ação: Exige medidas imediatas para conter a disseminação.
Endemia:
Definição: Presença constante e habitual de uma doença em uma região específica, com número de casos previsível.
Exemplo: A malária é endêmica na região amazônica.
Duração: Longo prazo e esperada.
Ação: Requer controle contínuo e prevenção.
Pandemia:
Definição: Quando uma doença se espalha por vários países ou continentes, afetando um grande número de pessoas em escala global.
Exemplo: A COVID-19 foi declarada pandemia em 2020.
Duração: Pode durar meses ou anos.
Ação: Necessita de uma resposta global coordenada envolvendo governos, organizações internacionais e a sociedade.
Em resumo: O surto é um aumento localizado e temporário; a endemia é uma presença constante e esperada em uma área específica; e a pandemia é a disseminação global de uma doença.