28.8 C
Vitória
segunda-feira, 18 março 2024

Fome, suicídio e sem escolas, mas no Afeganistão mulher é o problema

Foto: Divulgação

A situação da mulher afegã e, consequentemente, da cristã afegã só piora no país em que o cristão é mais perseguido. Diante de tantas urgências no país, a mulher é considerada o problema.

Em decreto recente o Afeganistão decidiu exigir que todas as mulheres cubram o rosto ao sair em público. Uma parceira local da Portas Abertas disse: “Eles pedem o uso da burca porque é como um uniforme do Talibã. Apenas o lenço cobrindo a cabeça não é suficiente para eles porque ainda é possível ver o rosto”.

O Afeganistão sempre foi um país conservador, mesmo durante os 20 anos da intervenção dos Estados Unidos. Mas antes do Talibã, as mulheres precisavam apenas do lenço na cabeça para andar em público. Apenas em algumas áreas rurais as mulheres usavam a burca. Com o novo decreto, todos os direitos que as mulheres conquistaram no país retrocederam.

Mahbouba Seraj, proeminente jornalista e ativista afegã, destacou em entrevista à BBC vários problemas urgentes do país, como a falta de escolas, o desemprego, a fome, os suicídios de homens-bomba, entre outros. Mas “o país escolheu ir atrás das mulheres. As mulheres não são o problema”, diz ela.

Uma mulher que viveu os desafios do extremismo religioso afegão foi Saleha (pseudônimo). Ela e o marido eram membros do movimento pela esperança, que busca levar amor verdadeiro para o Afeganistão. Diferente da maioria, eles se casaram por amor. “Eu fui privilegiada porque amava o meu marido e era amada por ele. Ele não me agredia como os outros maridos da região. Até me ensinava a ler e escrever”.

- Continua após a publicidade -

Ao observá-los, a vila começou a suspeitar deles. “Eles viam nossa família como algo ruim, um comportamento pouco radical. Eles acreditavam que tínhamos abandonado a fé no islã e apoiávamos os planos do Ocidente.” Por causa disso, ficou muito perigoso continuar onde eles estavam. Mas antes que pudessem se mudar, o marido de Saleha sumiu. “Ele foi raptado e eu fui deixada sozinha, sem ninguém para cuidar de mim.” Alguns dos amigos próximos que confiavam na mesma esperança cuidaram dela.

Propósito de esperança

Saleha se mudou para outra cidade onde uma família cuidou dela como se fosse sua filha. Mas ela ainda acredita que o marido esteja vivo. “Eu o amo tanto que me recuso a acreditar que ele tenha morrido. Para mim, ele está vivo e sempre que ouço alguma notícia ou alguém batendo na porta, penso que pode ser ele.”

Depois de muita revolta pelo desaparecimento do marido e pelas dificuldades, Saleha entendeu quem estava com ela, protegendo sua vida e cuidando de cada necessidade. Ela lembrou do propósito dela e do marido para sua nação e que mesmo nos momentos mais difíceis ela não estava sozinha.

A partir de então, o sacrifício de perder o marido pareceu pequeno diante do maior sacrifício da história. Saleha aprendeu a ser parte da família que a acolheu. Agora ela vê as crianças como irmãs mais novas e ensina a palavra de Deus a elas. Saleha entendeu que ali era o seu lugar, que ela foi chamada para isso.

Como é a perseguição aos cristãos no Afeganistão?

O Afeganistão é o país número 1 da Lista Mundial da Perseguição 2022, que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.

É impossível viver abertamente como cristão no Afeganistão. Deixar o islamismo é considerado vergonhoso, e os cristãos ex-muçulmanos enfrentam terríveis consequências se a nova fé for descoberta. Eles têm que fugir do país ou serão mortos. Essa era a verdade antes da tomada do Talibã e a situação se tornou ainda mais perigosa para os cristãos este ano. O Talibã deixou claro que as leis e os hábitos islâmicos ultraconservadores estão implementados e serão mantidos. Cristãos ex-muçulmanos não têm nenhuma opção a não ser obedecê-los.

Se a nova fé de um cristão é descoberta, sua família, clã ou tribo tem que salvar sua honra renegando o cristão ou até mesmo o matando. Isso é amplamente considerado justo. Uma alternativa é internar à força em um hospital psiquiátrico um cristão que se converteu do islamismo, já que deixar o islamismo é considerado um sinal de insanidade.

Por Lilia Barros com informações da Portas Abertas

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -