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sábado, 20 abril 2024

Leonardo Gonçalves fala à Comunhão sobre pausa na carreira

Por Ivy Coutinho

Dono de uma página com mais de um milhão de seguidores no Facebook, intérprete da música-tema do sucesso nos cinemas “Você Acredita?”, convidado frequente para apresentações em igrejas e eventos e participações em programas de televisão. Nada disso  serviu de motivo para adiar a decisão de Leonardo Gonçalves em dar um tempo na sua carreira. O bom momento, aliás, pode até ser considerado um empurrão na resolução de parar.

Segundo o diretor artístico da Sony Music Gospel, Mauricio Soares, a escolha de Léo está sendo respeitada. “Será um tempo para ele descansar e pensar em novo repertório e novas referências. De qualquer forma, mesmo com a pausa, o público terá muitas novidades, pois ele fará uma turnê de despedida em 2016. Já em 2017, os admiradores terão o resultado do trabalho desenvolvido no ano anterior ”, explicou.

O cantor, de 36 anos, que está no meio musical desde os 15, divulgou a notícia em 1º de abril, durante uma live (transmissão ao vivo) no Facebook. Em entrevista exclusiva à Comunhão, Léo falou sobre as dificuldades de lidar com o excesso de exposição, o mercado da música cristã e os seus planos. Quando questionado sobre seu divórcio, preferiu não comentar o assunto.

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O que o levou à carreira musical?
Comecei a cantar com 15 anos no coral jovem do Instituto Adventista São Paulo (Iasp) e no grupo Tom de Vida. Tinha acabado de voltar a morar no Brasil (de onde saí quando tinha 2 anos e meio de idade) e fui estudar num colégio Adventista em regime de internato, que respirava música. Havia coral infantil, juvenil, de adolescentes e dois corais jovens com 120 membros cada um. Aos 16 anos, ainda sem nenhum trabalho solo, nem no coral e nem no Tom de Vida (ambos na época já gravavam discos), num momento de apelo durante uma semana de oração especial no colégio, fiz um trato com Deus, de que entraria por qualquer porta que Ele abrisse para mim na área da música, pois nada me dava mais prazer do que adorar ao Senhor e cantar na igreja. Assim, prometi que faria tudo apenas para Sua glória. Toda a experiência (já um pouco mais de um ano cantando no grupo e coral) tinha aprofundado muito meu relacionamento com Deus, mas fiz isso sem pensar em algo profissional. Acrescentei ainda que eu não bateria em nenhuma porta, e que não correria atrás de nada, que eu teria que verdadeiramente ter a convicção de que era Ele quem estava me guiando. Não sei se coincidentemente ou não, depois disso, as coisas começaram a acontecer muito vagarosamente. Ganhei um primeiro solo no grupo, que fez parte de um disco dois anos depois (“Sorriso da Alma”, 1998), mais um outro solo importante no coral no ano seguinte, até que no ano 2000 (quatro anos depois desta minha “conversa” com Deus) fui convidado pela gravadora Novo Tempo a fazer meu primeiro CD. Este álbum, “Poemas e Canções”, foi produzido por Williams Costa Jr. (meu tio), continha a música “Getsemani” e ficou pronto apenas em 2002. Mesmo depois do lançamento do trabalho as coisas continuaram acontecendo devagar.

Por que e quando decidiu dar um tempo na carreira?
Na verdade, inicialmente, o tempo na música era o que eu tinha considerado um tempo na minha carreira. O plano era dedicar dois anos da minha vida para isso e depois voltar ao meu plano inicial, à carreira acadêmica. Nunca imaginei que eu fosse durar tanto tempo na área da musical. Ao mesmo tempo, fui educado pelos meus pais – e toda a minha família vive desta maneira – a colocar a minha vida nas mãos de Deus. É Ele quem está no controle da minha vida. Vou aonde Ele quiser e faço o que Ele quiser. No caso deste tempo, não posso nem dizer que foi um direcionamento que recebi dEle, mas algo que eu pedi a Ele. E já faz tempo. Tenho sonhado com isso desde pelo menos 2013, mas o plano inicial era fazer isso depois de um ano de lançamento do DVD “Princípio”. Acabou atrasando mais um ano.

A exposição excessiva também contou na hora de sua decisão?
Não sei direito dizer se é a excessiva ou não. É muito complicado pôr em palavras. Não sei se é a exposição excessiva ou o tipo de exposição. A melhor maneira que tenho de tentar pôr em palavras é que de fato estou cansado. Completo 22 anos de estrada em 2016. Sei que tem cantores com muito mais anos de estrada e ainda com uma disposição incrível. E não é que estou sem disposição. Realmente não é fácil explicar.

O que levará à turnê de despedida, entre repertório, convidados, etc.?
A experiência do que foi a gravação do DVD em 2013, melhorada e aprofundada depois de mais três anos de estrada com estes músicos incríveis – Mucão Silva, Ocimar de Paula, Edgard Cabral e Samuel Silva – nas casas que, em cada cidade, mais nos dão condições de tentar reconstruir o que foram aqueles dois dias. Claro que estamos num ano de muita crise e de muita instabilidade, então não sei como o público vai reagir, mas é algo que eu sempre tive vontade de fazer e desde a gravação do DVD foi uma ideia que o Hugo Pessoa (diretor do DVD) achou que tinha de levar para a estrada. Registrar todo este material desta turnê também foi ideia do Hugo, mas ainda não sabemos o que vamos fazer com todo o material.

Já tem ideia de onde será a gravação do EP ao vivo/acústico?
Estamos estudando várias possibilidades. Mas na verdade será meu Sony Music Live. A ideia de transformar isso num EP já é minha (risos).

E esse plano de lançar um selo para jovens artistas evangélicos, como pensa nisso?
Quem me acompanha sabe que sempre gosto de divulgar coisas novas e interessantes. Mas eu compreendo que posso fazer mais do que isso. Tem coisas incrivelmente interessantes que para muita gente pode não parecer viável, mas no começo do meu trabalho também me falaram que eu não era viável. E eu sinceramente acho que o Brasil hoje está pronto para trabalhos tão profundos e teológicos quanto Os Arrais (isso já está provado), Estevão Queiroga, Gabriel Iglesias e Felipe Valente. O que eles cantam e as músicas que compõem são coisas que eu considero absolutamente revolucionárias. E creio que posso ajudar a viabilizar isto. Tenho isso quase como missão. Não tenho pretensão de me tornar um selo grande com muitos artistas de estilos variados. Procuro coisas únicas. Teológicas. Profundas. E gosto quando o próprio compositor canta e toca, porque é algo que eu não sei fazer – compor e tocar (risos).

Quais seus planos para 2017, já que em 2016 estará envolvido com turnê de despedida e com o EP?
Em 2017 quero descansar minha mente daquilo que tem a ocupado nos últimos 22 anos. Mas de maneira alguma penso em ficar parado. Hoje, penso em ir para Israel e desenvolver algum trabalho lá enquanto, paralelamente, estudo hebraico. Mas ainda não sei qual projeto é este. Talvez envolva música, mas a princípio eu gostaria até que não envolvesse. Mas estou aberto.

Vai morar fora? Onde? Por quê?
Sempre quis morar em Israel, desde que fui lá em 2006 (ainda na época de pesquisa para o CD em hebraico “Avinu Malkenu”). E sempre quis estudar hebraico também.

Acredita que volte a cantar?
Minha vida continua nas mãos de Deus. E quero estar disposto a fazer o que Ele quiser. Mas a questão não é de parar de cantar. Ela gira mais em torno de viver em função de um ministério da música ou carreira artística. Não tenho nenhuma revolta com o mercado, nenhuma mágoa com o público, nenhuma reclamação com as igrejas e muito menos com minha gravadora que sempre me apoiou, enxergou e potencializou o q há de melhor em mim, abrindo portas nunca antes imaginadas… Apenas sei que estou cansando e precisando descansar principalmente minha mente.

O que deseja para seu futuro?
Ter capacidade e condições de servir ao Eterno como Ele quiser que eu Lhe sirva. E que isso me traga mais paz.

 

Confira o clipe da musica Acredito

 

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