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sexta-feira, 19 abril 2024

Ester: mulher a frente do seu tempo

Ester: mulher a frente do seu tempo

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Segundo a Bíblia, nunca foi propósito de Deus criar a ideia de sexo frágil ou mesmo de superioridade masculina (Gn 2.18). Prova disso é que encontramos nas Escrituras Sagradas exemplos excepcionais de mulheres que fizeram toda uma diferença em épocas distintas, nas quais ainda não tinham voz ativa. Personagens destemidas, algumas foram juízas, outras fizeram parte da realeza, ou mesmo pessoas comuns que foram utilizadas para a obra de Deus. Reconhecimento da sociedade? Este veio somente quase dois mil anos depois da vinda de Cristo, quando se estabeleceu o Dia Internacional da Mulher, no dia 08 de março de 1975, sob uma justificativa baseada em versões que exaltavam a imagem de mulheres combativas, operárias e revolucionárias, que enalteceram a participação feminina na construção de uma sociedade menos injusta e mais igualitária.
Nesse contexto, vale a reflexão: como algumas das mulheres descritas na Bíblia conseguiram ser diferenciais em sua época? A resposta é a fé num Deus de providência, que cuida daqueles que são seus e tem nas mãos o princípio e o fim de qualquer história. Para se ter ideia de como Deus cuida daqueles que são seus, citamos Ester (Hadassah), uma judia muito bonita, consciente do valor de seu povo. Sua história ocorre entre 606-536 AC, mas é um exemplo bastante atual para todas as mulheres, e que em março poderá ser conferida nas TVs de todo o Brasil através da estréia de uma minissérie que contará a sua vida.
Ester tinha tudo para ser uma ‘coitadinha’ e acomodada, da perspectiva humana. Mas não é isto que descreve a Bíblia. De acordo com o pastor Eduardo Gomes, que é historiador, o tempo da rainha Ester situa-se no pós cativeiro babilônico, 103 anos após o Rei Nabucodonosor ter levado cativo os judeus (II Rs 25; Jr 8-11), como resultado da sua idolatria (Jr 25:5-10).
Após a morte de seus pais (Et 2:5-7), ela foi adotada por seu primo Mardoqueu, que a educou e ensinou a amar e valorizar o povo judeu. Mas os planos de Deus a conduziram ao posto máximo da monarquia, o de rainha, num momento em que os judeus eram exilados no império Persa. “Ester poderia desanimar-se em relação às promessas de Deus para sua vida; mas, os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias e correrão sem se cansar (Is 40:31). O Pai preparou as suas saídas”, destacou o pastor Eduardo.
A oportunidade de Ester para ser a heroína de seu povo surgiu face a uma crise política deflagrada pela recusa da rainha Vasti em atender aos desejos do Rei Assuero (Xerxes filho de Dario) (Et 1:4). O desacato resultou na destituição da rainha e os conselheiros reais indicaram que o rei deveria desposar outra mulher. Como resultado de uma seleção rigorosa, Ester foi aprovada para compor o harém real, na privilegiada condição privilegiada de rainha (Et 2:3-9).
Naquela época, Hamã, funcionário da corte, torna-se um homem de confiança de Assuero e consegue fazê-lo lançar um decreto para o extermínio dos judeus. Ester, sabendo que o seu povo poderia ser dizimado, realiza um jejum de três dias e depois, pondo em risco a própria vida, entra na presença do rei, intercedendo pelos judeus.
“Que é o que tens rainha Ester, ou qual é a sua petição? Até metade do reino se te dará!”, (Et 5:3). Então, respondeu Ester: “Se perante ti, ó rei, achei favor, e se bem parecer ao rei, dê-se-me por minha petição a minha vida, e, pelo meu desejo, a vida do meu povo” (Et. 7:3).
Ester se arrisca ainda mais e conversa com o esposo, conseguindo a oportunidade de explicar sobre a perseguição ao seu povo e denunciar Hamã que, por suas maldades, acaba sendo enforcado (Et. 7: 6-10). Ela teve apenas uma chance, e poderia ter morrido, pois naquela época morria aquele que não fosse convidado para estar na presença do rei.

Cuidado e amor de Deus

Ester se sobressai sobre as demais personagens da Bíblia, pois ela não era uma mulher qualquer. Ela era judia, escrava, órfã, serva e acaba sendo rainha de um povo que não conhecia. Além disso, era mulher numa sociedade onde mulher não tinha vez. Mas a história a coloca na condição de única esperança de Israel e ela se posicionou como uma líder, de uma maneira que muitos homens e mulheres, nos dias de hoje, se negariam a ser.
O pastor Basílio Figueiredo comenta que, embora o livro de Ester não cite o nome de Deus em nenhum momento, demonstra como Ele age em prol de Seu povo, revelando as Suas providências na vida de Seus filhos escolhidos.
“Através da vida de servos como Ester, Deus coloca em evidência outros servos fiéis, como Mardoqueu, seu primo. Ela foi sábia e edificou a sua casa. Sua ação não foi passiva ou acanhada, mas ativa, impetuosa, destemida, de não concordar com o pior! Ela deu o seu melhor e foi agraciada pelo rei, que a abençoou, atendendo ao propósito dela”, disse Basílio.
Segundo o pastor e teólogo Sidney Mendes, a palavra ‘serva’ assusta as mulheres nos dias de hoje, mas a expressão bíblica não é uma forma de desmerecimento. O próprio Jesus deu o maior exemplo de servo que a história humana já conheceu. “Uma esposa serva, não é, de forma alguma, uma mulher-escrava, mas sim uma pessoa útil e capaz, em casa, no trabalho, na igreja, na política e em todos os âmbitos da sociedade. Ester foi um exemplo de mulher, sábia o suficiente para contornar o modelo de gestão do lar na sociedade da qual fazia parte, e forte o suficiente como estadista para se comportar e se posicionar em defesa de seu povo”, aponta o pastor Sidney.

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Exemplo de superação

Ester leva a vislumbrar a soberania e o poder de Deus nos momentos mais críticos da vida. “Esta serva fez a diferença em seu tempo porque soube entregar todos os seus caminhos ao Senhor e lutar com coragem pela obra de Deus entre seu povo”, finalizou o pastor e historiador Eduardo Gomes.
No seu livro há muitas lições e um convite às mulheres de todas as épocas a sair do comodismo para marcar o seu espaço na História. A juíza Hermínia Azoury relata que não é fácil ter uma atitude como a de Ester mesmo nos dias de hoje, mas o livro indica a receita de sucesso desta grande mulher.
“Deus sabia por que estava levantando uma filha de Israel para ser rainha do grande império persa. Ester se manteve cautelosa, agiu sem ansiedade, com paciência e sabedoria. Estes atributos têm que fazer parte da mulher que faz a diferença”, comentou a juíza, citando o seu exemplo diante de um projeto que tem defendido a mulher das agressões domésticas.
Quando estava à frente da direção do Fórum da Serra, tive o privilégio de instalar cinco varas, numa comarca que conta com mais de 400 mil habitantes, ou seja, com um grande número de jurisdicionados. Dentre as varas instaladas, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, o primeiro do Estado do Espírito Santo, o segundo do Brasil. Não foi fácil. O nosso grande desafio foi vencer as barreiras recorrendo à sabedoria e a todos os recursos usados por Ester, assim também, o jejum e a oração”, esclareceu a juíza.
Em síntese, a história de Ester remete a situações que, aos olhos humanos, nunca poderiam ter acontecido – ela ser rainha do império persa e anular o decreto de morte sobre seu povo. O seu exemplo é atual e importante para que todas as mulheres enxerguem o seu verdadeiro valor e o seu papel na sociedade, aonde quer que esteja.

 

 

 

 

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