Parece que ninguém percebe que estamos caminhando “para trás”, ao quebrar nossos valores, estamos recuando para dentro do abismo existencial que acabamos de sair
Por José Ernesto Conti
Que os valores judaico-cristão estão cada dia mais jogados no lixo, isso ninguém mais duvida. Que a sociedade pós-moderna tem usado todas as forças para inverter, alterar, mistificar a cultura ocidental para que se chegue a conclusão de que é preciso destruir esses princípios e valores como forma de “sobrevivência” da humanidade, também não temos mais dúvidas. Mas a pergunta que ninguém faz é: após destruir a cultura judaico-cristã, o que será colocado no lugar?
A sanha destruidora tem impedido nossa sociedade de ver que o “rei está nu”, ou em outras palavras, o que se pretende colocar no lugar não passa de um retrocesso da civilização. Levamos 2.000 anos para chegar aonde estamos e nossa geração está lutando com garra, para destruir completamente o “foguete” que nos trouxe até aqui, querendo colocar no lugar do foguete, uma charrete puxada a cavalos.
Uma coisa que me chama a atenção é que tivemos, ao longo de toda a história, mudanças e ajustes que nos permitiram chegar ao séc. 21. Todas essas mudanças foram frutos de muitos neurônios gastos em tentar fazer algo melhor, de forma que, por mais dolorosa que tenha sido a mudança, a humanidade percebeu que sempre estava caminhando em uma única direção: para frente. Não é o que acontece com nossa emburrecida geração. Parece que ninguém percebe que estamos caminhando “para trás”, ao quebrar nossos valores, estamos recuando de forma displicente e sem se importar, para dentro do abismo existencial que acabamos de sair.
Vamos as provas! Há inúmeras, porém gostaria de me referir apenas a uma em especial. A peça teatral “Sancta Susanna”. Os organizadores dessa peça teatral em cartaz na cidade de Stuttgart, Alemanha, dizem que ela “mescla sexualidade feminina e contexto religioso. Com elenco de mulheres que interpretam ícones católicos, as cenas incluem uma atriz com nanismo vestida de papa sendo levantada e girada por um braço robótico, enquanto outra canta Eminem vestida de Jesus. A história ainda mostra Susanna, uma jovem freira, fazendo sexo com Jesus. Garantem eles que essa peça tem o objetivo de “criar uma visão radical da Santa Missa” (será que não bastou a santa ceia das olimpíadas).
A coisa é tão sem sentido, ou melhor, tão absurda, que na sua estreia, levou 18 pessoas a procurarem atendimento médico. Se não bastasse isso, no meio da peça uma “das atrizes é ferida ao vivo durante a apresentação. Um crítico do jornal alemão Süddeutsche Zeitung descreveu que, em uma cena que ilustra a Eucaristia, um pedaço de pele de uma das artistas é cortado e grelhado…” (se essa peça ficar em cartaz por muito tempo, não sei se essa atriz suportará muito tempo viva).
Mas o “melhor” é ver a crítica, que deveria analisar essa peça do ponto de vista do que ela acrescenta a cultura ou a beleza cênica, ou seus diálogos inteligentes e desafiadores a nossa imaginação. Nada disso. Segundo a agência de notícias alemã DW, “ao retratar os últimos momentos da vida de uma freira conflituada, a ópera [original] em um ato aborda a relação entre celibato e luxúria no cristianismo, integrando elementos estilísticos do Expressionismo e do Romantismo Gótico”. Tem algo de podre no reino da Alemanha!
Não há escândalo! Não há indignação! O que existe é uma bela mostra de “elementos do expressionismo e do romantismo gótico”! Não conseguem enxergar que a humanidade está voltando para o mesmo abismo existencial de 500 anos atrás. Que Deus tenha piedade de nós!
José Ernesto Conti é pastor e presidente do Conselho Estadual de Igrejas Evangélicas do ES