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sábado, 26 DE abril DE 2025

Estamos em luto!

luto
Foto: Euzivaldo Queiroz

Solidarize-se! Por mais contraditório que pareça, esse é o recurso que lhe tornará mais humano diante do sofrimento que, insisto, é de todos nós

Por Débora Fonseca

Diante de tantas mortes, corremos o risco de permanecermos tempo demais na fase da negação, desacreditando da realidade que assola a humanidade.

O luto é um processo normal e inevitável que todos passamos quando lidamos com o sofrimento profundo decorrente de perdas. Pode estar associado a mortes, mas também a um divórcio, falência financeira, descoberta de uma doença grave, perda de emprego, etc.

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O luto envolve normalmente 5 fases:
1. Negação – mecanismo de defesa que desacredita a realidade, para não sentir dor;
2. Raiva – intensa pelo evento;
3. Barganha – promessas ou negociações para que as coisas voltem a ser como antes, quando não se consegue mais negar o evento;
4. Tristeza – entrega aos sentimentos do luto;
5. Aceitação – suavização da dor, planos de superação e enfrentamento consciente das possibilidades e limitações decorrentes da nova vivência. Na aceitação, o indivíduo está caminhando para o desenlace, já que embora a perda seja para sempre, o luto não;

O luto é também um período adaptativo. Caso a dor se revele mais intensa e contínua que o habitual, interferindo na retomada funcional ou reorganização da vida, podemos estar diante do luto complicado ou patológico. É preciso, portanto, diferenciar o que até certo ponto é natural no luto, como a tristeza, e o que é adoecimento, como a depressão, por exemplo.

Diante dessas considerações iniciais afirmo: estamos em luto, pela perda de nossos familiares, amigos e semelhantes em razão da COVID-19.

Não damos conta de lamentar nossos mortos, (Gênesis 37.34), e chorar com os que choram, (Romanos 12.15), pois o tempo não para e são muitas as perdas, desde vidas que importam aos prejuízos financeiros que nos atordoam, já que as contas não respeitam nosso tempo de elaboração.

Diante de tantas mortes diárias, corremos o risco de permanecermos tempo demais na fase da negação, como muitos têm feito, desacreditando da realidade que assola a humanidade.

Evitando a verdade, não solidarizamos no compromisso de não fazermos parte da macabra difusão da doença e da dor. A ausência do uso de máscaras, a negativa do distanciamento social e a insensibilidade frente ao sofrimento alheio, são provas disso.

Estamos em luto! Porque ainda que ninguém em nossa família ou rede de amigos tenha sido contaminado pela covid-19, homens e mulheres têm sido e eles fazem parte de nós, pois quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade.

Como diz o poeta John Donne: “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”

Estamos em luto!

Em assim sendo, precisamos reaprender com o Mestre a pausar a vida. Diante da morte do amigo querido, Cristo não negou ou pulou etapas. Mesmo diante da perspectiva do milagre prestes a ser realizado, por Ele próprio inclusive, reservou tempo para chorar, João 11.35, pois a tristeza é isso, uma pausa necessária e reflexiva que se faz frente às trajetórias da vida.

Pause sua vida meu amigo(a). Solidarize-se! Por mais contraditório que pareça, esse é o recurso que lhe tornará mais humano diante do sofrimento que, insisto, é de todos nós.

Débora Fonseca e Cunha Coordena a Missão Luz na Noite desde 2001 e atua no aconselhamento cristão na área da sexualidade humana há mais de 20 anos; formada em Direito e Psicologia; é autora dos livros Uma Fera em Busca de Sentido e Aconselhamento Cristãos em Luta com a Homossexualidade. Em produção, sua terceira obra voltada às temáticas sexuais, agora, dependência e codependência emocional.

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