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quarta-feira, 24 abril 2024

Esporte para evangelizar e integrar

Futebol de campo, de areia, vôlei, hidroginástica, tênis, basquete, caminhada, corrida, musculação, artes marciais, handball, natação. O que essas modalidades esportivas têm a ver com a igreja? Aparentemente nada, mas elas podem se tornar uma importante estratégia de integração entre os membros da igreja e também de evangelização, atraindo pessoas para a prática esportiva e, ao mesmo tempo, fazendo com que elas tenham contato com a Palavra de Deus.

E aproveitando que no Brasil, em função da realização da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, o esporte está cada vez mais em evidência, igrejas têm apostado nessa prática para promover não só bem-estar e qualidade de vida para seus membros, mas também para, nesses momentos de integração, evangelizar.

Há 25 anos à frente de eventos esportivos no Estado, Guilherme Benittez, que é diretor da Aben Marketing Esportivo e membro da Igreja Maranata em Vila Velha, é um exemplo de como o esporte tem o poder de evangelismo. “Quando comecei a frequentar a igreja, há oito anos, não tinha acesso a ninguém, mas depois passei a me envolver com um grupo da igreja que jogava futebol na Marinha, em Vila Velha. Eles me incentivavam a jogar, mesmo eu não sendo cristão, mas, durante os jogos, me convidavam a participar de reuniões de oração, de louvor. E aí, quando você vê, já está tomado pelo Espírito Santo. Eu me tornei do time de Cristo”, contou.

Guilherme comemora ainda o fato de que a procura por parte das igrejas para organizar torneios competitivos entre os próprios membros ou entre outras igrejas, inclusive de diferentes denominações, tem aumentado no Estado. “Elas procuram para arbitragem e para coordenar as regras, por exemplo, e têm percebido que isso é muito importante para sua membresia e para os não crentes também. Sabemos que as igrejas, por intermédio do Espírito Santo, trabalham os visitantes e os novos convertidos com orações, louvores, pregações, mas as atividades esportivas são uma ótima opção para confraternização. Elas integram ainda mais a pessoa à igreja”, destacou.

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Competições com regras diferenciadas
Troféus para os vencedores, para o artilheiro e para o goleiro menos vazado, regras da partida no papel, torcida organizada e times escalados. No gol, o líder de jovens. Na zaga, parte do grupo de louvor. No meio de campo, alguns integrantes do ministério de evangelismo. Já no ataque, diáconos e até o pastor.

Com essa organização, um campeonato de futebol tem tudo para dar certo e é isso que tem acontecido em dezenas de igrejas que incluem a famosa “pelada” como uma das atividades fixas durante o ano, assim como ocorre com noites de louvor, mutirões evangelísticos e programações de Natal e Páscoa.

Na Primeira Igreja Batista de Vitória, por exemplo, os adolescentes têm encontro marcado todo primeiro sábado do mês no Sesi de Jardim da Penha para jogar futebol. Na liderança dos jovens atletas, está o pastor Eliomar Corrêa de Jesus, que tem no currículo nada mais nada menos do que um curso de técnico de futebol. “Eu fiz o curso há algum tempo porque dizia que, se um dia Deus me chamasse para ir para o campo missionário, eu iria trabalhar com futebol. E hoje eu uso esse meu conhecimento para aconselhar jovens e adolescentes durante essas partidas que promovemos todo mês. Usamos o esporte como uma forma de integração e, sobretudo de evangelismo porque, da quadra, você leva o visitante para um encontro na casa de um colega, para uma noite de louvor, para um congresso. Esporte é sim uma atividade eclesiástica”, disse o pastor Eliomar.

Mas ele explica que, como acontece nos jogos seculares, as partidas promovidas pelas igrejas precisam ter regras bem estabelecidas e claras. “Nos nossos jogos não pode haver nenhum tipo de agressão, nem física nem verbal. Quem xingar, por exemplo, fica suspenso por três minutos e, se reincidir, pode ser retirado da quadra. É preciso ter essas regras porque o esporte, ainda mais o futebol, mexe com a adrenalina do atleta e, mesmo entre cristãos, pode haver algum momento de nervosismo, mas são episódios raros”, declarou o pastor.

O desafio de fazer cumprir as regras em jogos é bem maior para o coordenador geral do torneio interdenominacional de futebol Gospel Gol, Geovani de Oliveira. Em uma década, já participaram do campeonato mais de 1.300 pessoas, membros de igrejas Batistas, Presbiterianas, Assembleias de Deus, Maranatas, Wesleyanas etc. Uma das regras é que todos os jogadores sejam membros da igreja e sejam autorizados pelo pastor para integrar o time. “Mas na Copa Gospel Gol deste ano, liberamos um visitante, não membro, para cada time. Mesmo assim tinha que ter autorização do pastor ou do líder da igreja. Além disso, temos regras com punições voltadas para a assistência social. Se o jogador leva cartão vermelho, fica um jogo suspenso e só retorna após doar uma cesta básica. Os jogos entre as igrejas são diferentes porque os cristãos são diferentes, defendem a igreja e, acima de tudo, dão testemunho do nome de Jesus Cristo”, explicou.

Esse testemunho durante a prática esportiva tem gerado resultados positivos para o Reino dos Céus. Segundo o coordenador geral do campeonato, muitos já se converteram após acompanharem de perto os jogos realizados anualmente e também outras atividades promovidas pelas igrejas. “Eu já dirigi um time cristão de futebol feminino e várias meninas que não eram de nenhuma igreja chegaram atraídas pelo esporte e foram ficando, se integrando e hoje são batizadas. Temos que abrir os nossos olhos para o esporte, que é um meio que integra muito rapidamente as pessoas”, declarou Geovani, que é da Igreja Batista Rhema, em Vila Velha.

Missionário no meio de atletas
Unir a paixão pelo esporte e a paixão pelo Evangelho de Cristo é a realização de vida de Diego Francisco Santos, um jovem capixaba que desde 2009 deixou para trás o estado do Espírito Santo para atuar como missionário no Rio de Grande do Sul no meio de atletas profissionais e amadores. Ele atua, ao lado da esposa, Michele Avila Santos, na capelania esportiva do Cerâmica Atlético Clube, clube profissional da cidade de Gravataí, na Grande Porto Alegre.

“Passo um bom tempo com atletas juvenis, juniores e profissionais. Fazemos estudos bíblicos ou apenas assistimos a um jogo de futebol com os atletas, jogamos futevôlei com eles, promovemos almoços e cafés em nossa casa, tudo que é proveitoso para ganhar a amizade e a confiança dos atletas. O trabalho deu certo e muitos se converteram, mudaram o comportamento em campo durante os jogos e treinos. Com os resultados visíveis, outros clubes se interessaram e no ano passado começamos um trabalho semelhante com a categoria juvenil do Clube Esportivo Aimoré em São Leopoldo”, comemorou.

O missionário detalhou ainda outros projetos que desenvolve, como, por exemplo, o futebol em times de várzea; o Kid Games, que é uma estratégia de evangelismo infantil com jogos competitivos; a promoção de provas de circuito de rua, para evangelizar durante as corridas, e ainda o projeto de levar o esporte para dentro dos presídios.

O desafio de levar a Palavra através do esporte pode até ser muito duro, mas muito gratificante, de acordo com o missionário. Segundo ele, há vários atletas envolvidos com o candomblé, a umbanda, e muitos clubes têm uma sala voltada para idolatria, com imagens desde as afros até as católicas. “Mas isso está mudando. Hoje temos 16 pessoas convertidas a Cristo, fruto do trabalho de capelania nos clubes e nos times em que trabalhamos. As igrejas precisam encarar o esporte como algo sério. Precisamos, como cristãos, aproveitar todas as oportunidades para falar de Cristo, e por que não usar o esporte para isso? O esporte entra onde muitas vezes um pastor não entra. O esporte une as pessoas, quebra barreiras políticas e sociais. Precisamos acordar para os grandes eventos esportivos que receberemos nos próximos anos. Pessoas do mundo inteiro estarão no Brasil durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas e poderemos aproveitar o tempo para evangelizar o mundo sem sair da nossa própria ‘casa'”, disse Diego.

Quem também é um missionário no meio de atletas profissionais é o jogador de futebol de areia Rafael Stocco dos Santos, o Rafinha, membro da Igreja Metodista Wesleyana de Jardim Colorado, em Vila Velha. Desde os dez anos apaixonado por futebol, ele entrou em 1998 para a Seleção Capixaba de Futebol de Areia, foi tricampeão capixaba no ano passado e em março deste ano venceu o campeonato mundial de clubes pelo Vasco.

Reconhecido pela sua desenvoltura na quadra, Rafinha não se destaca apenas pelos títulos que conquistou no esporte. Ele faz do seu trabalho um caminho para falar do amor de Deus e afirma que um dos pontos mais importantes nesse meio de atletas profissionais é o testemunho. “Viajamos muito, ficamos muito tempo longe de casa e o que vejo é que muitos jogadores acabam perdendo o foco do que é realmente importante, como Deus e a família. Depois de ganhar um título, muitos vão para boates, mas eu, como cristão, vou para o hotel para comemorar com a minha família pela internet. Eles veem isso e sentem a diferença do que é ser cristão. Sempre falo para os meus colegas de time e para a comissão técnica sobre o amor de Deus, leio a Bíblia e faço orações com eles. Deus me colocou ali não apenas para jogar, mas para evangelizar”, declarou Rafinha.

Aulas até dentro da igreja
Se bater uma bolinha, fazer uma caminhada e exercitar-se de forma geral faz tão bem para a saúde, por que não levar as atividades físicas para dentro da igreja? Foi nesse questionamento que o professor de Educação Física Bruno da Silva Pereira pensou quando decidiu implantar na Igreja Batista do Ibes, em Vila Velha, uma academia para a terceira idade.

Duas vezes por semana, das 8 às 9 horas, ele se dedica voluntariamente para trabalhar a atividade física com pessoas com idade entre 50 e 85 anos. Na falta de aparelhos de uma verdadeira academia de ginástica, Bruno usa a criatividade para criar os exercícios. Garrafas pets, por exemplo, são cheias de água para se tornarem pesos. O cabo da vassoura vira uma ferramenta de alongamento. Já o elástico usado para ajudar na coleta de sangue se transforma em um “equipamento” resistente de fazer exercícios com os braços.

“Fazemos alongamento e atividades lúdicas. Dou aula para 45 pessoas e esse número só não é maior porque tivemos que limitar as vagas. A procura é muito grande, tanto dos membros da igreja, quanto dos moradores do bairro. É um período muito divertido, e que usamos para falar de Deus”, contou o professor.

Algumas das estratégias usadas por Bruno para que a ginástica seja uma oportunidade também de evangelização são promover um momento devocional antes de começar cada atividade e, durante os exercícios, manter o aparelho de som tocando apenas louvores a Deus. “Trabalhamos com pessoas que ainda não são convertidas a Cristo, então, temos sempre que falar da salvação para elas. Essas duas horas por semana que passamos juntos são uma grande oportunidade para isso, e sempre procuramos evangelizar”, acrescentou.

Mas o professor ressalta que as atividades físicas não são realizadas apenas nesse espaço na igreja. Frequentemente o grupo se aventura a ir para parques e praias para fazer trilhas, caminhadas e hidroginástica. “Os alunos gostam dessas aventuras. Ao final, eles estão mais unidos e isso, com certeza, fortalece não somente a amizade, mas também a igreja”, contou Bruno.

Por isso, pode-se dizer que esporte e igreja é uma mistura que dá certo sim. Fortalecer o corpo pode ser uma grande oportunidade para exercitar o amor de Deus e fazer o Corpo de Cristo crescer, proporcionando que os laços entre as pessoas fiquem mais fortes e, assim como em um time, um sustente o outro quando algum adversário chegar.

Como atleta de Cristo, ao final do campeonato do qual todos participam ao longo da vida, a igreja só terá um prêmio a receber: uma coroa incorruptível, a vida eterna, segundo o apóstolo Paulo ressaltou em I Coríntios 9:25 e em II Timóteo 4:8.

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