Segundo projeção, em 2035, mais de 20 milhões de crianças e adolescentes, no Brasil, podem estar obesos ou com sobrepeso
Por Patricia Scott
Dados do Atlas Mundial da Obesidade revelam que a taxa anual de crescimento da obesidade em crianças e adolescentes brasileiros, entre 2020 e 2035, será de 1,8%. Segundo a pesquisa, a prevalência de crianças e adolescentes com IMC (Índice de Massa Corporal) elevado era de 34% em 2020, com mais de 15 milhões de afetados. Em 2035, a projeção é mais de 20 milhões de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso.
Reconhecida como um dos mais graves problemas de saúde pública do mundo, de acordo com a OMS, a obesidade infantil pode causar uma série de complicações para o desenvolvimento físico e psicológico de crianças e adolescentes, comprometendo toda a vida adulta desses públicos. Por isso, para chamar a atenção da sociedade, profissionais de saúde, pesquisadores e entidades promovem o Dia de Conscientização contra a Obesidade Infantil, em 3 de junho.
“Estamos extremamente preocupados, porque para combater a obesidade é preciso uma mudança no estilo de vida da criança e de seus familiares mais próximos, porque não é só uma criança que come errado, são os pais também”, comenta o pediatra Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, acrescentando que as chances de obesidade na idade adulta são maiores em crianças com excesso de peso ou já identificadas como obesas. “Oito em cada 10 adolescentes continuam obesos na fase adulta”.
O tratamento da obesidade tem como principal objetivo reduzir ou adequar a quantidade de gordura ingerida, no processo de reeducação alimentar. “Temos que implementar uma dieta mais saudável e equilibrada, em conjunto com a realização de exercícios com regularidade”, detalha o pediatra, que recomenda a participação de um nutricionista.
Segundo o especialista, com os ajustes no estilo de vida, a introdução de hábitos saudáveis e mais atividades físicas, não há uma necessidade imediata de medicação. Este é o tratamento fundamental para a obesidade infantil”, que tem como principal objetivo reduzir ou adequar a quantidade de gordura ingerida, no processo de reeducação alimentar.
Robledo diz que, ao longo da vida, a obesidade pode acarretar outras graves consequências, caso não seja controlada. Ele cita o risco de desenvolver doenças nas articulações e nos ossos, diabetes, câncer, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares, dislipidemia, ou seja, o aumento do colesterol e até alterações esqueléticas e de postura, além de sofrerem com problemas psicológicos e sociais.
Causas e diagnóstico
A causa fundamental da obesidade na infância é o desequilíbrio energético, entre as calorias consumidas e as calorias gastas ao longo do dia. “Isso vai ocasionar o ganho de peso. As crianças estão comendo mais, comendo erroneamente, com a ingestão de alimentos ricos em gordura, em açúcares e pobres em vitaminas e minerais, exercitando menos”, salienta o pediatra.
A diminuição da atividade física acarreta no maior uso da televisão, dos videogames, dos celulares e dos tablets. Então, o sedentarismo vem sendo fortemente relacionado com o excesso de peso, associado a uma alimentação errônea, rica em gordura e pouca atividade física.
O excesso dos alimentos processados, industrializados, também está intimamente relacionado com a obesidade”, detalha o pediatra. Ele acrescenta ainda que “a obesidade se diagnostica com as curvas específicas, com a taxa do desejado, do aceitável, do sobrepeso e do obeso. Em crianças maiores pelo índice de massa corpórea, onde você põe o peso dividido pela altura vezes a altura”.
Robledo expõe que condições genéticas, individuais, comportamentais e ambientais podem influenciar no estado nutricional, sendo multifatorial, a obesidade infantil. Por isso, ela “exige intervenções integradas de diversos setores, além de profissionais de saúde, como a família e outras instituições, para deter o avanço da doença e garantir o pleno desenvolvimento durante a infância”.