Entre os diversos desafios, estão a falta de preparação acadêmica na formação de professores, projetos de capacitação de utilização de tecnologias e integração de espaços tecnológicos com as salas de aula
Por Cristiano Stefenoni
Neste 15 de outubro é celebrado o Dia do Professor. Em todo o país, são 2,6 milhões de professores, sendo 2,3 milhões na educação básica e mais 316.792 na superior, segundo dados do Anuário Brasileiro de Educação 2025. Além dos problemas de saúde, da má remuneração e da indisciplina dos alunos, os professores enfrentam hoje um novo desafio: a tecnologia.
Isso porque a era digital, da mesma forma que traz inúmeros benefícios, também vem acompanhada de dificuldades que antes não existiam. “Entre os diversos desafios, podemos destacar a falta de preparação acadêmica na formação de professores, projetos de capacitação de utilização de tecnologias, integração de espaços tecnológicos com as salas de aula, entre outros”, ressalta Harryson Kerschner Júlio dos Reis, diretor de Educação da Rede Adventista para sul do Brasil e mestre em Educação pela Universidade Adventista do Chile.
Com uma vasta experiência como docente e diretor escolar, ele avalia que a era digital ainda precisa ser melhor aproveitada e que nada substitui a mente humana. Ele ressalta que muitas vezes se percebe uma alta cobrança para que o professor utilize tecnologias, enquanto ainda há uma grande dificuldade na escrita de alunos e na realização de cálculos simples.
“A tecnologia tem que ser um facilitador e não um meio em si, a educação tem que propiciar o desenvolvimento de seres pensantes capazes de desenvolver raciocínios complexos e não dependentes de outros meios. Não somos contra a tecnologia, mas ela não deve ser o centro da preocupação no que tange educação”, justifica Kerschner. Na sua opinião, entre os pontos positivos da tecnologia no meio docente é a forma de exposição do conteúdo na sala de aula.
“Quando utilizado tecnologia, as aulas ficam mais atraentes, elas acabam por falar uma língua mais comum a essa nova geração. A tecnologia proporciona ao professor a possibilidade de apresentação e aprofundamento do conteúdo proposto o que infere em maior possibilidade de interesse na aprendizagem pelo próprio aluno”, ressalta o diretor, que completa:
“Ainda, não se pode deixar de destacar que temos percebido que a utilização de tecnologias diversas instiga no aluno o desejo de pesquisar, o que o faz ser um ser mais pensativo e crítico no seu desenvolvimento”, diz.
Velocidade da informação é um divisor de águas
Para o diretor, a informação quase instantânea pelo celular aumenta a responsabilidade do professor. “O acesso a informação tem reforçado a importância do professor, afinal uma informação mal interpretada tem suas consequências na vida do estudante e muitas vezes na da sociedade. O celular traz consigo possibilidades positivas e negativas dentro das salas de aula”, enfatiza.
Para Kerschner, um dos aspectos positivos da era digital está na interação tecnológica entre professor, aluno e conteúdo, algo que amplia o dinamismo das aulas e interesse dos alunos pelo conteúdo. Contudo, ele também considera os aspectos negativos quando o aluno, por exemplo, está com o celular em mãos e desvia sua atenção da aula.
“O que temos percebido é que ainda não existe maturidade suficiente para uma utilização consciente do celular em salas de aula e isso prejudica de maneira acentuada o ensino pelo professor e o que acarreta uma defasagem na aprendizagem do aluno. Assim, o que deve ser preservado é a definição do professor na utilização, ou não, desse instrumento”, afirma. Por outro lado, o professor acredita que a tecnologia traz mais benefícios do que malefícios ao docente.
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Segundo Kerschner, a tecnologia tem elevado a pesquisa a níveis não pensados anteriormente, contudo, a velocidade da informação e da utilização dessas novas tecnologias não podem esquecer do aspecto emocional e social que envolvem o ambiente de uma escola.
“Uma escola deve se preocupar com a formação integral do indivíduo, cuidando do desenvolvimento físico, social, emocional, social e espiritual. Capacitar os alunos a tomarem suas próprias decisões e compreenderem que a ciência não tem e nunca terá respostas para tudo. A educação pode transformar a sociedade e essa precisa começar comigo, hoje!”, conclui.

