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terça-feira, 16 abril 2024

Conheça o pastor americano Jaime Kemp

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Pastor americano Jaime Kemp. Foto: Reprodução

Referência no assunto família, o pastor Jaime Kemp dedicou sua vida para oferecer diretrizes e orientações bíblicas ao núcleo mais importante da sociedade.

O fervor do missionário americano, Jaime Kemp, no Brasil desde 1968, por esse tema é tão grande, que em 1984 fundou o Lar Cristão, uma organização sem fins lucrativos. Ele e a esposa, Judith Kemp, dirigem o ministério e têm mais de 40 livros publicados, além de realizarem seminário, conferências e palestras sobre família e vida do casal. Na entrevista ele destaca o valor mais importante para a vida a dois, o exemplo que o casal deve significar para os filhos, separação e romantismo.

O senhor tem um casamento de 43 anos com a Judith. Quais são os fatores que sustentam o casamento de vocês?

Compromisso é uma das coisas principais. Saber que é uma promessa até o final. Porque nossos compromissos de casamento são às vezes bem fraquinhos, ou muitas vezes nós não compreendemos o compromisso do amor. Agora, minha esposa diz que um casamento é bem-sucedido quando tem duas pessoas que sabem perdoar. Então, é importante reconhecer que nós somos pecadores, e que vamos, algumas vezes, “pisar na bola”, e teremos tanto que pedir perdão quanto perdoar. Além disso, eu diria mais uma coisa, entre tantas, que é a questão do tempo. Acho que nós precisamos cuidar da nossa agenda, porque casamento exige cultivo, e às vezes o casal corre pra lá e pra cá, tem faculdade, vários compromissos, ou então vem o filho e eles estão trabalhando fora, não têm muito tempo à noite, e é um problema. Então, é muito importante a gente ajustar a nossa agenda para alcançar e usar o tempo para cultivar o relacionamento.

O que de maneira geral dificulta tanto os relacionamentos modernos?

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Há muitas coisas. Por exemplo: a mídia. Constantemente, novelas e filmes falam de relacionamentos extraconjugais, de relacionamentos sem fidelidade. De vez em quando tem algum filme que fala da fidelidade do homem em relação à sua mulher, ele passa traumas, passa dificuldades com ela, mas fica firme com ela. Mas na maior parte das vezes são filmes e novelas em que sempre tem uma terceira pessoa. Então, a mídia é uma forte fonte de separações, e de influência na cabeça do nosso povo. Além disso, como já falei, a importância de reconhecer que amor é para ser cultivado, e para aprofundar precisa de tempo, de passeios, de férias, de momentos juntos. É fundamental isto.

De que forma o pensamento “se não der certo, eu me separo” influi no andamento da relação conjugal?

Quando Judith e eu nos casamos, tomamos a decisão de que as palavras divórcio ou separação não estariam no nosso vocabulário. Quando vierem problemas, dificuldades, tragédias (e eles vêm!), nós nos apresentaremos diante de Deus, que é o arquiteto do lar, e nEle vamos procurar a solução – que não é fugir, não é arrumar outra mulher ou outro homem, nem simplesmente deixar de casar de novo e só se casar com a sua profissão ou carreira. É importante compreender o compromisso e manter-se firme nesse compromisso.

O senhor escreveu um livro que fala sobre romance. Para o senhor, o que é romance? Como ser romântico e de que forma expressar isso?

Romance é chegar em casa e ter um jantar preparado pela esposa com a comida que ele mais gosta e à luz de velas, música romântica tocando, as crianças na casa da sogra, dando um castigo nela, e o homem chegar em casa com três rosas e um bilhete: Gatinha, eu te amo muito. Romance é levar a esposa para jantar fora à luz de velas, é levar chocolate para ela, é arrumar e perfumar a cama, são coisas que nós fazemos que demonstram que somos românticos, porque o medo é que o casamento se torne chato se nós não tomamos algumas atitudes diariamente. Eu penso que todo homem deve fazer algo especial, diferente, não necessariamente grande, para que a esposa saiba que é amada, que é especial, que tem valor. O romantismo é que mantém a chama acesa, sem deixar o amor esfriar e o relacionamento tornar-se chato. E o tempo não limita isso, de forma alguma.

Quando os filhos chegam, quais as maiores mudanças que acontecem num casamento e como “sobreviver” a elas?

É saudável para os filhos saberem que papai é apaixonado pela mamãe e mamãe está louca pelo papai. Todas as vezes que eu chegava com uma rosa ou outra coisa especial para a minha esposa, queria que minhas filhas estivessem perto para ver que papai e mamãe se amam e não são apenas duas pessoas convivendo e sobrevivendo sob o mesmo teto. Os filhos têm que saber que existe amor entre os pais. Claro que isso não quer dizer que não vá haver alguma discussão, algum conflito de opiniões, porque isso acontece, mas é indispensável cultivar o amor e fazer os filhos participarem disso. Então, há muito que deve ser comunicado e aprendido no laboratório que é a vida em família, a convivência no lar.

Às vezes a educação infantil provoca discórdias entre os cônjuges. De quem é o papel de educar uma criança? E como fazer com que essas diferenças não influenciem negativamente na educação?

Por isso eu falo muito sobre curso pré-nupcial, porque no curso quando chega no assunto de criação, educação e disciplina de filhos, nós vamos conversar a luz da palavra de Deus. O que Deus fala sobre isso? Vamos discutir para que haja a concordância antes do casamento sobre qual é a filosofia de Deus de como se criar filhos. A palavra de Deus é muito clara sobre isso. Agora esse é um problema que deve ser resolvido muito antes de se chegar ao casamento. Se não concordamos, ou não vamos ter filhos ou não vamos casar. Se a mãe fala ‘não pode’ e a criança vai para o pai e ele diz ‘sim, pode’, o pai está passando por cima da autoridade da mãe. Então é necessário conversar antes para poder ver o que ficou decidido e para não violar a autoridade um do outro.

E depois, quando os filhos já estão crescidos e partem para as suas próprias vidas. Como o casal pode sobreviver a síndrome do ninho vazio?

Eu vou contar a história dos meus pais. Eles sempre tiveram problemas conjugais e o que aconteceu, vieram os filhos e os filhos tomaram todo o tempo deles. Porque os pais não tinham um bom relacionamento, eles se doaram totalmente à vida dos filhos. Quando o último filho estava fora do ninho, então os meus pais não tinham mais nada a conversar, não tinha mais filho e eles se divorciaram. Muitos casais esquecem que antes de chegar os filhos, já eram um casal, depois que os filhos saem, permanece o casal. Então a prioridade no relacionamento conjugal e familiar, não são os filhos. A prioridade é manter o relacionamento bonito durante todos os anos. Isso vai ser um modelo para os filhos, um exemplo para os filhos que daqui a pouco vão casar.

O senhor acredita que se deva usar o princípio do uso da varinha para a correção de crianças, conforme está em Provérbios 23:13: “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá”?

O problema é que estamos vivendo em dias terríveis. Até no Congresso Nacional eles estão querendo proibir os pais por causa de excessos, abusos e espancamentos. Quando eu falo sobre a vara, não estou falando de abuso, de espancamentos e descarregar a raiva sobre a criança, nada disso. Nosso ensino é bíblico. A vara é permeada pelo amor, pela comunicação, pela tranqüilidade. Jamais pai e mãe devem castigar, porque a disciplina tem o propósito de criar caráter na vida da criança. Eu falo também que tem crianças que não precisam do uso da vara. Apenas uma palavra de persuasão é necessária. A vara é usada para crianças rebeldes, desobedientes e teimosas que insistem no erro.

Existem diferenças na forma de conduzir a educação da criança quando uma mãe (ou pai) educa sozinho? Qual a maior dificuldade de criar o filho sem o cônjuge?

Em 89% dos casos, a mãe fica com a responsabilidade pela criança. Agora, veja o problema, na grande maioria dos casos o homem não paga a pensão. E aí o que acontece, ela vai ter que trabalhar fora, provavelmente a casa onde moravam será desfeita e ela vai voltar para a casa dos pais. Os pais que já criaram seus filhos, querem ter sua vida, querem viajar e o que acontece, vai ter uma discussão uma divergência em relação a criação. A vovó vai ter que criar os netos porque a mamãe está trabalhando oito horas por dia. Não é sempre assim, mas muitas vezes acontece isso pois a mãe não têm condições de se manter com o seu salário. E isso cria muitas dificuldades na criação dos filhos.

E que conselhos o senhor dá para essas pessoas?

Se a mãe tem dinheiro, ela compra uma casa, ela pode ter uma empregada que cuide dos filhos, que leve para a escola, que faz a comida, e a noite ela vai ser mamãe e papai. Vai ter que ser os dois. É claro que o juiz dá uma semana sim e uma semana não para cada um dos pais ou o fim de semana alterando. E isso é outro problema porque o homem quer se relacionar com os filhos e o que ele faz, leva as crianças no parque, leva em lugares gostosos, leva para comer fora, compra coisas para a criança e a criança volta no domingo a noite estragada! E a mãe tem que lavar a roupa, cuidar da tarefa da escola e ainda tem que lidar com uma criança que foi mimada no final de semana!

Eu queria que o senhor ajudasse essa mãe e esse pai que estão passando por isso agora…. Como depois de descasado o pai e a mãe podem colaborar um com o outro?

O pai não vai colaborar muito porque, no mês, vai estar com os filhos duas ou três vezes e ele não vai poder fazer muita coisa. Então ele precisa colocar para as crianças princípios de Deus mesmo que tenha se separado, que não esteja mais com sua mulher. A mãe pode arrumar amigas com quem ela possa desabafar, chorar e orar. A igreja precisa providenciar, por exemplo, uma sociedade de mães solteiras ou mães separadas para providenciar fomentos juntos, para conversas e comunhão e dar apoio de como criar filhos sem maridos, sem o pai.

A matéria acima é uma republicação da Revista Comunhão. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.

 

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