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sábado, 15 DE novembro DE 2025

Entre a fé católica e a história: quem foi Maria, mãe de Jesus?

Apesar da Bíblia não mencionar a sua idade, era um costume judaico da época casar-se bem nova, ou seja, acredita-se que Maria tinha entre 12 e 16 anos quando ficou noiva de José e engravidou. Foto: Reprodução

Ela suportou a pressão social e assumiu um tremendo compromisso de fé em Deus, sendo apenas uma adolescente. Conheça um pouco da sua trajetória

Por Cristiano Stefenoni

Além do Dia das Crianças, no dia 12 de outubro é celebrado o feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Os mais de 100,2 milhões de católicos brasileiros se unem nas comemorações que exaltam, na crença deles, a divindade de Maria. Eles se unem a mais de 1,4 bilhão de fiéis em todo o mundo que creem da mesma forma. Apesar dos evangélicos discordarem dessa teologia e creditarem apenas à Trindade (Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo) o status de divino, bem como a sua reverência, não há como ignorar a importância histórica da mãe de Jesus.

O nome “Maria” vem do hebraico “Miryam” e do grego “Μαριάμ” ou “Μαρία”. Curiosamente, também é o único nome de mulher mencionado no Alcorão, livro sagrado islâmico e que dedica a ela uma surata inteira (Surata 19), onde é chamada de “Maryam”, a mulher mais pura e virtuosa, mãe miraculosa do profeta “Isa”. São apontados dois pontos de nascimento para ela, no caso, Nazaré (Galileia) e Séforis, próxima dali.

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Maria é uma das poucas pessoas mencionadas tanto no início como no final da vida de Jesus, desde o nascimento até a crucificação. Ela é a autora do Magnificat (Lucas 1:46-55), uma das mais belas expressões de louvor e submissão a Deus na Bíblia. Maria estava presente no dia de Pentecostes, orando com os discípulos (Atos 1:14), o que mostra que ela continuou a fazer parte da comunidade cristã primitiva.

Segundo livros apócrifos, os pais de Maria se chamavam Joaquim e Ana e ela teria nascido por volta do final do século I a.C. e início do século I d.C., período do domínio romano na Palestina. Ela era judia e fiel à Lei Mosaica.

“Maria vivia em Nazaré, na Galileia, uma região humilde e pouco prestigiada. Embora a Bíblia não forneça muitos detalhes sobre sua genealogia, acreditamos que ela provavelmente também era descendente de Davi, pois as profecias messiânicas apontam que o Messias viria dessa linhagem (2 Samuel 7:12-16; Isaías 11:1). A genealogia em Lucas 3:23-38 é vista por alguns estudiosos como sendo de Maria, enquanto a de Mateus 1 seria de José”, explica o teólogo e historiador, pastor Wagner Augusto Vieira Aragão, que completa:

“Nós, porém, entendemos que Deus escolheu Maria e José de forma específica para cumprir Seu plano de redenção. A linhagem de José é suficiente para cumprir a profecia, pois, na cultura judaica, a genealogia era transmitida pelo pai legal, mesmo que não fosse o pai biológico”, diz.

Maria era uma adolescente quando casou com José

Ao contrário do que mostra em alguns filmes de Hollywood, Maria não era uma jovem senhora quando se casou com José e concebeu Jesus. Apesar da Bíblia não mencionar a sua idade, era um costume judaico da época casar-se bem nova, ou seja, acredita-se que ela tinha entre 12 e 16 anos quando ficou noiva de José e engravidou.

“O casamento nessa idade era culturalmente aceito e considerado normal. Meninas jovens se casavam com homens mais velhos, pois estes já tinham condições de sustentar uma família. A ausência de menções a José durante o ministério de Jesus sugere que ele já havia falecido antes desse período. Isso é reforçado pelo fato de que, na cruz, Jesus entrega Maria aos cuidados do apóstolo João (João 19:26-27), algo que não seria necessário se José estivesse vivo”, ressalta Aragão.

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O historiador lembra que, naquela época, na cultura judaica, uma mulher grávida fora do casamento era acusada de adultério, um pecado gravíssimo. A Lei de Moisés previa a pena de morte por apedrejamento para mulheres acusadas de adultério (Deuteronômio 22:20-21).

“Além disso, Maria enfrentaria vergonha pública e rejeição social, pois sua gravidez seria vista como uma desonra à sua família e ao seu noivo. Maria demonstrou grande fé, humildade e submissão à vontade de Deus. Desde o momento em que aceitou ser a mãe do Salvador, dizendo: ‘Eis aqui a serva do Senhor’ (Lucas 1:38), até o momento em que testemunhou a crucificação de Jesus (João 19:25), Maria enfrentou desafios e sofrimentos com coragem e confiança em Deus”, ressalta pastor Aragão.

Adoração instituída por homens, não por Deus

O historiador explica que a adoração a Maria começou a se desenvolver nos primeiros séculos do cristianismo, especialmente após o Concílio de Éfeso (431 d.C.), quando ela foi declarada Theotokos (“Mãe de Deus”). Isso visava destacar a divindade de Jesus, mas acabou levando à veneração excessiva de Maria, que se intensificou ao longo da Idade Média.

“O cristão que estuda as Sagradas Escrituras rejeita a adoração ou veneração a Maria, pois acredita que isso contradiz os ensinamentos bíblicos. A Bíblia é clara ao afirmar que somente Deus deve ser adorado (Êxodo 20:3-5; Mateus 4:10). Além disso, Maria nunca buscou adoração para si mesma e sempre apontou para Deus como a fonte de sua bênção (Lucas 1:46-49). Respeito Maria como a mãe de Jesus e um exemplo de fé, mas rejeito qualquer forma de idolatria ou veneração que a coloque em um papel divino”, conclui.

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