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sexta-feira, 19 abril 2024

Em dois anos, Grande Vitória ganhou mais 69 templos religiosos

Dados das prefeituras de Vila Velha, Vitória e Serra mostram que entre 2015 e 2016 foram registrados novos 69 templos religiosos, o equivalente à criação de quatro igrejas a cada mês do ano. Pequenas ou grandes, as igrejas e suas diversas denominações parecem estar presentes em todos os lugares.

Juntas, as três cidades já possuem 1.252 igrejas. A Capital é líder em registros, com um total de 685, sendo que 22 foram feitas em 2015 e 24 em 2016. Já Vila Velha fica em segundo lugar, com 358 instituições religiosas, nove delas surgidas nos dois últimos anos. Embora seja o município mais populoso, a Serra possui somente 209 igrejas cadastradas, 14 delas ao longo de 2015 e 2016, de acordo com o portal gazeta online.

O teólogo Vitor Nunes Rosa afirma que um um mundo onde as pessoas não vêem uma resposta na política ou na ciência, elas buscam o sagrado, o transcendente. Mas um outro elemento muito forte é a mercantilização da fé. Criar novas igrejas tornou-se para alguns fonte de renda, já que é algo fácil, não há cobrança de impostos e há toda a proteção do Estado. Por outro lado, as pessoas hoje buscam soluções práticas e as novas igrejas oferecem isso. Algumas peças publicitárias prometem explosão de milagres, curas. Outra vertente de explicação é Teologia da prosperidade: as igrejas atraem fiéis prometendo empregos, posses. E isso atinge desde as classes baixas até as mais altas.

O presidente da Associação de Pastores Evangélicos da Grande Vitória, pastor Enoque de Castro Pereira, informou que o número de igrejas é bem maior, já que muitas igrejas não chegam a obter registros junto às prefeituras. “Há pouco tempo eu estava contando. Somente em Vitória, são cerca de 260 denominações diferentes”, ressalta.

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Para Enoque, o lado positivo da abertura de novos templos é a aproximação com as comunidades, dando novas opções para que as pessoas se aproximem de Deus. No entanto, o pastor avalia que o crescimento pode ser fruto do surgimento de novas denominações, o que o preocupa.

“Isso dá margem a interpretações doutrinárias diferentes e leva uma divisão muito grande. Dentro dessas interpretações, algumas aleatórias e sem base, muitas vezes surgem grupos que mais escravizam do que libertam”, afirma.

A preocupação é a mesma apontada pelo padre do Santuário-Basílica de Santo Antônio, Roberto Camillato. Para ele, a expansão das igrejas é uma consequência da liberdade dos grupos religiosos. Porém, acredita que as dissidências, isto é, pessoas que deixam uma igreja para fundar a sua própria, podem gerar problemas.

“A dissidência é prejudicial, pois as pessoas rompem com sua comunhão com a igreja. Existe também por detrás de tudo isso uma vontade grande de se querer entender de religião a qualquer custo e nem todos entendem. Além das conveniências em relação a uma religião comercial. Fazer da religião um meio de exploração é um fenômeno que está em foco no dia a dia.”

Mas, para o presidente da Convenção das Assembleias de Deus no Espírito Santo, pastor Oscar de Moura, o número de novas igrejas só não é maior devido ao arrocho financeiro. “A crise afetou a igreja, que tem dificuldades para se manter. Ela depende da ajuda dos fiéis, e a maioria deles está desempregada.”

 

 

 

 

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