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quinta-feira, 28 março 2024

É golpe

Além de um noticiário viciado, que tem tratado de expor as mazelas nacionais envolvendo a vida de políticos, maus políticos, diga-se de passagem, de empresários e de um tanto de lobistas, – todos muito mais interessados em encorpar suas contas bancárias fantasmas em paraísos fiscais ou em esconder o volume do que saquearam por detrás dos nomes de pessoas comuns, familiares etc – duas das expressões mais ouvidas neste tempo são: “Fora, Temer” e “É golpe!”. Enquanto me preparava para deixar este pequeno legado, veio à minha mente uma pergunta: “Quem se importa?”.

Muitas vezes o posicionamento de muitos é resultante da manipulação que a mídia, intencionalmente ou não, promove, a depender da forma como relata os fatos, ou da manipulação que o pensamento político-partidário produz na mentalidade daqueles que tentam compreender os caminhos do jogo político nacional. “Então posicionamos por tantos e tantos argumentos que trazem até a nossa consciência que nós mesmos vamos produzindo outros argumentos ao longo desse manancial social de coisas esquisitas. Nestes dias vimos um dos ministros do Supremo Tribunal Federal se contrapondo a um posicionamento de um de seus colegas em relação ao processo de afastamento da agora ex-presidente da República.

Afora as belas imagens dos últimos eventos esportivos ocorridos no Rio de Janeiro – as Olimpíadas e as Paralimpíadas –, ainda sofremos com a violência no trânsito, os crimes decorrentes do tráfico de drogas e seus danos colaterais, o ingresso exagerado de refugiados, a crise hídrica, que assola alternadamente muitas das nossas cidades, e muito mais. Jogamos muito lixo nas vias públicas, nos esquecemos da gentileza e da generosidade e já perdemos o costume de dar a primazia às grávidas, aos idosos, e de dizer o quanto estamos gratos ou de pedir “por favor” ou dizer “conte comigo”.

Gastamos muita água, consumimos muita energia, temos pouco trato com o reaproveitamento de resíduos É Golpe! e de materiais, agimos intempestiva e circunstancialmente, e poucas das nossas ações estão conectadas com o nosso próprio futuro.

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E quem disse que ‘Fora, Temer’ ou ‘É golpe!’ deveriam ser as nossas mais intensas prioridades? Não me oponho à ideia de que temos que vencer a corrupção, o jogo político perverso, a mentira e tudo o mais, sem que nos omitamos, sem deixar de mostrar a nossa reprovação.

A construção de uma sociedade sustentável deve passar por uma reflexão acerca do que é que realmente nos importa. Isso começa no plano individual, no cuidado da nossa saúde, passando pela estabilidade da nossa família, nos transformando em modelos uns para com os outros, até que esse ajuste pessoal, familiar e social seja capaz de alavancar todas as demais mudanças da nossa sociedade.

Certo nazareno, há 2 mil anos, assim o afirmou: “Tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estranho, e me acolhestes” – Mt 25.35. Podemos gritar os chavões que quisermos, mas está na hora de nos importarmos uns com os outros de tal maneira que não dividamos a nossa casa, nossa cidade ou nosso país. Sem essa de “sermos nós” ou “serem eles”.

Estamos todos no mesmo barco e todos queremos deixar um bom legado para as próximas gerações.

Quem se importa?

João Carlos Marins é pastor e especialista no tema responsabilidade social

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