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sábado, 8 DE fevereiro DE 2025

Dois empreendedores: o louco e o crente

O primeiro empreendedor só deixou herança, mas não legado. Já o legado do segundo, reverbera até hoje, e sua marca é reverenciada pelas maiores religiões do mundo

Por Fabio Hertel

A Bíblia apresenta dois empreendedores. Eles não se conheceram, pois milhares de anos separaram a menção de um e o nascimento de outro. Um foi diagnosticado como louco e, o outro, como crente.

Nosso primeiro empreendedor é mencionado em uma das parábolas de Jesus, registrada em Lucas 12:16-21. Ele era muito bem-sucedido, rico e extremamente competente. Hábil na gestão de propriedades, era um exímio representante do agronegócio. Com técnicas de última geração, obteve uma super safra naquele ano. Tinha profundo conhecimento de logística e armazenamento e possuía um apurado planejamento estratégico, que o permitia realizar ajustes diante das diferenças entre o planejado e o realizado. Também cuidava da gestão pessoal, equilibrando trabalho e descanso, além de contar com um claro plano de previdência e aposentadoria.

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Certamente, este empreendedor era muito cobiçado para ministrar palestras, mentorias e participar de podcasts em ambientes empreendedores. Ele estava estourado. Para o mercado, merecia prêmios e honrarias, mas, para os critérios do Reino, ele foi classificado como louco e inconsequente. “Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12:20).

Trata-se de um caso clássico dos paradoxos do evangelho. Ele caiu na malha fina, não do Leão da Receita, mas nos valores do Leão de Judá. O que quebrou esse empreendedor não foram os KPIs que monitoram qualquer negócio, mas sua arrogância em não procurar mentores, sua postura orgulhosa de “arrazoar consigo mesmo”, sua avareza em desfrutar sozinho os bens que produziu e, principalmente, por decidir unilateralmente abandonar projetos e investimentos que geram riquezas.

Já o segundo empreendedor, também muito bem-sucedido e próspero, aceitou uma proposta de negócio improvável. Sem benchmarking, ou seja, sem nenhuma referência anterior para se inspirar, sem recursos iniciais animadores: “E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara” (Romanos 4:19), sem um business plan específico: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei” (Gênesis 12:1), mas com uma convicção interior admirável, recebeu a breve alcunha de crente: “Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência” (Romanos 4:18).

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O que promoveu Abraão não foram suas habilidades empreendedoras natas, mas sua fé e convicção de que Deus cumpriria a parte do acordo de fazer dele uma grande nação, de abençoá-lo e de engrandecer seu nome. A Abraão só coube a contrapartida do negócio sugerido pelo Senhor: ser uma bênção para muitas pessoas (Gênesis 12:2). Ele bateu a meta e ganhou o bônus — e o fez apesar dos cem anos de mercado.

Curiosamente, o primeiro empreendedor só deixou herança, mas não legado. Já o legado do segundo, reverbera até hoje, e sua marca é reverenciada pelas maiores religiões do mundo.

O segredo da longevidade produtiva, então, é ter projetos que gerem riquezas para o Reino. Porque quem não tem mais projetos, como o louco que pensou em pendurar seu arado, ou aqueles que planejam apenas “entesourar para si mesmos e não são ricos para com Deus” (Lucas 12:21), estão com os dias contados.

Fabio Hertel é empresário, Bacharel em Teologia, Psicanalista Clínico, Membro da Missão Praia da Costa e host do “Tá Legado Podcast”.

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