Hoje temos mais acesso a milhões de músicas. O que antes era informação de uma única pessoa, hoje está disponível a todos que tenham um celular em mãos
Por Atilano Muradas
Hoje é o Dia Mundial da Música. Tal comemoração me deixa alegre e triste ao mesmo tempo. Temos muito que comemorar, mas confesso que também muito pelo que chorar. Assim, quando o assunto é música, quatro coisas me deixam triste, porém uma quinta me deixa “muito” triste.
A primeira. Diferentemente do passado, hoje temos mais acesso a milhões de músicas de todas as épocas. A Internet nos trouxe essa bênção. O que antes era informação de uma única pessoa, hoje está disponível a qualquer um que tenha um simples celular em mãos. Mitos e verdades sobre a música, novas tendências, artistas antigos e novos, instrumentos, livros, aulas, e tudo mais, estão a apenas um clique de distância. Todavia, os conteúdos mais procurados, infelizmente, não são os mais relevantes. Na internet, terra de ninguém, a mediocridade musical ainda ganha de lavada.
A segunda. A tecnologia também trouxe várias facilidades aos músicos, e isso foi bastante comemorado. Os novos equipamentos e programas ampliaram as possibilidades musicais de qualquer pessoa. No entanto, é uma pena que alguns deles, como os teclados e a Inteligência Artificial, vêm substituindo os músicos e roubando seus empregos. Tinha tudo para ser uma bênção, porém, trouxe muito mais destruição do que benefício para a classe musical.
A terceira. Nos tempos em que comecei na música, há quase 50 anos, os equipamentos, os manuais e os professores de música eram muito escassos. Principalmente para quem morava em cidade do interior como eu. Graças a Deus, nos dias atuais temos escolas de música em igrejas, museus, escolas particulares, municipais, estaduais, cursos on-line… Pena que boa parte das pessoas anda preguiçosa e não aproveita toda essa fartura. Nem para si e nem para seus filhos.
A quarta. A variedade de estilos musicais em nossos dias é algo assustador. As opções são infinitas. São novas ideias, novos acordes, novas levadas, novos instrumentos, muita coisa que vale a pena apreciar. Mas, infelizmente, a cada dia, diminui o número de gente interessada em aprender um instrumento de forma aprofundada, pra valer, pra marcar História. E os poucos que tentam, acabam se contentando com a superficialidade.
Por fim, aquilo que quero destacar neste Dia Mundial da Música: minha tristeza pela “passagem” daqueles músicos de “cabeça branca”, com 50… 60… 70 anos de bons serviços prestados à música, que sabiam muito, mas muito mesmo, e que aprendemos a admirar pelo tanto que nos faziam felizes quando os ouvíamos tocar. É muito triste pensar que seus dedos, um dia, foram silenciados para sempre, seus acordes nunca mais acariciarão nossos ouvidos, e suas vozes nunca mais nos farão rir ou chorar. Que vazio na alma, quando lembramos dos que já passaram, e que tristeza antecipada no coração pelos que ainda passarão para o outro lado da vida.
Entretanto, nem tudo é tristeza. Calma! O que me dá esperança é que muitos desses músicos cabeças brancas entregaram suas vidas a Jesus, então, é certo que eles irão morar no Céu, e, um dia, vamos nos reencontrar para um grande sarau celestial. Assim, tenho comigo que esses geniais músicos estenderão suas carreiras para mais de 100… 200… 1.000 anos. Na verdade, eles continuarão a tocar eternamente, explorando o infinito mundo da música, ao lado, simplesmente, de ninguém menos que Deus, o inventor da música. E tem mais. Conforme Apocalipse 21, no Céu, além de não haver mais morte, luto e nem choro, pois Deus enxugará todas as nossas lágrimas, a festa será vibrante, com muita música, danças e comida à vontade. Lá, todo dia será dia de música e de louvor!
Atilano Muradas é jornalista, teólogo, escritor e compositor