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quarta-feira, 24 abril 2024

Pai: Nem todo herói usa capa

Indispensável na formação dos filhos, o pai é a referência de valores pessoais e espirituais

“Pai”, “paizinho”, “meu herói”. Não importa como o chamemos, o fato é que ele é o nosso primeiro sinônimo de proteção e cuidado. Aquele que desfaz nossos medos e nos encoraja a sermos mais fortes. Quem nos guia e, após cairmos, nos levanta e nos manda seguirmos 09em frente. O homem que acredita em nosso potencial mais que nós mesmo. Amigo, provedor, conselheiro e proativo, é também quem transmite conexão espiritual e confiança no olhar.

Muitos são os adjetivos e significados para aquele que, segundo a Bíblia, deve ser o sacerdote do lar. Em nosso manual de fé e prática, é a figura que leva as pessoas ao conhecimento de Deus e da Palavra.

Ricardo Vasconcellos, pai de quatro filhos, é casado há 25 anos com Mairla Vasconcellos, com quem fundou, há duas décadas, a Igreja Batista Ministério da Graça, em Brasília (DF). Nos últimos 14 anos, eles têm viajado pelo Brasil e pelo mundo com o Ministério Família de Sucesso, dando palestras sobre casamento, relacionamento familiar e educação de filhos, entre outros temas. Com tanta experiência no assunto, Pr. Ricardo define como um bom sacerdote familiar o homem que assume a educação espiritual em sua casa.

“O pai tem a responsabilidade de tomar a iniciativa de levar a família a congregar, a estar na Casa de Deus. É dele o papel de trazer a presença divina para dentro do lar. O pai deve ensinar a oração, a santidade, o jejum e o compromisso aos filhos. É ele quem deve garantir a realização do culto doméstico, o tempo da família com Deus”, ensina.

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Erasmo Vieira, pastor emérito da Igreja Batista no bairro Morada de Camburi, em Vitória (ES), defende que, por mais que a sociedade queira desconfigurar o que o Criador instituiu, isso não anula a necessidade e a importância das presenças paterna e materna na vida de uma criança. “A figura do pai é indispensável à família pelo fato de ser aquele que dirige todas as etapas naturais de um lar saudável. O pai funciona como o comandante do barco, como o motorista do ônibus ou o piloto do avião”, enfatiza.

Pai: Nem todo herói usa capa
Pai de quatro filhos, o pastor Ricardo Vasconcellos fundou há 20 anos, com a esposa, Mairla, a Igreja Batista Ministério da Graça, em Brasília (DF)

A paternidade proporciona ao homem uma melhor compreensão do perfeito amor de Deus por nós (Jo 3:16). “A maior transformação que tive ao ser pai por quatro vezes foi entender como Deus quer o melhor para mim, que eu cresça, prospere, que seja saudável. Assim como desejo isso aos meus filhos”, conta Pr. Ricardo.

Para exemplificar com mais clareza, recorremos à Palavra em Lucas 11:13: “Se vocês que são pecadores sabem como dar bons presentes a seus filhos, quanto mais seu Pai no céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!”

“Ao nos tornarmos pais, também conseguimos entender melhor o nosso próprio pai. Os nãos, suas exortações, até mesmo seus erros carregados da melhor das intenções. A paternidade melhorou minha compreensão e relacionamento com o meu pai terreno e com o Pai Celestial”, compartilha Pr. Ricardo.

Perigos da ausência

Pastor e psicólogo, David Hoffman Alencastre defende que, do ponto de vista da psicologia, a figura paterna tem um papel extremamente relevante na constituição humana, pois estabelece princípios fundantes na formação do indivíduo.

“A ausência da figura paterna muitas vezes resulta em dificuldades da pessoa em entender os limites sociais, de compreender o outro e de aprender que a vida exige de nós um equilíbrio entre o que somos e o que as pessoas esperam de nós”, aponta Alencastre.

Existe alguma alternativa que possa suprir essa lacuna da ausência paterna? Deus ou outro pai podem preencher esse vazio? Pr. David esclarece que qualquer pessoa que preste esse apoio na constituição do indivíduo, ou seja, em seu período de formação de caráter, poderá ocupar esse vácuo.

Em relação à presença divina, o psicólogo alerta que a pessoa terá dificuldades de compreender um Deus que a ama incondicionalmente, caso tenha sido abandonada pelo pai terreno. “Mas, se tiver a experiência de reconhecer a paternidade de Deus, com certeza isso será uma bênção em sua vida”, reforça.

O pastor Erasmo, pai de quatro filhas, defende que, depois da conversão a Jesus, a aventura de ser pai é a mais gratificante na vida de um homem. Ele faz coro ao elencar as consequências geradas no indivíduo que sofre a falta paterna. “Essa ausência precisa ser identificada: se foi por morte ou por abandono; separação e divórcio.

Quando é por morte, cria-se um vazio na vida da criança que, durante a formação da personalidade, tem uma configuração genérica e afetiva. Os homens, especialmente, são afetados pela configuração genérica, porque eles seguem o exemplo do pai. Já a afetiva interfere principalmente na formação das meninas, que desenvolvem uma maior afetividade com o pai”, pontua.

Antes de ser pai, o homem deve estar consciente de que deverá abandonar sua individualidade. “Um filho precisa, e muito, da presença e do tempo do pai. Muitos homens se tornam pais sem ponderar que, talvez, precisem abrir mão do seu projeto de carreira ou até mesmo de viver todo o seu sonho ministerial porque o filho vai requerer boa parte do seu tempo.

O pai precisa analisar sua vida financeira, preparar a casa para a pessoa que está chegando, mas o mais importante, a meu ver, é ter a compreensão de estar gerando um discípulo, para quem vai precisar transmitir conhecimento, exemplo, compartilhar da sua vida e tempo”, aconselha o pastor, que é pai de Maisa, de 23 anos, Bianca, 21, Ricardo Filho, 18, e Josué, 14.

Crise de identidade

Fatores como o empoderamento feminino em todas as áreas e, principalmente, a ascensão das mulheres no mercado de trabalho trouxeram um impacto nas configurações familiares da nossa sociedade, aponta o pastor Emerson Mafessoni, terapeuta familiar, coach em paternidade, pós-graduado em Clínica Pastoral com formação em Sexologia Clínica. “O resultado disso é um homem perdido e acuado que, muitas vezes, para impor sua importância, apela à truculência e à violência.

O homem moderno patina em três crises: de identidade, de masculinidade e de responsabilidade”, justifica o especialista, casado há 25 anos e pai de um casal de filhos.
“O pai é o sacerdote da casa. A autoridade paterna que, desde que seja amorosa, contribui para que os filhos amem se relacionar com Deus por meio das disciplinas espirituais, leitura bíblica, oração e frequência à igreja.

 

“A ausência da figura paterna resulta em dificuldades da pessoa em entender os
limites sociais e de compreender o outro”  – Pr. David Hoffman Alencastre

 

Além do exemplo, o pai tem a responsabilidade primária de auxiliar os filhos a terem entendimento do que é a vida cristã e como se tornar a semelhança de Jesus. Infelizmente há um desvirtuamento de valores em nossa sociedade, na qual toda essa função tem sido atribuída à mãe, sobrecarregando-a e prejudicando o desenvolvimento saudável da família”, acrescenta o pastor Erasmo Vieira.

O psicólogo David Hoffman concorda que a omissão da masculinidade do nosso tempo pode prejudicar a próxima geração de pais. “Pierre Lebrum destaca em seu livro ‘Um Mundo sem Limites’ que a ausência paterna na família tem sido, em grande parte, responsável pelo caos social em que vivemos.

Muitos homens realmente estão negligenciando seu papel como pais e sacerdotes do seu lar. Essa omissão não tem relação somente com a educação cristã, mas principalmente em relação ao seu exemplo como adulto. Sem um modelo para seguir, a criança cresce tendo que buscar sua referência em outros”, conclui.

Todos são unânimes em defender que a solução está em observar o que a Palavra de Deus nos orienta. “O bom pai, no padrão bíblico, precisa, antes de qualquer coisa, andar no caminho. A Bíblia diz em Provérbios 22:6: ‘Ensina a criança no caminho em que deve andar’. Ou seja, ele está nesse caminho e, durante o trajeto, ele ensina aos filhos”, explica o Pr. Ricardo.

“O bom pai tem que ser modelo. Ele é o exemplo. Isso inclui ser verdadeiro e não faltar com a Palavra. Não basta dizer para a criança o que ela precisa fazer; ele também deve mostrar. Na paternidade não funciona aquele ditado ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. O bom pai é aquele que, sem dizer, comunica a mensagem: ‘Pode me imitar, ande comigo aqui neste caminho de bênção, de verdade e integridade”, comenta o pastor Vasconcellos.

Bom pai à luz da Bíblia

O pai no modelo bíblico é um homem de Deus que precisa mostrar aos filhos como é a vida com o Senhor. Pr. Ricardo aconselha os pais, que neste caso também inclui a mãe, que orem e leiam a Bíblia na frente dos filhos, que falem que estão jejuando.

“Aquela regra do ‘fazer em secreto’ vale para todo mundo, exceto para os filhos pequenos, porque eles precisam ver o exemplo”, explica. “O pai no modelo bíblico tem coragem de corrigir e disciplinar.  Um pai que diz ‘sim’ para tudo e que não exorta está permitindo que a criança tenha um caráter distorcido”, ressalta.

E acrescenta: “O pai no modelo bíblico ora pelos seus filhos. E para ser um pai bem-sucedido, ele precisa ser presente. Voltando a Provérbios, quem ensina são os pais, e não a televisão, ou a babá, ou a avó… Quando se têm filhos, necessariamente é preciso precisa reduzir o ritmo de vida social, ministerial e profissional, fazer o que for preciso para dedicar tempo a eles”.


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