Após denúncia, o Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) questiona a iniciativa dos estudantes da rede estadual de ensino
Por Patricia Scott
O deputado Pastor Cleiton Collins, uma das principais figuras evangélicas de Pernambuco, se reuniu nesta quarta-feira (23) com o procurador-geral de Justiça, Marcos Carvalho, para discutir a recente medida do Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) que questiona os “intervalos bíblicos”. Segundo o parlamentar, essa medida contraria o artigo 18 da Constituição Federal e fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante liberdade de expressão e de fé.
“Além de promover a paz, a Palavra de Deus está ajudando a evitar que as crianças e os alunos se envolvam com drogas, violência e outras condutas inadequadas que têm ocorrido nos intervalos”, afirmou Collins, que se comprometeu a participar de audiências contra qualquer decisão desfavorável aos intervalos bíblicos.
Durante a reunião, que contou também com a presença da deputada federal Missionária Michele Collins e do vereador eleito Alef Collins, o deputado apresentou documentos para fortalecer seu argumento. Ele citou o exemplo de um jovem chamado Lucas, ilustrando os benefícios dos encontros religiosos nas escolas, que, segundo ele, têm melhorado o comportamento dos estudantes.
Também defensor dos “intervalos bíblicos, o deputado Pastor Júnior Térsio (PP) declarou, esta semana, no plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), que está disposto a amparar os estudantes que promovem os encontros na rede estadual de ensino. “Você, jovem, e mães e pais que tem o filho que deseja expressar a sua fé na escola, se tiver sofrido alguma perseguição, procure o nosso gabinete, porque nós estaremos dando todo amparo necessário.”
Entenda o caso
O debate sobre os “intervalos bíblicos” ganhou destaque após denúncias de que cultos evangélicos estavam sendo realizados em escolas públicas de Pernambuco, sem a inclusão de outras crenças e sem supervisão de profissionais da educação. Em resposta, o MPPE convocou uma audiência pública para novembro, que contará com a participação de professores, gestores, alunos e membros da comunidade escolar.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) enfatizou que não se opõe à prática religiosa, mas defende que o uso de espaços públicos deve ser discutido com toda a comunidade escolar, respeitando a pluralidade de crenças. A Secretaria de Educação de Pernambuco também se manifestou, reafirmando seu compromisso com a laicidade do Estado e a valorização da diversidade religiosa.
De acordo com a Secretaria, as atividades religiosas são organizadas pelos alunos durante os intervalos e não interferem no calendário escolar. O MPPE solicitou à Secretaria e ao Sintepe documentos que detalham as escolas onde esses encontros estão ocorrendo.