A doença afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. A igreja pode atuar de forma preventiva para evitar a depressão infantil
Talvez você não imagine que possa ser tão precoce. Mas a partir do quarto mês de gestação, a criança é capaz de absorver sentimentos de rejeição e abandono, que podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro depressivo.
São múltiplos os fatores que acarretam o transtorno, como herança genética, a existência de traumas provocados por perdas, abusos na infância, entre outros. Mas de acordo com o psicanalista Sulênio Vale Júnior, a principal causa da depressão infantil é ausência de afeto do pai e da mãe.
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“A criança vai passar por uma depressão leve, que se apresenta através de um choro suave, uma perda de alimento. E esse quadro pode se agravar até o momento em que a criança não vai mais querer sair de casa ou ir para a escola. Se essa depressão não for tratada como deveria ser, a criança vai apresentar os sintomas que um adulto com depressão tem”, explica.
Os números
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo. A ocorrência do transtorno em crianças de 6 a 12 anos cresceu de 4,5% para 8% na última década. Em seu nível mais severo, a depressão pode levar a pessoa a cometer suicídio, e é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Embora os sintomas de depressão na criança e no adulto sejam parecidos, a maneira como a criança expressa suas emoções é bem particular. Isto acontece porque a sua habilidade de comunicação ainda está em desenvolvimento.
“Quando uma criança é acometida com a depressão, especialmente quando é muito nova, ela pode não saber explicar como é a tristeza que ela está sentindo. Por essa razão, os pais e professores devem ficar atentos às mudanças de comportamento que a criança apresenta”, afirma a psicóloga Juliana Sousa.
Distância entre pais e filhos
Uma pesquisa realizada pela AVG Thecnologies revelou que 87% das crianças brasileiras acreditam que seus pais passam muito tempo conectados a seus celulares e tablets. Juliana Sousa alerta para o perigo que essa ausência pode provocar. Mesmo que os pais estejam dentro de casa.
“Pais que passam muito tempo no celular, nas redes sociais, passam menos tempo com os filhos. Se eu passo menos tempo com a criança com a qual convivo, eu não consigo observar uma mudança em seu comportamento. Eu não conheço como ela é dentro de seu padrão normal”, afirma.
Apoio
O acompanhamento profissional é muito importante. Mas os grupos de apoio e a igreja também pode ajudar.
“Vejo a Igreja como um fundamento básico nesse processo, porque ela ajuda a sedimentar limites e valores ativos que levam ao respeito familiar e ao respeito pelo outro”, conclui.