Sua libertação faz parte de um acordo com o governo envolvendo a soltura de 553 prisioneiros, mediado pelo Vaticano
Por Patricia Scott
Após três anos de prisão, o pastor Lorenzo Rosales Fajardo foi libertado em Cuba, conforme anunciou o International Christian Concern (ICC), uma organização que monitora a perseguição religiosa mundial. Sua libertação faz parte de um acordo envolvendo a soltura de 553 prisioneiros, mediado pelo Vaticano. Cuba ocupa a 26ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela Missão Portas Abertas, que destaca os 50 países mais perigosos para os cristãos.
Líder da Igreja Independente Monte de Sion, em Palma Soriano, Fajardo foi preso em 2021 após participar de protestos contra as violações dos direitos humanos pelo regime comunista. Segundo a Christian Solidarity Worldwide, ele foi acusado de incitação criminal, agressão, desordem pública e desrespeito, sendo condenado a sete anos de prisão em maio de 2022.
Em 2024, a Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) denunciou a prisão injusta de Fajardo e revelou que ele foi torturado enquanto estava detido. Segundo o relatório, em uma das ocasiões, as autoridades prisionais o espancaram de forma tão severa que ele perdeu um dente e depois o urinavam. Em fevereiro de 2024, o Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária concluiu que o governo cubano havia detido Fajardo de maneira arbitrária e ilegal.


Em 11 de julho de 2021, milhares de cubanos, incluindo líderes religiosos, saíram às ruas para protestar contra a escassez de alimentos e medicamentos durante a pandemia e exigir democracia e reformas econômicas. A Anistia Internacional informou que os protestos em Cuba eclodiram devido à gestão ineficaz do governo na distribuição de alimentos e remédios, apagões e restrições aos direitos humanos.
A polícia e a Segurança Nacional atacaram os manifestantes, agredindo-os e prendendo centenas de pessoas, entre elas o pastor Lorenzo. Vídeos e fotos do protesto mostraram agentes da força paramilitar Boina Negra sufocando o líder religioso e atacando manifestantes desarmados.
O ICC explicou que “governos comunistas, como o de Cuba, frequentemente reprimem protestos e fabricam acusações contra os manifestantes para espalhar medo e impedir a oposição. Cristãos se tornam alvos frequentes de ataques do governo por suas críticas e defesa dos direitos humanos”.