Demitido por questionar tratamento de disforia de gênero em jovens, acadêmico obtém vitória judicial e reacende o debate sobre liberdade de expressão nas universidades
Por Patrícia Esteves
A recente vitória judicial de um ex-professor da Universidade de Louisville, Kentucky, nos Estados Unidos, reacende a discussão sobre os limites da liberdade de expressão nas instituições educacionais. Allan M. Josephson foi demitido após compartilhar opiniões contrárias ao tratamento de jovens com disforia de gênero durante um painel na Heritage Foundation, em 2017. Seu caso levanta questões sobre até que ponto os professores podem ser penalizados por suas convicções pessoais.
Na última semana, Josephson recebeu uma decisão favorável do 6º Tribunal de Apelações dos EUA. O tribunal rejeitou os argumentos de imunidade apresentados pela universidade, que é ré no processo, afirmando que a punição de professores por discordarem de certas ideologias não apenas viola a Primeira Emenda, mas também compromete o ambiente acadêmico, que deveria ser um espaço de debate plural. O próximo passo é um julgamento no tribunal distrital, onde Josephson poderá apresentar suas evidências e argumentos em busca de defesa, pois o professor alega que foi rebaixado e demitido após expor suas convicções.
A defesa de Josephson, representada pela Alliance Defending Freedom (ADF), enfatizou que a questão transcende o jurídico e adentra o campo moral. “Universidades públicas não podem punir professores por terem opiniões diferentes de alguns colegas ou administradores”, afirmou Travis Barham, advogado sênior da ADF. Essa afirmação reflete a crescente percepção de que acadêmicos são silenciados ou intimidados ao expressarem opiniões divergentes, principalmente a respeito do movimento LGBT.
O caso também levanta um debate ético sobre o papel das universidades em promover a pluralidade de ideias. Embora as instituições tenham o dever de garantir um ambiente inclusivo e seguro, a limitação da liberdade de expressão dos professores compromete o propósito do ensino superior, que é fomentar o pensamento crítico e o debate aberto. O teólogo Denny Burk já alertou sobre os riscos que enfrentam médicos e acadêmicos que se opõem à ideologia LGBT, afirmando que “os ativistas LGBT silenciam e intimidam toda oposição à sua ideologia”, destacando assim os impactos negativos sobre a carreira de muitos profissionais.
O caso
Professor Josephson atuava no Departamento de Psicologia da Universidade de Louisville desde 2003 e participou de um painel, em outubro de 2017, ao lado de Michelle Cretella, pediatra do Colégio Americano de Pediatras, e Paul Hruz, professor de Endocrinologia na Universidade de Washington (Saint Louis). No evento, os especialistas questionaram a ideia de identidade de gênero e criticaram a administração de hormônios em crianças com dúvidas sobre seu gênero.
Após essa participação, Josephson alega que foi rebaixado e informado de que seu contrato não seria renovado, o que, segundo ele, foi uma retaliação por suas opiniões contrárias às ideologias LGBT.