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domingo, 16 DE novembro DE 2025

Curar a criança interior para cuidar melhor dos filhos

Fé, amor e escuta são os maiores fatores de proteção emocional na infância - Foto: Freepik

Refletir sobre as marcas da infância é essencial não apenas para compreender o comportamento adulto, mas também para reencontrar, em Cristo, o caminho da restauração emocional e da saúde mental

Por Patrícia Esteves

No mesmo mês em que o Brasil celebra o Dia das Crianças e o mundo volta os olhos para celebrar o Dia Mundial da Saúde Mental, cresce a consciência de que as feridas emocionais da infância não desaparecem com o tempo. Para muitos, elas apenas mudam de forma.

Em uma de suas ministrações, a pastora Bianca Pagliarini mostra que o processo de cura interior começa quando o adulto permite que Jesus alcance “a criança que ainda vive dentro de nós”.  “A criança que você foi – não importa a idade que você tem – ainda está aqui dentro (…) E o melhor carinho que você pode dar à sua criança vem de Jesus”, afirma.

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O alerta tem fundamento não apenas espiritual, mas também humano. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 50% dos transtornos mentais em adultos têm início antes dos 14 anos de idade. A infância, portanto, é um território de formação da fé, das emoções e das respostas que moldam a vida adulta.

O olhar de Cristo sobre os pequenos

Em Marcos 10:13-16, Jesus repreende os discípulos que tentavam afastar as crianças e declara: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque dos tais é o Reino de Deus”. Bianca relembra esse episódio para afirmar que o gesto de Jesus não é apenas uma lição sobre infância literal, mas também um chamado ao acolhimento interior.

“Hoje você deve conduzir a sua criança a Cristo, não o seu filho, mas a sua criança interior. Conduzir emocionalmente essa criança é o que devemos fazer, porque Jesus ama a sua criança. Sempre amou”, ressalta a pastora.

Bianca propõe um movimento espiritual de reconciliação com o próprio passado. “Algumas ideias e dores da infância continuam vivas em nós. E, muitas vezes, são essas crenças que nos limitam e nos impedem de viver o que Deus tem para nós”, explica.

Traumas silenciosos e saúde mental

Pesquisas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, indicam que experiências adversas na infância – como rejeição, violência doméstica, negligência ou abuso emocional – aumentam significativamente o risco de ansiedade, depressão e doenças crônicas na fase adulta.

No campo espiritual, Bianca relaciona esse impacto com a forma como o inimigo distorce a identidade desde cedo. “O diabo fez de tudo para que você sequer nascesse”, diz ela. “A rejeição é uma das principais armas dele contra o ser humano: sentir-se ridicularizado, não amado, não acolhido do jeitinho que você é”, diz.

Essa rejeição, continua Bianca, mina a autopercepção e produz feridas emocionais que o tempo, por si só, não cura. “Existem coisas que você viveu e nem lembra, mas que marcaram seu caminho, diminuíram seu senso de valor, sua identidade, sua capacidade. Isso é uma arma que o diabo usa para limitar pessoas”, explica a pastora.

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A fé como caminho de restauração

Ao falar de cura emocional, Bianca se apoia em princípios espirituais. Para ela, o processo de libertação começa quando o cristão reconhece sua dor e a coloca diante de Deus.

“Estabeleça a intenção agora”, ensina. “Ore pedindo cura interior. Essa é a sua parte. A outra é deixar que o Senhor faça a dele”.  Essa postura dialoga com o que o apóstolo Paulo escreve em Romanos 12:2, ensina ela: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Para Bianca, é exatamente essa transformação mental e espiritual que permite ao cristão romper os ciclos de autossabotagem e culpa.

Como os pais podem ajudar os filhos a crescerem emocionalmente saudáveis

Se a cura emocional começa no encontro do adulto com sua própria história, o cuidado preventivo começa na infância. Pais emocionalmente presentes – ainda que imperfeitos – são instrumentos de Deus na formação de filhos emocionalmente equilibrados.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) destaca que crianças que crescem em lares com diálogo, afeto e limites estabelecidos têm menor probabilidade de desenvolver transtornos emocionais na adolescência. No contexto cristão, Bianca reforça que a espiritualidade familiar é parte desse cuidado.  “Deus não quer apenas salvar o espírito; Ele quer restaurar a alma. E a alma carrega lembranças, sentimentos, palavras ditas e não ditas que moldaram quem você é”, afirma.

Ela lembra que a fé não substitui o cuidado emocional, mas o sustenta. “A oração dos pais, o exemplo de perdão, o ambiente de amor e segurança em casa são sementes de saúde emocional. Quando uma criança cresce ouvindo que é amada por Deus e pelos pais, ela aprende a se ver com os olhos do Criador”, diz.

Pesquisas da Harvard School of Public Health mostram que crianças criadas em ambientes onde a fé é vivida de forma positiva têm maior resiliência emocional e menor propensão à depressão na fase adulta. A ciência, assim, confirma o que a Bíblia já ensina em Provérbios 22:6, onde está escrito “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”.

Para Bianca, os pais são chamados a espelhar o amor de Deus na vida dos filhos. “O Senhor quer que você ensine o seu filho a orar, mas também quer que ele aprenda, pelo seu exemplo, o que é ser acolhido, ouvido e amado. Isso cura o coração antes que as feridas apareçam”, conclui.

Enquanto o mundo fala sobre saúde mental, a fé, de acordo com a pastora, oferece uma dimensão que a ciência ainda não alcança: a restauração do sentido da existência. Curar-se emocionalmente, ensina Bianca Pagliarini, é também reconciliar-se com a história que Deus escreveu, mesmo quando ela passou por “lugares imperfeitos e vales escuros”.

E, para quem é pai ou mãe, esse processo se amplia. Ao acolher a própria criança interior, o adulto se torna mais capaz de acolher a criança real que Deus lhe confiou. Afinal, a cura que começa dentro de casa se transforma em herança espiritual.

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