“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”
Por Marlon Max
A contextualização sempre foi um desafio para os missionários e teólogos cristãos. Há princípios universais que transcendem as culturas. Eles são verdadeiros em qualquer lugar e em qualquer época. A intenção e ordenança bíblica não supõe a implantação de um ‘cultura cristã’, isto é, a total eliminação cultural de um povo substituída por elementos éticos da cultura judaica-cristã, mas na manifestação do caráter de Cristo em todos. Mas como apresentar e viver o evangelho em diferentes culturas?
Essa é a indagação do teólogo e reverendo Augustus Nicodemus, da Igreja Presbiteriana de Goiânia. Da mesma forma que cada cultura compõe um código moral, muitas vezes essas normas de vida se contrastam com a verdade Bíblica.
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“Adultério, por exemplo, é sempre adultério. Pregar o evangelho numa cultura onde o adultério é visto como normal significa identificá-lo como pecado e lutar contra ele, buscando redimir os adúlteros e adúlteras e restaurar os padrões bíblicos do casamento e da família. Enfim, redimir e transformar a cultura, fazê-la refletir os princípios do Reino de Deus”, explica Nicodemus.
Cultura é o conjunto dos traços característicos do modo de vida de uma sociedade, de uma comunidade ou de um grupo, compreendendo os aspectos que se podem considerar como os mais cotidianos e triviais.
Portanto a cultura nasce de um hábito, da mesma forma que se promove comportamentos que estão alinhados com as instruções bíblicas. Leva tempo, ensino e transmissão de conhecimento de geração para novas gerações.
Em determinadas situações, os dois mundo se chocam — quando a prática cultural de uma comunidade ou povo não reflete o caráter cristão que é nossa bússola.
Em diversos contextos a pregação do evangelho parece não ser adequada. Para o reverendo Augustus Nicodemus, o ensino bíblico nas culturas, mesmo que divergente, possui o poder de transformar a realidade de um povo.
“Dá para ver porque ao longo da história a Igreja cristã foi considerada algumas vezes como obscurantista, reacionária, um gueto contra-cultural. Nem sempre os seus inimigos perceberam que os cristãos, boa parte do tempo, estavam reagindo ao mundo, àquilo que existe de pecaminoso na cultura, e não à cultura em si”, ressalta o teólogo e insiste na necessidade de se separar fatores culturais de elementos pecaminosos advertidos pela Bíblia.