Cuidar do corpo não é vaidade, mas reverência. O cristão que entende que o Espírito Santo habita nele aprende a tratar a saúde como parte da santidade
Por Patrícia Esteves
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm”. O alerta do apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 6:12, vai muito além da moral sexual. Ele toca também em algo atual: a maneira como cuidamos do corpo. Numa cultura em que a aparência é frequentemente colocada acima da essência, o cristão é chamado a uma reflexão diferente – cuidar do corpo não por vaidade, mas por reverência.
No último sábado, dia 11 de outubro, foi celebrado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, e o debate sobre saúde ganha contornos espirituais. Afinal, como conciliar a busca por bem-estar físico com o entendimento bíblico de que o corpo é “templo do Espírito Santo”?
Para o pastor Manoel Alves, da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Missão aos Povos, em Uberlândia/MG, o cuidado com o corpo deve ser visto como parte da vida espiritual. “Quando a Bíblia diz que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, ela está dizendo que ele é morada de Deus. Isso implica zelo, equilíbrio e responsabilidade. Não podemos negligenciar a saúde e, ao mesmo tempo, dizer que vivemos para glorificar o Senhor”, explica.
Segundo ele, há uma diferença nítida entre vaidade e mordomia. “Vaidade é quando o corpo se torna um fim em si mesmo, um ídolo. Mordomia é quando o corpo é cuidado como um meio para servir melhor a Deus e às pessoas. O cristão não busca a estética pela estética, mas cultiva hábitos saudáveis porque reconhece que seu corpo pertence ao Senhor”, destaca o pastor.
O corpo que glorifica a Deus
O apóstolo Paulo reforça essa ideia no mesmo trecho: “Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6:20). A fé se manifesta também nas escolhas visíveis, na alimentação, no descanso, na maneira de lidar com o estresse e até na disposição para o trabalho e o serviço cristão.
O pastor Itamar Crestani, do Ministério Libertos pelo Amor, destaca que muitos crentes associam santidade apenas a questões morais, mas esquecem que o desleixo físico também pode expressar desobediência. “Não é só o pecado sexual que fere o templo do Espírito. A gula, o excesso, a falta de cuidado com o corpo também são formas de profanação. Quando não respeitamos nossos limites, estamos, de certa forma, ferindo aquilo que Deus nos confiou para administrar”, ensina.
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Equilíbrio entre cuidado e intenção
O desafio, afirmam os dois pastores, é manter o equilíbrio entre a disciplina física e a pureza de intenções. Dietas extremas, culto ao corpo e práticas motivadas por aprovação social não se alinham à espiritualidade cristã. “O que nos move deve ser o amor a Deus, não o espelho. Quando o cuidado é expressão de gratidão, ele glorifica o Criador; quando nasce da vaidade, ele rouba a glória de Deus”, observa o pastor Manoel.
O tema ganha relevância diante dos números. Segundo o Ministério da Saúde, quase 60% dos brasileiros estão acima do peso. E, embora nem toda obesidade esteja ligada a pecado ou falta de disciplina, o assunto pede consciência e responsabilidade. “Não é sobre julgamento, é sobre sabedoria. Cada corpo é único, e o cuidado precisa ser visto como parte do amor a Deus e a si mesmo”, afirma Itamar Crestani,
A fé propõe o caminho, segundo o pastor Manoel, de cuidar do corpo como quem cuida de um templo. Comer com equilíbrio, repousar com gratidão, exercitar-se com propósito. Como lembra Paulo, fomos comprados por bom preço, e viver com essa consciência transforma até os gestos mais simples em atos de adoração.

