back to top
29.9 C
Vitória
sexta-feira, 7 DE fevereiro DE 2025

Cuidado com os filhos no divórcio

Quanto mais “equilibrado” for o processo de separação, menores serão os efeitos negativos sobre os filhos. Menores, mas nunca “inexistentes”

Por Sergio Leoto e Magali Leoto

Dificilmente, encontraremos um casal que se une, nutrindo o pensamento de se divorciar. Especialmente quando são pessoas verdadeiramente comprometidas com o Senhor Jesus. Mas o tempo passa, problemas surgem, erros são cometidos, o pecado e a intolerância prevalecem, e os divórcios têm acontecido com frequência cada vez maior. Se o divórcio fosse bom, não seria tão detestado pelo Criador: “Deus odeia o divórcio” (Ml 2:16).

Muitas dessas separações, descritas pelos cônjuges como “inevitáveis”, na verdade poderiam ser evitadas. Motivos “frágeis” e egoístas aparecem com frequência cada vez maior como justificativa de um rompimento. Homem e mulher estão tão feridos por desentendimentos, estresse e mágoas por ataques pessoais que quase não pensam no efeito desastroso que o fim de um casamento pode gerar em seus filhos.

- Publicidade -

As implicações e as consequências de um rompimento conjugal são numerosas. Além do desgaste físico e emocional vivido pelos próprios cônjuges, são afetados também os que lhes são mais próximos, como familiares, amigos, igreja etc. Poucos sofrem tanto com a separação como sofrem os filhos, especialmente quando são pequenos.

A literatura especializada na área de Psicologia aponta que é grande a possibilidade de ocorrerem sintomas negativos em filhos de pais que se separam, como melancolia, depressão, baixo índice de aprendizado, dificuldades de confiar ou de se relacionar com pessoas, distúrbios de fala, hiperatividade, violência e baixa autoestima, entre outros.

Esses efeitos podem e devem ser minimizados pelos pais, pois a forma como as crianças são afetadas nas separações está intimamente relacionada à forma como se dá o rompimento. Quanto mais “equilibrado” for o processo de separação, menores serão os efeitos negativos sobre os filhos. Menores, mas nunca “inexistentes”.

O professor Dave Riley, da Universidade de Madison, EUA, dividiu os grupos de divorciados em dois: os que se tratavam civilizadamente e os que viviam em conflito. Os filhos dos primeiros iam bem na escola e eram tão saudáveis emocionalmente quanto os filhos de casais ”estáveis”. Os do segundo grupo tinham mais problemas, mas em proporção semelhante à dos filhos de pais casados que viviam brigando.

Segundo ele, são cinco os fatores que podem prejudicar as crianças no divórcio:
1. Se o pai ou a mãe ”desaparece” após a separação;
2. Se as crianças passam por dificuldades econômicas;
3. Se o número de irmãos é muito grande (fica mais difícil cuidar de todos);
4. Se o adulto que tem a guarda ou algum dos filhos sofre de depressão prolongada;
5. Se o divórcio faz a criança se afastar de sua rede de amigos e parentes – por exemplo, mudando de cidade. (fonte: Revista Época no. 349, “Filhos do Divórcio”).

A terapeuta Maria Teresa Maldonado diz que hoje o estudo de família não trata mais os filhos de pais separados como problemáticos em potencial. ”Qualquer organização familiar, de casal casado ou separado, pode ser harmônica ou desarmônica. O que determina isso é o nível de conflito”, afirma. Claro, não é sempre que tudo vai às mil maravilhas. Muitos pais e mães separados costumam verbalizar sua raiva do ex-cônjuge na frente da criança e, às vezes, tentam destruir a imagem do outro para o filho.

”Nesses casos, a criança vive o chamado trauma da deslealdade, em que se sente obrigada a tomar partido de um dos pais. Isso, sim, afeta sua autoestima e sua segurança”, diz. (Época, idem).

Algumas formas e orientações que podem ajudar a lidar com os filhos no divórcio são citadas por vários psicólogos e incluem:

  • Mesmo que os filhos tenham assistido a brigas dos pais, na hora de comunicar a separação, deve-se manter a calma. Os dois, juntos, devem se reunir com os filhos, para informá-los da decisão.
  • Faça as crianças compreenderem que não foram elas que provocaram a separação.
    Explicar às crianças as razões para a separação, usando o bom senso como guia.
    Deixar claro que continuarão a ser pai e mãe, apesar de não mais estarem casados. Mostrem sempre respeito um pelo outro.
  • Deixe a criança expressar os sentimentos dela sobre a separação. Filhos que agem muito tranquilamente à decisão muitas vezes escondem seus verdadeiros sentimentos, o que pode ser prejudicial num futuro próximo.
  • Fazer com que avós, tios ou outros adultos de confiança também conversem com as crianças sobre a separação pode ajudar.
  • Não minta ou retenha informações da criança, pois compreender os fatos irá ajudá-la na elaboração e na adaptação que se fará necessária.
  • Seja sensível às reações da criança e transmita segurança. Demonstre amor e compromisso para com elas.
  • Perceba o comportamento da criança e considere que esse comportamento deve estar adequado à sua fase de desenvolvimento.
  • Escola e outros lugares onde as crianças exercem atividades devem ser informados da separação, para que observem possíveis mudanças de comportamento.
  • Permita o tempo necessário, para que a criança se adapte à nova situação da separação.
  • Ajude a manter as crianças nas rotinas habituais.
  • Determine a guarda, baseada em uma decisão racional que atenda às necessidades e aos melhores interesses das crianças.
  • Não é bom discutir questões como dinheiro ou regras de visitação diante das crianças, especialmente se houver algum tipo de discordância sobre o assunto. É recomendável debater essas questões em outro momento.
  • Mantenha contatos regulares, entre os pais e os filhos ausentes.
  • Não espere que um filho vá preencher o lugar do pai ou da mãe ausente. Não altere o amor ou a lealdade dos filhos para com o outro progenitor.
  • Não peça à criança para tomar partido contra o outro progenitor.
  • Não diga coisas más sobre o outro progenitor.
  • Não tente comprar o afeto da criança com brinquedos ou passeios.
  • Não utilize as crianças como mensageiras ou questionando-as sobre o outro progenitor.
  • Dedique um tempo sozinho com cada criança, para que ela se sinta como um indivíduo especial.

Ao leitor que está divorciado, esses conselhos são “cuidados obrigatórios”, pelo amor que se tem aos filhos. Mas aos leitores que ainda não se divorciaram, servirão de “alerta”. Casais em dificuldades podem e devem buscar ajuda.

Já existem conselheiros matrimoniais, pastores e psicólogos cristãos especializados nesse tipo de aconselhamento. Aquilo que parece “muito difícil” torna-se mais tranquilo quando uma pessoa experiente (que já ajudou vários casais com o mesmo tipo de problema) ouve e ajuda.

Pensem em vocês, mas pensem muito mais naqueles que são fruto do amor que tiveram quando tudo estava bem: seus filhos! Cedam um pouco mais, tentem um pouco mais, busquem ajuda um pouco mais – a saúde física, psicológica e espiritual de seus filhos está em jogo! Vocês verão que vai valer a pena!

Sergio Leoto é missionário da SEPAL” (Servindo aos Pastores e Líderes).

Magali Leoto é missionária da SEPAL, psicóloga clínica, membro sênior do CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos).

Literatura indicada: “Ajudando os filhos a sobreviverem ao divórcio”. Autor: Archibald D. Hart Editora Mundo Cristão.

 

Receba notícias no seu WhatsApp

Receba as novidades no seu e-mail

Acompanhe nosso canal no Google news

Mais Artigos

- Publicidade -

Comunhão Digital

Continua após a publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

Entrevistas