As tradições natalinas costumam ser tão belas quanto os enfeites. Entretanto, não podemos nos esquecer de que elas jamais substituirão o fulgor da verdadeira Luz
Por Marcelo Aguiar
As festas natalinas estão associadas a várias tradições. Existe a troca de presentes, a ceia de confraternização, as músicas de época, a brincadeira de Amigo X… e, é claro, existem as luzes do Natal. A cada ano as cidades, shoppings e residências procuram se enfeitar para comemorar a data festiva. Os enfeites luminosos encantam tanto crianças quanto adultos. O brilho das lâmpadas piscando anuncia que estamos em um tempo de paz, reflexão, solidariedade e gratidão. Deus enviou seu Filho ao mundo. E, por isso, há motivo para alegria e esperança.
O Natal sempre esteve associado à luz. Séculos antes do nascimento de Cristo, o profeta comparou o evento a um clarão em noite escura. “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz”, disse ele (Isaías 9.2). Um refulgente coral de anjos iluminou a noite de Belém, cantando: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lucas 2.14). E não podemos esquecer, é claro, da estrela brilhante que guiou os magos desde o oriente, “até que, chegando, parou sobre onde estava o menino” (Mateus 2.9).
É possível que tenham sido esses eventos que levaram os cristãos, muitos anos mais tarde, a comemorarem o nascimento do Salvador com luzes. Uma das tradições mais antigas vem da Áustria. Ali, numa pequena vila, vivia um bondoso sapateiro. Para ajudar os cansados trabalhadores a encontrarem o caminho de suas casas à noite, ele costumava colocar uma vela acesa em sua janela. Numa véspera de Natal, todos os moradores decidiram imitar o gesto do amável senhor, colocando, em suas janelas, velas acesas. Na manhã seguinte, depararam-se com duas surpresas: um manto de neve cobria de branco todas as casas (fato não verificado havia muitos anos), e mensageiros chegaram com a notícia do término de uma terrível guerra (que assolava o país havia muito tempo). Desde então, os moradores passaram a sempre acender suas velas na véspera de Natal.
As histórias e tradições natalinas costumam ser tão belas quanto os enfeites. Entretanto, por mais que apreciemos as velas e as lâmpadas, não podemos nos esquecer de que elas jamais substituirão o fulgor da verdadeira Luz. Afinal, não ignoramos que as mesmas ruas que ostentam guirlandas são aquelas em que crimes são cometidos; que as mesmas casas que abrigam pinheirinhos são aquelas em que prevalece o conflito; que a mesma época do ano que alegra a muitos evoca, em outros, melancolia e solidão. Milhões de microlâmpadas não seriam suficientes para dissipar as trevas de uma cidade ou de uma alma. Só a presença de Jesus faz isso.
É um Natal sem luz aquele vivido na ausência de Cristo. Aquele que se resume à troca de cartões e abraços. Aquele que se esgota nas ceias fartas e nos presentes caros. Aquele que ignora que Jesus é a luz do mundo e da vida. Infelizmente, esse é o Natal de muitos: um Natal de sombras que não podem ser dissipadas por lâmpadas a piscar. Não é, porém, um Natal inevitável. Pois em Cristo Deus está conosco, acessível, pronto a salvar, transformar e abençoar. Ele ilumina a noite da alma e resgata os que o seguem da escuridão. Se quisermos ver a luz mais brilhante do Natal, não devemos nos dirigir a praças, avenidas ou shoppings. Precisamos encontrá-la dentro do coração.


Louvado seja Cristo, a Luz do Natal!
Marcelo Aguiar é pastor da Igreja Batista em Mata da Praia, em Vitória, Espírito Santo