Em carta ao presidente Donald Trump e ao secretário de Estado Marco Rubio, os líderes pedem que os EUA intervenham para garantir a devolução de mais de 19 mil menores ucranianos raptados pelo governo russo
Por Patricia Scott
Líderes cristãos e organizações religiosas dos Estados Unidos pressionam para que a Rússia devolva mais de 19 mil crianças ucranianas levadas à força durante a guerra. Para ajudar nesse processo, eles apelaram de maneira formal ao governo norte-americano a partir de uma carta enviada na última semana ao presidente Donald Trump e ao secretário de Estado Marco Rubio, denunciando os sequestros.
O documento afirma que as forças russas retiraram as crianças da Ucrânia durante a invasão iniciada em fevereiro de 2022 – conflito que completou três anos em fevereiro deste ano. Segundo os signatários, os menores, com idades entre quatro meses e 17 anos, foram submetidos a reeducação política, treinamentos militares e assimilação forçada à cultura russa.
“Muitas dessas crianças foram adotadas ilegalmente por famílias russas, tiveram suas identidades ucranianas apagadas com alteração de certidões de nascimento, e foram privadas de contato com seus familiares”, destaca a carta. Os líderes também relatam abusos físicos e negligência alimentar e médica.
Os líderes pedem que os Estados Unidos condicionem qualquer avanço nas negociações de paz entre Ucrânia e Rússia à devolução imediata das crianças sequestradas. “Nenhum acordo de paz deve ser assinado até que todas as crianças ucranianas sejam devolvidas às suas famílias, sem pré-condições”, afirmam.
Eles também alertam que os menores não devem ser utilizados como moeda de troca nas negociações diplomáticas. “Sua segurança, dignidade e direito de reunificação familiar são inegociáveis.”
Brent Leatherwood, presidente da ERLC, classificou a deportação e o abuso das crianças como um ato “maligno” e pediu ação imediata do governo dos EUA. “É dever moral e legal garantir que essas crianças retornem com segurança. Peço ao presidente Trump e ao secretário Rubio que liderem com coragem e clareza moral para garantir sua liberdade”, disse.
A iniciativa é liderada por Myal Greene, presidente da organização humanitária evangélica World Relief. Entre os co-signatários estão a Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul (ERLC), o Instituto de Religião e Democracia, Our Daily Bread Ministries, o Land Center for Cultural Engagement do Seminário Teológico Batista Southwestern, e a reverenda Rona Tyndall, da Igreja Unida de Cristo.
A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando o presidente russo Vladimir Putin ordenou a invasão do país, sob o pretexto de apoiar movimentos separatistas pró-Rússia no leste ucraniano. Desde então, o governo ucraniano tem resistido ao avanço russo com o apoio militar e financeiro de aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos.

