Especialistas alertam para a “misoginia com esteroides” da política trans, que redefine os limites da proteção às mulheres e da liberdade de expressão
Por Patrícia Esteves
Durante uma conferência de terapeutas cristãos na Polônia, Glenn Stanton, representante da organização Focus on the Family, trouxe à tona uma preocupação urgente: “A ideologia transgênero é profundamente misógina, e os cristãos devem agir para proteger tanto as mulheres quanto a feminilidade.” Stanton argumentou que o movimento LGBTQIA+ se tornou “anti-mulher” e está se dividindo em meio aos debates sobre identidade de gênero.
Em suas palavras, “mulheres são as principais vítimas. A política trans se apresenta como um novo patriarcado: homens ditando o que as mulheres devem aceitar. Trata-se de uma nova forma de misoginia, que apaga o feminino em um sentido significativo”.
Stanton reforçou a ideia de que a feminilidade, sendo uma qualidade humana única, merece ser protegida. Ele expressou preocupação com a crescente violência contra feministas e mulheres que ousam se opor à ideologia de gênero. Como exemplo, citou a polêmica inclusão de “mulheres trans” no esporte e em prisões femininas, onde, segundo ele, alguns homens “aproveitam-se do sistema”.
“São homens, e precisamos ter a coragem de dizer isso”, comentou Stanton. Para ele, essa nova imposição é o “pior tipo de patriarcado,” citando a censura e as ameaças sofridas por mulheres que se opõem a essas políticas.
Ao refletir sobre as mudanças culturais, Stanton lamentou o declínio do liberalismo clássico, onde as divergências de opinião eram respeitadas. Compartilhando uma experiência pessoal, ele relembrou o impacto de ter sido “cancelado” e destacou que muitos ainda serão feridos à medida que as regras continuarem mudando. Segundo Stanton, os cristãos devem resistir às pressões que tentam impor uma linguagem contrária às suas convicções, ao mesmo tempo em que oferecem compaixão àqueles que realmente sofrem com a disforia de gênero.
“Estamos deixando de ajudar quem verdadeiramente sofre para lidar com uma situação em que muitos estão fingindo, e isso não é sustentável”, disse ele, comentando sobre a crescente confusão em torno das identidades de gênero.
A conferência da qual Stanton participou foi promovida pela Fundação Internacional para Escolha Terapêutica e Aconselhamento (IFTCC), que reuniu mais de 140 terapeutas cristãos de 28 países. O foco do encontro foi discutir maneiras de auxiliar pessoas que desejam se distanciar da atração pelo mesmo sexo ou da disforia de gênero.
Stanton também fez uma crítica à imposição de uma “cultura unissex” e comparou o transgenerismo a um dogma religioso. Para ele, a solução está em reconectar sexualidade e gênero, incentivando uma resistência firme ao uso obrigatório de pronomes preferenciais.
Outros palestrantes também destacaram os impactos nas liberdades civis. Felix Boellmann, da Alliance Defending Freedom International, por exemplo, alertou para a recente aprovação de leis de autoidentificação de gênero na Alemanha, que permitirão que menores de 14 anos mudem seu gênero legal com o consentimento dos pais. No entanto, se os pais se recusarem a aprovar essa transição, tribunais poderão intervir.
Boellmann mencionou ainda um caso na Suíça, onde pais enfrentam a possibilidade de perder a guarda dos filhos por não apoiarem a transição de gênero dos menores, gerando uma complexa batalha judicial. Ele criticou a rapidez com que decisões tão impactantes estão sendo tomadas, sem o devido cuidado que a situação requer, especialmente quando se trata de menores de idade.
Na Noruega, Ole Gramstad Jensen, advogado de direitos humanos, trouxe outra perspectiva ao discutir a amplitude da proibição à terapia de conversão, que, segundo ele, chegou a incluir até mesmo orações. Para Jensen, é contraditório permitir que jovens de 16 anos explorem sua sexualidade, mas impedir que busquem apoio para a heterossexualidade.
O pesquisador Paul Sullins também fez críticas à comunidade acadêmica, referindo-se à dificuldade de publicar estudos conservadores, especialmente em áreas como a pesquisa pró-vida. Segundo Sullins, o cenário acadêmico liberal se assemelha a um “culto religioso”, onde apenas as ideias aceitas pelo mainstream podem ser debatidas.
Paul Diamond, advogado britânico de direitos humanos, completou o debate ao ressaltar como termos como “diversidade” e “inclusão” estão sendo usados para silenciar vozes conservadoras, com leis de crimes de ódio sendo manipuladas para suprimir a liberdade de expressão.