Os ataques variam desde intimidação e extorsão até agressões diretas a locais de culto e seus líderes
Por Patricia Scott
Embora a maioria da população do México seja cristã, muitos seguidores de Jesus enfrentam perseguição, especialmente por parte de gangues criminosas, cartéis de drogas e grupos indígenas. A presença crescente desses grupos em várias regiões do país coloca os cristãos em uma situação de vulnerabilidade diante da escalada da violência. Os ataques variam desde intimidação e extorsão até agressões diretas a locais de culto e seus líderes.
Conforme o departamento de pesquisa da Portas Abertas México, em 2024, foram registrados 57 incidentes provocados pelo crime organizado em apenas cinco meses. Esses incidentes incluem desde ameaças e extorsões até ataques a igrejas e seus líderes.
Marcos Lora (pseudônimo por questões de segurança), um missionário mexicano, relata: “Estamos sendo vigiados porque as crianças são potenciais recursos humanos para os cartéis. Nossos ensinamentos representam uma ameaça aos interesses deles.”
A violência também leva muitos cristãos mexicanos a se deslocarem forçados para proteger suas vidas, deixando suas casas e ministérios para trás. A Portas Abertas alerta que essa situação ameaça não apenas a segurança física da comunidade cristã local, mas também a liberdade de praticar a fé em um ambiente cada vez mais hostil. Muitos cristãos são vistos como obstáculos aos interesses dos cartéis e, por isso, estão sob vigilância constante, sendo, em alguns casos, ameaçados de morte.
Crime organizado
O crime organizado é um desafio não apenas para os cristãos, mas também para aqueles que não professam nenhuma religião, para as autoridades locais e para a equipe da Portas Abertas, que serve as igrejas nessas áreas. O México ocupa a 31ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que classifica os 50 países com maior perseguição aos cristãos.
Os cristãos que se opõem às atividades criminosas ou que atuam em projetos comunitários ou evangelísticos – especialmente com jovens, dependentes químicos e migrantes – são considerados uma ameaça, tornando-se alvos. Em algumas situações, filhos de líderes cristãos ou crianças de igrejas também se tornam alvos valiosos.
Além disso, em certas comunidades indígenas, aqueles que optam por abandonar as crenças tradicionais para seguir Jesus enfrentam marginalização, multas, prisão e até deslocamento forçado. Como os líderes indígenas administram a justiça nessas áreas, os cristãos não têm a quem recorrer para investigar violações ou proteger sua liberdade religiosa. As famílias cristãs também podem sofrer assédio por parte da comunidade, incluindo danos às propriedades, restrição de acesso à educação para os filhos e ameaças.
Apesar de ser um estado estritamente secular, o México tem visto um aumento na hostilidade em relação à fé cristã e seus valores. Assim, as expressões públicas do cristianismo enfrentam uma fiscalização legal cada vez mais rigorosa.

