Peter Mead destaca diversos fatores que têm contribuído para o colapso da mente de muitos pastores, que precisam de apoio e compreensão
Por Patricia Scott
O esgotamento físico e mental entre os pastores deixou de ser uma novidade e tornou-se uma realidade cada vez mais comum, de acordo com o pastor britânico Peter Mead, doutor pelo Seminário Teológico Gordon-Conwell. Em artigo publicado no próprio site, ele elenca vários motivos que têm levado um número crescente de líderes a enfrentarem colapsos mentais.
Um dos principais fatores, segundo Mead, é a ideia equivocada de que pastores são imunes ao esgotamento. Ao contrário de outras pessoas, há uma expectativa de que os líderes espirituais estejam sempre dispostos e suficientemente fortes para cuidar de suas congregações.
Isso cria uma pressão, conforme Peter, para que eles não recorram a tratamentos, como medicação, mesmo quando necessário, e os leva a acreditar que a igreja sofrerá se precisarem dar uma pausa no trabalho, ainda que por um breve período. “Os pastores carregam fardos que nenhum ser humano deveria carregar sozinho”, afirma Mead. Ele cita, como exemplo, uma igreja dividida ou um membro da família enfrentando uma doença grave, situações que podem aumentar ainda mais a carga emocional do líder.
Além disso, fatores como conflitos familiares, dificuldades financeiras não compartilhadas com a congregação, problemas conjugais e a autocobrança para atender às altas expectativas da comunidade também são mencionados por Mead como contribuintes para o esgotamento. Esses fatores podem sobrecarregar a alma do ministro e se transformar em uma “tempestade perfeita” quando se combinam de forma simultânea.
Mead também destaca o impacto da “cultura do cancelamento” — um fenômeno social contemporâneo em que os líderes são rapidamente expostos e julgados, muitas vezes sem uma análise profunda. Esse ambiente de crescente ansiedade social, no qual a crítica e o julgamento surgem antes da compreensão, também tem seu papel no desgaste emocional dos pastores.
Ele ainda aponta que o contexto cultural atual, que se torna cada vez mais antagonista à fé cristã, tem exigido que os líderes se adaptem continuamente a novos desafios. Esses desafios vão desde tensões políticas até o controle sobre informações e liberdades civis, o que contribui ainda mais para o aumento do estresse entre os ministros.
Por fim, Mead faz um apelo à conscientização dos cristãos para que os pastores não enfrentem sozinhos suas dificuldades emocionais, psicológicas e sociais. Ele reforça a importância de que os líderes recebam apoio e compreensão, assim como qualquer outra pessoa.
“Se você perceber que seu pastor está lidando com ansiedade, tensão ou até raiva, seja proativo. Ore por ele, mas também converse com ele. Certifique-se de que ele não esteja carregando seus fardos sozinhos. Eles estão sempre dispostos a apoiar os outros em suas dificuldades. Garanta que alguém esteja ao lado deles também”, conclui Mead.