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quinta-feira, 28 março 2024

Crentes marginais

Já é possível observar o volume crescente de crentes nas grandes metrópoles que não estão conseguindo se ajustar à realidade das igrejas contemporâneas e vivem à margem ou fora do convívio eclesiástico, ou mesmo perambulando de igreja em igreja em busca de um Evangelho significativo.

Essa questão não tem mais como ser desprezada, nem esse contingente pode continuar sendo chamado “turista”. Será que essa situação não estaria indicando que a Igreja, em geral, estaria deixando de cumprir de forma completa a sua missão?

De um lado, reduzimos o Cristianismo a atividades eclesiásticas sem fim. Ser cristão é simplesmente ser operário na igreja, é cantar no coro, é contribuir para a igreja e nunca dizer “não” a qualquer cargo no momento da eleição. De outro lado, em muitos lugares o culto se tornou um mero show gospel com música artisticamente impecável, sermões recheados de chavões que podem ser encontrados em qualquer curso de retórica. Mas também é possível observar que, em muitas igrejas, o Evangelho se tornou mera mercadoria, bem simbólico que pode ser comprado e vendido a troco de dinheiro que sai do bolso do “cliente” e vai para o caixa da igreja com promessas de bênção garantida bem ao estilo de algum “despacho” gospel, que transforma Deus de Senhor-Proprietário em garçom.

Mas temos ainda a teologia salvacionista que focaliza meramente a salvação, transformando-a num fim em si mesma, deixando de lado o seu motivo principal – romper a barreira do pecado e da condenação para levar a pessoa salva a ter condições de viver para a glória de Deus no seu dia a dia por meio de decisões eticamente comprometidas com um Cristianismo autêntico, integral, real e concreto que envolva todas as áreas da vida.

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É o Evangelho todo para toda pessoa e para a pessoa toda, tão central na mensagem de Lausanne I e não meramente uma apólice contra o incêndio do inferno.

Parece-me que, com todo esse desvio do rumo bíblico da vida de muitas igrejas, o Evangelho acaba se tornando tão superficial que não afeta efetivamente as vidas. Investimos em eventos, mas eventos não transformam vidas; prega-se um evangelho que traz prosperidade, mas que não transforma os corações, não coloca as pessoas aos pés do Mestre, não leva ninguém ao altar da rendição e ao arrependimento, apenas reforça as mazelas do coração.

Assim, conversando com dezenas e dezenas de crentes espalhados pelo nosso país, tenho descoberto que muitos estão literalmente perambulando em busca de um Evangelho significativo, bíblico e concretizável em sua vida não apenas eclesiástica, mas também pessoal, afetiva, social, profissional. É verdade que muitos demonstram estar buscando gurus que possam lhes dizer o que gostariam de ouvir, mas um número sem conta deseja um compromisso real com o Mestre. Será que teremos de criar também igrejas marginais?

Pr. Lourenço Stelio Rega

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