Comer um fast food de vez em quando não é pecado, afinal, ninguém é de ferro! Mas o povo cristão relaxou na alimentação, cedendo a todo tipo de entulho alimentar
Por Atilano Muradas
Um ditado clássico do evangeliquês é: “Crente não bebe, mas come que só!” Na verdade, crente não só não bebe bebida alcoólica, como também não fuma e não usa drogas. Porém, ele come feito um leão esfomeado, esganado, como alguém perdido no deserto há 2 meses, avançando na mesa de salgadinhos como um crente que não tem certeza se estará nas Bodas do Cordeiro, então, já come tudo que pode logo agora. Vai que do outro lado não tem comida.
Nas igrejas acontecem festas toda semana, o que é uma bênção, afinal, a vida com Deus é mesmo uma alegria e o Corpo de Cristo deve viver festejando isso. Contudo, o problema é que junto com a alegria vem comida na mesma quantidade ou mais. Mas não é comida saudável como a que pediu o jovem Daniel e seus amigos. Ah, se eles vissem as nossas festas atuais… O lance hoje é comer as iguarias do rei: carnes gordurosas, frituras em abundância, refrigerantes de todo tipo, salsichas, pães, chips, doces, bolos, ou seja, “bastante” sal e açúcar. E quando eu digo “bastante”, é bastante mesmo.
Essas aí são as festas dos crentes, os mesmos que dizem de “boca cheia” que seus corpos são templo do Espírito Santo e que por isso não bebem e nem fumam, conhecimento baseado em 1Coríntios 3.16,17: “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá. Porque o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado”. Fico pensando: “Ou não entenderam ou não querem entender o versículo ou não associam a realidade de que toda essa comilança destrói seus corpos. Ou, numa piada de mal gosto, estão competindo quem tem o maior templo do Espírito Santo. Aliás, isso já nem é engraçado mais, pois arrastar um enorme corpo já virou filme de terror na vida de muitos irmãos e irmãs.
Assim, não façamos mais rodeios: os crentes também estão ficando gordos, barrigudos, obesos, e cheios de doenças advindas da má alimentação que estão praticando. Ser gordo devido a algum problema hormonal ou outra causa é uma coisa, agora, tornar-se gordo em excesso por se entupir de lixo produzido pela indústria alimentícia é desobedecer e ignorar completamente o que Deus orienta. É cegueira espiritual tal qual à dos ímpios que não compreendem o Evangelho.
A Igreja é composta por gente estudada, então deveria ser a maior promotora da boa alimentação, das frutas e verduras, dietas, jejuns, cuidado com o corpo e exercícios físicos. Comer um fast food de vez em quando não é pecado, afinal, ninguém é de ferro! Mas o nosso povo cristão “relaxou de vez” na alimentação, cedendo a todo tipo de entulho alimentar “comprovadamente” ruim para o corpo. Não adianta nutrir o espírito com estudos bíblicos e orações, alimentar a alma com palavras de autoajuda, e deixar o corpo, que é a casa do Espírito Santo, se afogando no mar dos açúcares e das gorduras saturadas.
Portanto, os cristãos precisam tomar atitude e parar de alimentar a indústria fast food que, por sua vez, engorda a indústria médica e farmacêutica. E depois vem aquele monte de irmãos pedir oração porque está com diabetes, câncer, obesidade, osteoporose, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, anemia, hipertensão arterial, colesterol, pedra na vesícula… Aliás, pedem oração os que seguem sobrevivendo, porque muita gente, infelizmente, já foi pra o outro lado da vida “antes da hora” por causa de má alimentação. É insuficiente apenas não beber, não fumar e não usar drogas. É preciso também deixar de comer alimentos reconhecidamente nocivos ao corpo, pois quem destrói o próprio santuário já sabe: Deus o destruirá! Não adianta ser cobra em João 3.16. Tem que ser bom em 1Coríntios 3.16,17 também.
Atilano Muradas é jornalista, teólogo, escritor e compositor