Há mais de 20 anos, o país permanece como um local extremamente hostil para os seguidores de Jesus viverem
Por Patricia Scott
A Coreia do Norte passa por uma crise alimentar crítica, segundo especialistas. O país está habituado à escassez crônica de alimentos, mas os controles de fronteira, o mau tempo e as sanções governamentais agravaram a situação nos últimos anos.
Imagens de satélite das autoridades sul-coreanas mostram que o Norte produziu 180 mil toneladas a menos de alimentos em 2022 do que em 2021. A Coreia do Norte é classificada como um dos países mais pobres do mundo.
Para tentar reabastecer os depósitos de alimento, o governo norte-coreano lançou uma “campanha de mobilização rural”, que “convida” soldados e pessoas que não faziam parte da agricultura para trabalhar nas plantações. A informação é da Missão Portas Abertas, que diz ainda que o trabalho na agricultura costuma ser muito difícil, com jornadas longas de trabalho duro e, com frequência, de estômago vazio. “Os agricultores enfrentam a falta de pessoas para trabalhar no campo ainda mais sem a garantia do alimento durante o trabalho”.
Com o objetivo de amenizar a crise, o governo anunciou importação de arroz. No entanto, a medida não alimenta esperança dos norte-coreanos. “Cristãos norte-coreanos contaram que a comida importada é distribuída primeiro entre os altos oficiais do governo e depois para os soldados. Apenas uma pequena parte vai para o mercado para as pessoas comuns. Por isso a fome é permanente em todo o país”, compartilha Simon, parceiro de Portas Abertas.
Vale salientar que preço dos alimentos aumentou exponencialmente. Um quilograma de milho, por exemplo, custa 2.500 wons norte-coreanas (aproximadamente US$ 3), o que equivale a praticamente metade do salário que um norte-coreano recebe por mês, que oscila entre cinco e 10 mil wons.
Perseguição aos cristãos
A Coreia do Norte está na primeira posição da Lista Mundial da Perseguição 2023 elaborada por Portas Abertas. Há mais de 20 anos, o país permanece como um local extremamente hostil para os cristãos viverem.
De acordo com a instituição missionária, se descobertos pelas autoridades, os cristãos são enviados para campos de trabalho forçado como prisioneiros políticos, onde as condições são cruéis, ou mortos no local. A família deles compartilhará do mesmo destino. “Cristãos não têm absolutamente nenhuma liberdade”.
É quase impossível para cristãos se reunirem ou se encontrarem para cultuar. Aqueles que arriscam se encontrar faz em sigilo absoluto — e sob enorme risco. Uma nova “lei do pensamento antirreacionário” torna amplamente claro que ser cristão ou possuir uma Bíblia é um crime sério e será severamente punido.
Em 2022, um relatório publicado pela Associação Internacional de Advogados e Comitê de Direitos Humanos na Coreia do Norte revela que cristãos são alvos e expostos a tortura em prisões norte-coreanas. “Os períodos de detenção são documentados como sendo mais longos para os cristãos do que para outros grupos, testemunhas relataram que ‘cristãos identificados são interrogados por longos períodos, geralmente sob tortura’ e sujeitos a algumas das piores formas de tortura para forçá-los a incriminar outros durante o interrogatório”, alerta o documento.
Portas Abertas explica que o motivo para tal perseguição extrema é que o cristianismo é visto como uma ameaça específica à ideologia ditatorial e ao regime do país. Assim, os cristãos são vistos como inimigos da liderança governamental e da sociedade no geral.
Ajuda e amor
Cristãos norte-coreanos têm ajudando os vizinhos. “Eles compartilham o alimento, remédios e outros itens de necessidade básica, mesmo que a comida não seja suficiente para eles próprios”, revela Simon.
Ele conta que “os cristãos secretos estão praticando o amor de Deus nos bastidores e agradecem as orações e encorajamento da igreja livre. Toda a glória a Deus que tem alimentado os seus filhos nesse terrível período de fome”.
Ajuda aos cristãos
A partir de redes secretas na China, os colaboradores secretos da Portas Abertas mantêm 80 mil cristãos norte-coreanos. Eles também fornecem abrigo e treinamento de discipulado para refugiados norte-coreanos em casas seguras na China.
Seguir a Jesus pode significar a privação de direitos humanos básicos como alimentos, água e remédios. Saiba como e ajude cristãos que vivem essa situação. Eles precisam saber que não estão sozinhos.