22.1 C
Vitória
sábado, 20 abril 2024

Controvérsias assustadoras VI

“Modismos antropocêntricos restringem as referências históricas nos cânticos contemporâneos e, assim, há cultos que se transformam em shows”

Por Clovis Rosa Nery

A série de artigos intitulada “Controvérsias assustadoras” são sinopses de capítulos do livro “Desvios”. Acompanhe o artigo anterior aqui.

O louvor deve apontar exclusivamente para Deus, porque o culto é d’Ele, e para agradar a Ele. A música tem um papel fundamental, mas cantar apenas não é cultuar a Deus no sentido pleno. É com esse entendimento que as músicas do culto cristão devem ser criteriosamente e cuidadosamente escolhidas. Elas não podem tomar o lugar da Palavra.

A diversificação dos estilos musicais é benéfica, porque atinge pessoas distintas, e de faixas etárias diferentes. A Bíblia fala em levantar a voz com alegria, por meio de Salmos, hinos e cânticos, num louvor com instrumentos musicais como harpas, alaúdes e címbalos.

- Continua após a publicidade -

No Velho Testamento, há registros de momentos alegres, quando o povo de Deus expressava-se com danças. Contudo, não no templo. Os antigos levavam a sério o nome do Senhor e a orientação “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus” (Eclesiastes 5:1). Se pudéssemos voltar na História, perceberíamos que temos muito a aprender com Eles. Os Salmos, hinário deles, contêm hinos de gratidão, reconhecimento da grandeza e da bondade de Deus, confiança e expressão de fé sempre apontando para o Criador como o centro e o motivo do louvor.

Modismos antropocêntricos restringem as referências históricas nos cânticos contemporâneos e, assim, há cultos que se transformam em shows. É obvio que manifestações sinceras, com júbilo, são legítimas; mas hoje em dia, em alguns lugares, os limites do razoável são extrapolados. Priorizar práticas seculares em detrimento à Palavra é risco, porque agrada a homens e desagrada a Deus.

Assusta-nos quando, no início da celebração, ouvimos belas palavras sobre Jesus e a salvação; mas, em seguida, uma espécie de espírito roqueiro, desinibido e sensual baixa sobre a congregação, afirma o pastor David Wilkerson. Enquanto isso Deus está dizendo: “[…] o meu povo me deixou, […], e cavou para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:13).

Se na antiguidade as músicas do povo de Deus eram os Salmos, o que dizer de nossas músicas contemporâneas? Nossos clássicos hinos, patrimônios históricos substancialmente ricos teologicamente, cujas letras são caracterizadas por profundas mensagens de adoração a Deus pelo que Ele é, e louvor pelo que Ele realiza em nossas vidas costumam ser descartados por conta de cânticos, muitos dos quais, propagadores de mensagens superficiais, emocionais e, às vezes, contendo heresias. Aonde esse “modernismo” liberal vai nos levar ainda não sabemos.

Há um cântico que diz que “nós devemos salvar o mundo”. Somos nós ou o Espírito de Deus atuando por meio de nós que pode salvar o mundo? Eis uma deturpação usurpadora de Deus sendo apresentada em forma de louvor. Em outros, o “EU” predomina, uma visão antropocêntrica, equivocada, porque, motivada por uma cosmovisão pós-moderna, onde o homem é deificado pode estimular o surgimento de uma geração sincrética que condescende com a antropolatria. Deus não escolhe o homem em função de suas qualidades. Ele age em nós, apesar de nossas fragilidades. Deus é o centro, não nós. Deus está no controle; não o homem.

O antropocentrismo descarta o teocentrismo. Abandonando a fé teocêntrica deixa Deus fora da vida. O espaço vazio é ocupado pela ciência (fé no homem que passa a ser o centro). A apologia a ele é um desvio perigoso, porque influencia o comportamento, contagia o louvor e macula o testemunho.

Clovis Rosa Nery é psicólogo, pesquisador e escritor.

Mais Artigos

- Publicidade -

Comunhão Digital

Continua após a publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

Entrevistas