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O sentimento de confiança no poder, no amor, na justiça e, sobretudo, na providência divina forma a base de uma vida cristã saudável e bem orientada em direção ao progresso espiritual. No entanto, quem é que alguma vez não vacilou em confiar?
Muitas passagens bíblicas falam de como é importante o cristão cultivar a confiança em Deus, mas talvez em nenhuma delas a Palavra do Senhor tenha sido tão dura e direta como em Jeremias 17.5: “…Maldito o homem, que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”
Uma das principais razões por que Deus atribui tamanha importância à confiança é que sua falta leva à desobediência, como explica o pastor Aroldo dos Santos, da Igreja do Evangelho Quadrangular. “Quando o homem começa a achar que é ele sozinho, com sua própria capacidade, quem consegue suas realizações, começa também a se afastar de Deus, pois coloca o ego em primeiro lugar. Isso abre caminho para que ele siga suas próprias decisões, em lugar de se submeter aos ensinamentos e caminhos indicados na Palavra. E a desobediência é um pecado que Deus abomina”, diz.
O crente manifesta sua plena confiança em Deus quando se torna verdadeiramente dependente do Senhor, em todas as áreas e atividades da sua vida. Isso significa buscar em Deus a direção correta antes de cada passo, de cada decisão, mesmo aquelas que não parecem importantes. Cultivar esse hábito, além de espiritualizar o homem, é um treinamento eficaz para a obediência aos propósitos divinos.
“Quando o homem fica voltado a buscar apenas as coisas materiais, ele fracassa. E aí, quando cai no fracasso é que vai buscar Deus. A Palavra diz: buscai primeiro o reino dos céus e tudo o mais lhes será acrescentado. O que é buscar o reino dos céus? Jesus nos ensinou no Pai Nosso: venha a nós o vosso reino. É falar para Deus: venha ser meu rei e eu serei seu súdito, ou seja, vou me submeter integral e humildemente à Sua vontade”, ensina o Pastor Aroldo.
Confiar mesmo nos momentos difíceis
Quando tudo vai bem, é fácil confiar que Deus está no comando. Porém, quando surgem as dificuldades e imprevistos, quando a tempestade turva o horizonte, muitos vacilam na confiança depositada em Deus, o que se revela em sentimentos de medo, angústia ou aflição, numa mente preocupada e em pensamentos pessimistas.
O pastor Derval Dasílio, da Igreja Presbiteriana Unida em Maruípe, alerta que as tentações que afastam da comunhão com o Pai são muito mais comuns do que se imagina e que o fundamental é não perder de vista que Deus não aceita barganhas: boas obras não garantem bênçãos. “A gratuidade de Deus é inexplicável, sem exigência de retribuição. É isso que aprendemos, em espiritualidade pura, quanto à gratuidade de Deus: ‘O justo viverá pela fé’! Tão somente pela fé. Mas que fé? Certamente a fé de que seremos salvos. E salvos de quê? Por quê? Para quê? Em primeiro lugar: salvos de nós mesmos, da ganância, do egoísmo e de todas as interferências e esforços para subjugar Deus às nossas necessidades pessoais, oportunistas que somos, prontos a pagar pela Graça, e sempre dispostos a recorrer a um deus-quebra-galho, enquanto nos esquivamos das responsabilidades e do testemunho que devemos dar na vida de fé”.
Oração, antídoto para a falta de confiança
Para o pastor Aroldo, quando vacila na fé o cristão deve orar. “Nesse contexto, mais importante do que tudo é a oração, porque a todo momento em nossa vida nós estamos caindo na morte. A morte ronda ao nosso redor buscando quem possa tragar. A pessoa, quando se afasta de Jesus, a primeira coisa que faz é deixar de orar. E orar é justamente o que ela mais precisa fazer. Se o homem agradecer a Deus por todas as coisas, desde as mais simples, a tendência é ele se levantar, adquirir confiança”.
Adquirir confiança é decorrência natural da busca contínua por comunhão com Deus. Assim como um atleta adquire condicionamento físico mediante exercícios e alimentação adequada, o crente deve diariamente exercitar a sua fé mediante a oração e a submissão à vontade divina, bem como alimentar-se da Palavra. O prêmio é a paz indescritível prometida por Jesus.
“Na comunhão com Deus, o crente sente-se envolto pela misericórdia, pela bondade infinita, pelo amor incompreensível (porque não merecemos) de Deus. Homens e mulheres se reconhecem objeto da graça: apesar de indignos, somos tratados como filho e filha pródigos na casa de seu pai que, conquanto conheça muito bem a miséria de seus filhos, não os rejeita, antes os recebe e cuida de sua recuperação (Lc 15,11-32). O crente, portanto, vê-se não só aquinhoado de dádivas, mas também inteiramente nas mãos de Deus, apesar de Ele ser o que é, totalmente Outro, sem quaisquer semelhanças conosco. Dessa certeza e confiança nasce a grande esperança de que Deus, sem bajulação de nossa parte, completará, em sua onipotência, a obra que ele mesmo iniciou: todos os dias, precisamos ser salvos de nós mesmos”, finaliza o pastor Derval.